quarta-feira, 20 de maio de 2020

Trecho da "Suma Teológica" de Tomás de Aquino.

Questão 14: Da Ciência de Deus (p. 217 e 218)

Art. 1 — Se em Deus há ciência.
(I Sent., dist. XXXV, a. 1; I Cont. Gent., cap. XLIV; De Verit., q. 2, a. 1; Compend. Theol., cap. XXVIII; XII Metaph., lect. VIII).

O primeiro discute-se assim. — Parece que em Deus não há ciência.

1. — Pois, a ciência é um hábito que, sendo meio termo entre a potência e o ato, não podemos atribuir a Deus. Logo, em Deus não há ciência.

2. Demais. — A ciência, respeitante às conclusões, é um certo conhecimento causado por outro, a saber, pelo conhecimento dos princípios. Ora, em Deus, não há nada de causado. Logo, não há ciência.

3. Demais. — Toda ciência é universal ou particular. Ora, em Deus não há nem universal nem particular, como já se viu. Logo, nele não há ciência. Mas, em contrário, diz o Apóstolo (Rm 11, 33): Ó profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus!

SOLUÇÃO. — Em Deus há ciência perfeitíssima. Para evidenciá-lo, devemos considerar que os seres dotados de conhecimento distinguem-se dos que não o são, neste sentido que estes têm apenas a sua forma própria, ao passo que àqueles é natural poderem conter em si também a forma de outro ser, pois, a espécie do objeto conhecido está no conhecente. Por onde, é manifesto que a natureza do ser que não conhece é mais restrita e limitada; ao passo que a dos que são dotados de conhecimento tem maior amplitude e extensão; e por isso, diz o Filósofo que a alma é de certo modo tudo. Ora, a limitação da forma se dá pela matéria. Por isso, dissemos antes que, quanto mais imateriais são as formas, mais se aproximam de uma certa infinidade. Ora, é claro que a imaterialidade de um ser é a razão que o torna capaz de conhecimento; e conforme o modo da imaterialidade, assim o do conhecimento. Por isso, diz Aristóteles, que as plantas, por causa da sua materialidade, não conhecem; ao passo que o sentido é susceptível de conhecimento porque é capaz de receber as espécies sem matéria. E ainda mais capaz de conhecimento é o intelecto, porque é ainda mais separado e emerge da matéria, como diz Aristóteles. Por onde, sendo Deus o ser sumamente imaterial, como do sobredito resulta conclui-se que é, por excelência, dotado de conhecimento.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA QUESTÃO. — Como as perfeições procedentes de Deus para as criaturas estão em Deus de modo eminente, como já dissemos, sempre que um nome, derivado de qualquer perfeição da criatura, é atribuído a Deus, é necessário que seja eliminado da sua significação tudo o que pertence ao modo imperfeito próprio à criatura. Por onde, a ciência não é, em Deus, qualidade nem hábito, mas, substância e ato puro.

RESPOSTA À SEGUNDA. — O que nas criaturas existe dividida e multiplicadamente existe em Deus reduzido à simplicidade e à unidade, como dissemos. Ora, no homem, à diversidade de objetos conhecidos corresponde a diversidade de conhecimentos. Assim, quando conhece os princípios, dizêmo-lo dotado de inteligência; de ciência, porém, quando conhece as conclusões; quando conhece a causa altíssima, dizêmo-lo dotado de sabedoria; e, por fim, de conselho ou prudência, quando conhece o que deve fazer. Deus, porém, conhece tudo o que acabamos de enumerar, por um conhecimento uno e simples, como a seguir se dirá. Por onde o conhecimento simples de Deus pode receber, todas essas denominações supra referidas, mas, de modo que de cada uma delas, quando usada para a predicação divina, seja eliminado tudo o que há de imperfeição e seja conservado o que há de perfeito. E, neste sentido, diz a Escritura (Jó, 12, 13): A sabedoria e a fortaleza está em Deus; ele possui o conselho e a inteligência.

RESPOSTA À TERCEIRA. — A ciência depende do modo de ser do sujeito que conhece; pois, o objeto conhecido está no sujeito conhecente ao modo deste. Por onde, sendo o modo de ser da divina essência mais elevado que o da criatura, a ciência divina não será como a da criatura, universal ou particular, habitual ou potencial, ou com qualquer disposição semelhante.

Enviado por Sandro Nascimento.

DÍZIMOS E OFERTAS, UMA PRÁTICA A SER OBSERVADA MESMO EM TEMPOS DE CRISE

TEXTO BÍBLICO: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança”. (Ml 3.10) “E digo isto: Que o que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia em abundância em abundância também ceifará.  Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.  E Deus é poderoso para tornar abundante em vós toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda suficiência, superabundeis em toda boa obra”.  (2 Co 9.6-8)

INTRODUÇÃO

O dízimo é a “décima parte” de alguma coisa.  Por exemplo, se falamos no dízimo do tempo, estamos nos referindo à décima parte do tempo disponível.  Logo, se dividirmos o dia (24 horas) por dez acharemos a décima parte, isto é, o dízimo do nosso tempo, que são 2 (duas) horas e 24 minutos.  Será que dedicamos este tempo para Deus todos os dias? [1]  Aproveitando o ensejo, definiremos os termos “dízimo” e “oferta”, realçaremos sobre a prática do dízimo na Bíblia Sagrada, expandiremos o assunto sobre a importância da prática do dízimo e das ofertas no AT e NT, como também a observância desses termos nos dias atuais.

I – DEFINIÇÃO

1.1 Dízimo. A palavra “dízimo” vem do termo hebraico “ma`asser” (Gn 14.20; Lv 27.30-32; Dt 12.6,11,17; Ml 3.8,10), segundo o dicionário bíblico [2] a melhor tradução seria: “um décimo” ou a “decima parte”.  Em sua raiz temos o termo “issaron” que significa “décima parte”; também o termo “´eser” que significa “dez” e o termo “´asar” que significa “dar o dízimo”, “dar a décima parte” (Gn 28.22; Dt 14.22; 26.12; 1Sm 8.15,17; Ne 10.37,38). Em suma, “dízimo” é a décima (10%) parte da nossa renda.  Em (Hb 7.6,9) a palavra dízimo vem do original grego “dekatóo”, que é traduzido como “dar a décima parte de toda a renda”.  O verbo “dar” ou “doar” aparece cerca de 1.600 vezes na Bíblia.  A palavra “oferta” ou “ofertar” aparece cerca de 600 vezes.  Já a palavra “dízimo” ou a expressão “dar o dízimo” aparece cerca de 108 vezes na Bíblia.  Esses termos ou variações aparecem cerca de 2.308 vezes na Bíblia Sagrada.  Como já mostrado acima, embora a expressão “dar o dízimo” apareça diversas vezes nas sagradas escrituras, muitos escritores e teólogos defendem a expressão “entregar o dízimo” ou “devolver o dízimo” como sendo mais apropriada, uma vez que o dízimo é propriedade do Senhor, temos a obrigação de devolvê-lo.  “Mas quem sou eu, e quem é meu povo, que pudéssemos dar voluntariamente estas coisas? Tudo vem de ti e somente te devolvemos o que veio de tuas mãos” (1 Cr 29.14).

1.2 Oferta.  Dentre tantos termos que definem a palavra “oferta” no AT, um dos mais citados é “minha”, que aparece mais de 200 vezes no AT e tem o significado de “oferta”, “dom”, “presente” ou “sacrifício” (Gn 4.3; 32.13-15; 1Rs 10.25; 2Sm  8.2).  Outro termo que aparece com frequência é “terûmâ”, e significa: “oferta alçada”, “oferta” ou “oblação” (Ex 25.2; 35.29; 36.3; Lv 7.16; 22.18).

II – A PRÁTICA DO DÍZIMO NA BÍBLIA

O dízimo é santo, isto é, separado para obra do Senhor (Lv 17.32).  Os que se opõe ao dízimo, dizem que o dízimo existia na Lei de Moisés, mas com o advento da graça, ele foi abolido no Novo Testamento.  Não é bem assim o que nos mostra os ensinos do Senhor Jesus Cristo, pelo contrário, referindo-se ao dízimo, Ele disse: “...deveis, porém, fazer estas coisas...”, ou seja, “deveis dar o dízimo” (Mt 23.23). Quem se opõe ao dízimo ignora que ele veio cerca de mais de 400 anos antes da promulgação Lei de Moisés.  A lei apenas incorporou a ela o dízimo por ordenança divina (Ml 3.10). O dízimo começou com Abraão, muito antes de Moisés.  Destacaremos a seguir alguns pontos importantes sobre a prática do dízimo:

2.1 A prática do dízimo antecede à lei.  Aqueles que se recusam ser dizimistas pelo fato de o dízimo ser apenas da lei estão rotundamente equivocados.  O dízimo é um princípio espiritual presente entre o povo de Deus desde os tempos mais remotos. Abraão pagou o dízimo a Malquizedeque (Gn 14.20) e Jacó prometeu pagar o dízimo ao Senhor (Gn 28.22), muito antes da lei ser instituída.

2.2 A prática do dízimo foi legitimada na lei.  O princípio que governava o povo de Deus antes da lei, foi ratificado na lei. Agora, há um preceito claro e uma ordem específica para se trazer todos os dízimos ao Senhor (Lv 27.32). Não entregar o dízimo é transgredir a lei, e a transgressão da lei constitui-se em pecado (1Jo 3.4)

2.3 A prática do dízimo está presente em toda Bíblia.  A fidelidade na mordomia dos bens, a entrega fiel dos dízimos e das ofertas, é um ensino claro em toda a Bíblia.  Está presente no Pentateuco, os livros da lei; está presente nos livros históricos (Ne 13.11,12), poéticos (Pv 3.9,10) e proféticos (Ml 3.8-10). Também está explicitamente ratificado nos evangelhos (Mt 23.23) e nas epístolas (Hb 7.8). Quanto ao dízimo não podemos subestimá-lo, sua inobservância é um roubo a Deus. Não podemos subtraí-lo, pois a Escritura é clara em dizer que devemos trazer “todos os dízimos”. Não podemos administrá-lo, pois a ordem é: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro”.

2.4 A prática do dízimo é validada por Jesus no Novo Testamento. Os fariseus superestimavam o dízimo, fazendo de sua prática, uma espécie de amuleto. Eram rigorosos em sua observância, mas negligenciam os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé. Jesus, deixa claro que devemos observar atentamente a prática dessas virtudes cardeais da fé cristã, sem omitir a entrega dos dízimos (Mt 23.23). Ora, aqueles que usam o argumento de que o dízimo é da lei, e por estarmos debaixo da graça, estamos isentos de observá-lo; da mesma forma, estariam também isentos da justiça, da misericórdia e da fé, porque essas virtudes cardeais, também, são da lei. Só o pensar assim, já seria uma tragédia!

III – DÍZIMO – POR QUE OBSERVAR ESSA PRÁTICA?

a) Em primeiro lugar, porque o dízimo é um princípio estabelecido pelo próprio Deus (Ml 3.10);
b) Em segundo lugar, porque o dízimo é santo ao Senhor (Lv 27.32);
c) Em terceiro lugar, porque o dízimo faz parte do culto (Dt 12.6);
d) Em quarto lugar, porque o dízimo é para o sustento da Casa de Deus (Nm 18.21).

IV – QUANDO ENTREGAMOS OS DÍZIMOS E AS OFERTAS NA CASA DA DO SENHOR

Vale salientar que por meio dos dízimos e ofertas, demonstramos para com Deus a nossa alegria (2 Co 9.7).  Ao doarmos expomos para Deus um coração voluntário (Ex 25.1,2), e através do ofertar, revelamos o nosso desprendimento (2 Sm 24.24).  Na verdade, quando entregamos os dízimos e as ofertas na casa da do senhor estamos demonstrando:

4.1 Gratidão a Deus.  Como tudo o que recebemos vem de Deus, nada mais justo que sejamos gratos por tal provisão entregando-lhe os dízimos e as ofertas: “Entrai pelas portas dele com gratidão” (Sl 100.2-a). Através das contribuições financeiras, honramos a Deus (Pv 3.9,10).

4.2 Obediência à Sua Palavra.  Como as contribuições são uma doutrina bíblica, entregá-los ao Senhor, é ser obediente a Sua Palavra (Dt 6.5).

4.3 Amor pela Sua obra.  Um dos motivos pelos quais devemos entregar os dízimos e as ofertas são também para a manutenção da Casa do Senhor: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha” (Ml 3.10).  Aquele que ama a obra de Deus contribui para que a evangelização, a obra social, o sustento dos obreiros que vivem de forma integral e a ampliação da obra de Deus continue.

V – PROMESSAS AOS DIZIMISTAS E OFERTANTES FIEIS 

No livro do profeta Malaquias, encontramos pelos menos três promessas feitas aos que procedem fielmente com as contribuições. São elas:

5.1 Provisão. Deus prometeu ao Seu povo que se não fossem negligentes com os dízimos e as ofertas, Ele enviaria sempre a sua provisão: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu” (Ml 3.10-a). A expressão “abrir as janelas do céu” podem estar fazendo alusão a provisão da chuva e do sol a seu tempo para que o povo tenha uma excelente colheita (Lv 26.4; Dt 11.14; 28.12).

5.2 Multiplicação. A Bíblia diz que o que plantamos, isso também colhemos. Mas colhemos sempre mais do que plantamos: “Quem semeia com fartura, com abundância ceifará” (2Co 9.6). Deus promete literalmente fazer prosperar a quem dá com liberalidade (2Co 9.6-11).

5.3 Proteção. Como o povo de Israel em sua maioria vivia da agricultura, era comum que os agricultores sofressem em suas lavouras com as pragas que poderiam sobrevir, causando destruição. No entanto, Deus prometeu que se o Seu povo agisse com fidelidade na entrega dos dízimos e das ofertas, Deus protegeria a lavoura deles e lhes daria grandes colheitas: “E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos (Ml 3.11,12).

CONCLUSÃO

Concluo este estudo com o que disse Lutero, expoente da Reforma Protestante sobre o tema “dízimos e ofertas”: “Tudo aquilo que retive em minhas mãos perdi, mas o que coloquei nas mãos de Deus tenho até o dia de hoje”.

[1] - LIMA, 1995, p. 14.
[2] - The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon.

REFERÊNCIAS: 

BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, Versão (ARC).  São Paulo: SBB, 1995.
BÍBLIA DE ESTUDO PALAVRA CHAVE (Hebraico e Grego), Versão (ARC). Rio de Janeiro: Editora CPAD, 2011.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, Versão (ARC). CPAD, 1995.
BÍBLIA DO PREGADOR PENTECOSTAL, Versão (ARC). São Paulo: SBB, 2016.
BOYER, Orlando.  Pequena Enciclopédia Bíblica.  Rio de Janeiro: Editora CPAD, 2009.
CHAMPLIN, Russell Norman. Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Vol 5. Editora Hagnos, 2002.
HENRY, Matthew.  Comentário Bíblico Novo Testamento.  Rio de Janeiro: Editora CPAD, 2008.
LIMA, Paulo Cesar.  Dizimista, Eu? Rio de Janeiro: Editora CPAD, 1995.
PAUDA, Osmir Moreira. Prosperidade, Dízimos e Ofertas.  São Paulo: Editora Tisseleah, 1996
RAMOS, Oswaldo.  Dízimos & Bençãos.  São Paulo: Editora Vida, 1994.

Por Nivaldo Gomes.

terça-feira, 19 de maio de 2020

POR QUE O LIVRE-ARBÍTRIO É UMA DOUTRINA BÍBLICA CRISTALINA?

Por Ciro Sanches Zibordi

Em Mateus 23.37, o Senhor Jesus afirmou, diante da dureza do coração dos judeus: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!” Observe que Jesus “quis” ajuntar os filhos de Jerusalém, porém eles “não quiseram” que Ele assim o fizesse. Isso não deveria nos levar a refletir profundamente sobre a doutrina bíblica do livre-arbítrio? Afinal, nesse caso, o Senhor Jesus, que é Deus e estava em perfeita sintonia com o Deus Pai, queria que os judeus quisessem. E, mesmo assim, eles não quiseram!

Paulo alertou os crentes de Corinto a respeito da manutenção da salvação em Cristo com as seguintes palavras: “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis; pelo qual também sois salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se é que não crestes em vão” (1 Co 15.1-2). Note: a manutenção da salvação está condicionada à obediência ao evangelho verdadeiro (2 Co 11.3,4; Gl 1.8; 1 Tm 4.16). E a obediência deve ser voluntária, visto que não somos seres autômatos.

Em 2 Pedro 2, esse apóstolo mencionou falsos doutores que negariam o Senhor que os “resgatou” (v. 1). E, ao final desse capítulo, disse: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se lhes o último estado pior do que o primeiro” (v. 20). Isso significa que as pessoas resgatadas, compradas, purificadas pelo sangue de Jesus, justificadas, regeneradas, santificadas e libertas, “se não guardarem o que têm recebido do Senhor”, perderão a salvação! Pedro ainda afirmou: “melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado” (v. 21). Se a vontade do salvo é inteiramente controlada por Deus, por que o próprio Deus, em sua Palavra, avisa que pessoas verdadeiramente resgatadas podem se desviar do Caminho?

Não é por acaso que Jesus Cristo alerta: “guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11). Segundo a Palavra do Senhor, aos que se desviam da verdade o Senhor dá tempo para que se arrependam (Ap 2.20,21). Alguns salvos em Cristo, “resgatados”, infelizmente têm apostatado da fé, “dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1). E não pense que esse texto se refere aos ímpios. Não! Pois eles não têm de que apostatar! Sim, os eleitos podem perder a salvação se não permanecerem em Cristo! Não é isso que vemos, ao estudar sobre as igrejas da província da Ásia? Os conselhos para aquelas sete igrejas abrangeram dois aspectos: arrependimento e manutenção da posição em Cristo. A ordem “Arrepende-te” foi transmitida à maioria delas (Ap 2.5,16; 3.3,19). Para as outras, o Senhor disse que deveriam guardar, reter, conservar o que tinham, até à morte, para que não perdessem a coroa (Ap 2.10,25; 3.11).

O crente que se acomoda, pensando estar salvo para sempre, está iludido e dormindo espiritualmente. Paulo disse aos seus irmãos em Cristo, em Éfeso: “Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá” (Ef 5.14). O pastor da igreja em Sardes estava morto — e não sabia! — e precisava tomar uma posição diante do Senhor (Ap 3.1). Ou seja, Deus não somente respeitava seu livre-arbítrio, como também estava lhe dando um tempo para que tomasse uma posição e que se despertasse do sono.

Conquanto o Senhor Jesus tenha feito a sua parte, ao nos resgatar, temos de operar ou desenvolver, por assim dizer, a nossa salvação (Fp 2.12; Ef 2.10; Hb 6.9). Em 2 Timóteo 2.10, está escrito: “tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna”. Fomos transportados das trevas para a luz; e da morte para a vida (1 Pe 2.9; Jo 5.24). Contudo, se negarmos o Senhor, Ele também nos negará (2 Tm 2.12; Mt 10.32,33). Sabemos que os nossos nomes estão registrados no livro da vida, mas isso não autentica a máxima “Uma vez salvo, salvo para sempre”. A Palavra de Deus afirma: “O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida” (Ap 3.5). Ou seja, Jesus não riscará o nome de quem vencer!

Finalmente, consideremos uma importante afirmação do autor da Epístola aos Hebreus: “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado; porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim” (Hb 3.12-14). Para quem foram dirigidas essas palavras? Aos “irmãos”! Pense nisso.

Fonte: http://www.cpadnews.com.br/blog/cirozibordi/apolog%C3%83%C2%A9tica-crist%C3%83%C2%A3/159/por-que-o-livre-arbitrio-e-uma-doutrina-biblica-cristalina-.html

Via Nivaldo Gomes.