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sábado, 14 de junho de 2025

O Dilúvio na Tradição Suméria: Análise e Comparação com o Relato Bíblico

Parte 2 da Série sobre o Épico de Gilgamesh

Por Walson Sales

O relato do dilúvio é uma das narrativas mais antigas da humanidade e aparece em diversas culturas ao redor do mundo. Dentre essas tradições, a versão suméria é considerada a mais antiga encontrada em registros escritos, precedendo os relatos babilônicos e o próprio texto bíblico. Críticos da Bíblia frequentemente argumentam que a semelhança entre a narrativa suméria e o relato bíblico do dilúvio sugere que o livro de Gênesis teria tomado emprestado ou plagiado essa tradição.

Neste artigo, analisaremos a narrativa suméria do dilúvio, explorando seu conteúdo, as semelhanças e diferenças com o relato bíblico e as respostas apologéticas a essa crítica.

1. A Narrativa Suméria do Dilúvio

A mais antiga versão do Dilúvio conhecida foi encontrada em fragmentos de uma placa na antiga cidade de Nipur, localizada na Babilônia norte-central. Essa placa, escrita em sumério, remonta a *cerca de 2000 a.C. ou antes*, sendo uma das mais antigas evidências escritas da história do dilúvio (Kramer, 1981, p. 148).

Principais Elementos da Narrativa Suméria

I. Destruição e Criação

A placa começa relatando uma destruição anterior da humanidade e a subsequente criação dos seres humanos e animais.   

II. Fundação das Cidades pela Divindade  

Um dos deuses principais estabelece cinco cidades, como Eridu, Sipar e Churupaque, designando deuses tutelares para cada uma.

III. A Deusa Istar (Ninhursague) e o Rei Ziusudra

A deusa Istar lamenta a destruição iminente da humanidade.

Ziusudra, um rei-sacerdote, recebe uma revelação sobre o desastre iminente (Tigay, Jeffrey H. - The Evolution of the Gilgamesh Epic, 2002, p. 75).

Ele constrói um ídolo de madeira e o adora diariamente. 

IV. A Comunicação Divina e a Chegada do Dilúvio 

Ziusudra recebe uma ordem divina para se posicionar perto de uma parede e escutar a revelação do propósito dos deuses de destruir a humanidade.  

O dilúvio começa, trazendo chuvas tempestuosas e ventos fortes* que duram sete dias e sete noites (Lambert, W. G. & Millard, A. R. - Atra-Hasis: The Babylonian Story of the Flood, 1969, p. 23).  

A embarcação de Ziusudra é levada pelas águas, e quando o sol reaparece, ele faz um sacrifício aos deuses.

V. O Dom da Imortalidade

Como recompensa, Ziusudra recebe *vida eterna* e é levado à “Montanha de Dilmum”, um local paradisíaco (Heidel, Alexander - The Gilgamesh Epic and Old Testament Parallels, 1946, p. 102).

2. Comparação com o Relato Bíblico

Embora existam semelhanças superficiais entre a narrativa suméria e o relato bíblico do dilúvio em Gênesis 6–9, as diferenças são significativas e sugerem que as duas tradições possuem origens e propósitos distintos.

2.1 Semelhanças

I. Tema do Dilúvio– Ambas as narrativas descrevem um grande dilúvio que destrói a humanidade.

II. Personagem Central – Tanto Noé (Bíblia) quanto Ziusudra (Sumério) são personagens que sobrevivem ao dilúvio.

III. Arca/Navio– Nos dois relatos, o protagonista constrói um grande barco para sobreviver.  

IV. Sacrifício após o Dilúvio – Ambos realizam sacrifícios aos deuses ou a Deus depois da tempestade.  

2.2 Diferenças Fundamentais

No trecho 2.2, intitulado Diferenças Fundamentais, podemos observar um contraste claro entre a narrativa suméria do dilúvio e o relato bíblico. A tabela a seguir resume essas diferenças:

A narrativa suméria do dilúvio não apresenta um motivo moral claro para a destruição. O dilúvio é apresentado como um capricho dos deuses, sem uma explicação ética por trás do evento. Já o relato bíblico de Gênesis destaca que o dilúvio ocorreu como uma resposta ao pecado e à corrupção da humanidade, sendo um ato divino justificado por razões morais, conforme descrito em Gênesis 6:5-7.

Outra diferença relevante é a natureza dos deuses envolvidos. Na narrativa suméria, os deuses são politeístas e frequentemente estão em conflito entre si, o que reflete uma visão de mundo mais fragmentada. Em contraste, o relato bíblico é monoteísta, com Deus descrito como soberano e justo, tendo um controle absoluto sobre os eventos da criação e da destruição.

A maneira como a revelação ocorre também diverge. No épico Sumério, Ziusudra, o sobrevivente do dilúvio, recebe a ordem divina de forma indireta, por meio de um sonho ou mensagem de um deus. No relato bíblico, Noé recebe instruções diretas de Deus, o que estabelece uma relação mais clara e imediata entre o homem e o Criador.

A moralidade também se distingue: na narrativa suméria, não há uma razão ética clara para a destruição ou a salvação. A salvação de Ziusudra parece ser arbitrária, enquanto na Bíblia, Noé é descrito como um homem justo e íntegro, o que justifica sua preservação (Gênesis 6:9).

Por fim, o destino dos sobreviventes também apresenta contrastes significativos. Após o dilúvio, Ziusudra recebe a imortalidade e é levado a um paraíso, um prêmio pela sua sobrevivência. Noé, por outro lado, continua sua vida na Terra, sendo responsável por gerar novas gerações e civilizações, refletindo o plano contínuo de Deus para a humanidade.

Essas diferenças fundamentais entre as duas narrativas ajudam a estabelecer a originalidade e a profundidade teológica do relato bíblico em comparação com a versão suméria do dilúvio.

Essas diferenças demonstram que a cosmovisão teológica e moral do relato bíblico é muito mais elaborada e estruturada do que a tradição suméria, que apresenta um caráter mítico e antropomórfico dos deuses.

3. O Relato Bíblico é um Plágio da Tradição Suméria?

Os críticos alegam que, pelo fato de a narrativa suméria ser mais antiga, o relato bíblico seria um plágio ou adaptação posterior. No entanto, essa tese apresenta sérios problemas:

3.1 Idade do Registro Não Define a Origem da Tradição

Apenas porque a versão escrita suméria é mais antiga, isso não significa que a história do dilúvio tenha se originado com os sumérios. Se o dilúvio foi um evento real, é natural que diferentes povos o registrassem em suas tradições, cada um com sua própria interpretação cultural (Sarfati, Jonathan - The Genesis Account, 2015, p. 211).

3.2 Diferenças Estruturais e Teológicas

Se Moisés tivesse plagiado os sumérios, esperava-se que o relato bíblico contivesse os mesmos elementos míticos e politeístas. Mas o texto de Gênesis apresenta um Deus único, moralmente justo e soberano, algo totalmente distinto da tradição suméria e babilônica (Walton, John H. - Ancient Near Eastern Thought and the Old Testament, 2009, p. 83).

3.3 Origem Oral e a Tradição de Transmissão 

Muitos estudiosos cristãos sugerem que a tradição do dilúvio era preservada oralmente por gerações desde Noé, sendo posteriormente registrada por diferentes culturas com variações. O relato bíblico, portanto, não depende da versão suméria, mas preserva a tradição original de forma mais precisa (Finkel, Irving - The Ark Before Noah: Decoding the Story of the Flood, 2014, p. 67). 

Conclusão

A análise da narrativa suméria do dilúvio mostra que embora existam semelhanças com o relato bíblico, as diferenças são profundas e essenciais. O relato bíblico do dilúvio *não depende* da tradição mesopotâmica, mas se encaixa na cosmovisão judaico-cristã de um Deus justo e soberano.

No próximo artigo (Parte 3), analisaremos a narrativa babilônica do dilúvio, encontrada na Epopeia de Gilgamesh, e veremos como suas diferenças com o relato bíblico reforçam a singularidade e autenticidade da história registrada em Gênesis.

O Épico de Enuma Elish e o Relato Bíblico da Criação: Uma Análise Comparativa – Parte 1

Por Walson Sales

A narrativa da criação no livro de Gênesis tem sido alvo de intensos debates acadêmicos, especialmente no contexto dos estudos sobre o Antigo Oriente Próximo. Alguns críticos argumentam que o relato bíblico teria sido influenciado ou até mesmo derivado do Épico de Enuma Elish, um mito babilônico sobre a origem do mundo e dos deuses. Para esses estudiosos, as semelhanças entre as duas narrativas indicariam que os hebreus simplesmente adaptaram uma tradição mitológica mais antiga.

No entanto, essa alegação precisa ser cuidadosamente analisada à luz da arqueologia, da história e da teologia. A descoberta das tábuas do Enuma Elish, seu contexto histórico e suas características literárias revelam um caráter distinto da narrativa bíblica. Enquanto o relato mesopotâmico está imerso em um politeísmo mitológico e em uma estrutura de propaganda política, o relato bíblico se destaca por sua clareza monoteísta e por sua abordagem teológica única.

Neste primeiro artigo da série, analisaremos a descoberta do Enuma Elish, sua estrutura e seu contexto histórico, preparando o terreno para uma análise mais profunda das semelhanças e diferenças entre essa narrativa e o relato de Gênesis.

1. A Descoberta do Épico de Enuma Elish

A compreensão moderna do Épico de Enuma Elish deve muito às escavações arqueológicas realizadas no século XIX. Antes da decifração da escrita cuneiforme, a Mesopotâmia era um vasto cemitério de civilizações enterradas. No entanto, com a descoberta da Inscrição de Behistun, em 1835, os estudiosos começaram a desvendar os segredos dessa antiga cultura.

1.1 Achados em Nínive

Entre os anos de 1848 e 1876, os arqueólogos Austen H. Layard, Hormuzd Rassam e George Smith realizaram escavações na antiga cidade de Nínive, capital do Império Assírio. Entre os achados mais significativos estava a biblioteca do rei Assurbanípal (668-626 a.C.), onde foram recuperadas diversas tábuas e fragmentos de tábuas que continham o Épico de Enuma Elish.

Essa epopeia, escrita em caracteres cuneiformes, está registrada em sete tábuas de barro e contém aproximadamente mil linhas. Seu título provém das palavras iniciais do texto, Enuma Elish ("Quando nas alturas"), uma prática comum nos textos do Antigo Oriente Próximo.

1.2 Outros Fragmentos e Datação

Desde a descoberta inicial, arqueólogos encontraram fragmentos adicionais do Enuma Elish, permitindo a reconstrução quase completa do texto. A versão mais conhecida foi preservada na biblioteca de Assurbanípal, no século VII a.C., mas os estudiosos acreditam que o poema foi composto muito antes, provavelmente durante o reinado de Hamurabi (1728-1676 a.C.).

No entanto, a origem do Enuma Elish remonta a tradições ainda mais antigas. Muitos estudiosos reconhecem que ele tem raízes nas narrativas dos sumérios, um povo não semita que habitava a Baixa Mesopotâmia desde pelo menos 4000 a.C. A escrita cuneiforme, usada para registrar o Enuma Elish, foi desenvolvida por esses sumérios e posteriormente adotada pelos babilônios.

2. O Contexto Histórico e a Função do Enuma Elish

O Épico de Enuma Elish não é apenas um mito de criação, mas também um documento de propaganda política e religiosa. Ele exalta a supremacia da Babilônia e de seu deus Marduque sobre outras divindades e cidades. Esse aspecto é essencial para entender sua composição e finalidade.

2.1 A Ascensão da Babilônia e a Exaltação de Marduque

O poema foi escrito durante um período de ascensão da Babilônia ao status de potência dominante na Mesopotâmia. Antes disso, diversas cidades-estado disputavam poder na região, cada uma com seus próprios deuses principais. Com a consolidação do império babilônico, tornou-se necessário justificar a supremacia de sua divindade tutelar, Marduque.

Assim, o Enuma Elish descreve Marduque derrotando as forças do caos, representadas pela deusa Tiamat, e organizando o cosmos. Como recompensa, ele é declarado o rei dos deuses, reforçando a ideia de que a Babilônia era a cidade escolhida dos deuses e seu rei governava com legitimidade divina.

2.2 Diferenças Fundamentais com Gênesis

Essa estrutura contrasta fortemente com o relato bíblico da criação. Enquanto o Enuma Elish apresenta uma cosmogonia politeísta, onde deuses travam batalhas pelo poder, Gênesis 1 descreve um Deus único, que cria todas as coisas por meio de sua palavra soberana, sem necessidade de combates ou conquistas.

Além disso, enquanto o Enuma Elish tem uma função clara de legitimar o domínio político e religioso da Babilônia, Gênesis apresenta um relato teológico atemporal, independente de circunstâncias políticas específicas.

Conclusão

A descoberta do Épico de Enuma Elish foi um marco importante na arqueologia do Antigo Oriente Próximo e levantou questões sobre a relação entre a mitologia mesopotâmica e o relato bíblico da criação. No entanto, uma análise cuidadosa revela diferenças fundamentais entre as duas narrativas.

O Enuma Elish reflete um contexto politeísta e político, exaltando Marduque como deus supremo e justificando a primazia da Babilônia. Já Gênesis apresenta uma cosmovisão monoteísta única, onde um Deus transcendente cria o universo de forma ordenada e soberana. 

Nos próximos artigos, exploraremos as semelhanças e diferenças específicas entre o Enuma Elish e o relato de Gênesis, demonstrando que a alegação de que os hebreus copiaram esse mito carece de base sólida. A Bíblia não apenas se distingue das narrativas pagãs, mas também apresenta uma visão muito mais coerente e teologicamente elevada da criação do mundo.  

Grande parte do que discutimos aqui pode ser encontrado em Arqueologia do Antigo Testamento, de Merrill F. Unger, um excelente recurso para quem deseja se aprofundar no tema. Se você deseja compreender melhor o contexto arqueológico e histórico do Antigo Testamento, vale a pena adquirir esse livro e estudar seus argumentos detalhadamente.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Tishá Be-Av e a Expulsão dos Judeus da Espanha: Um Destino Marcado pela Tragédia

Por Walson Sales 

A história do povo judeu é repleta de momentos de grande sofrimento e perseguição, mas poucos eventos ilustram de forma tão contundente essa realidade quanto a expulsão dos judeus da Espanha em 1492. Este acontecimento trágico, determinado pelo Decreto de Alhambra, marcou não apenas o fim de uma era de coexistência judaico-ibérica, mas também coincidiu com uma data profundamente simbólica no calendário judaico: Tishá Be-Av, o nono dia do mês de Av. 

Neste artigo, inspirado na leitura do livro História dos Judeus de Pernambuco, do pesquisador Jacques Ribemboim, exploramos a relação entre essa expulsão e outras tragédias históricas ocorridas no mesmo dia, revelando um padrão de dor e exílio que acompanha o povo judeu há milênios.  

1. O Decreto de Alhambra e a Expulsão de 1492

Em 1492, o rei Fernando e a rainha Isabel consolidaram a unificação da Espanha com a conquista de Granada, o último reduto muçulmano na Península Ibérica. Em nome da uniformidade religiosa, decretaram a expulsão de todos os judeus que se recusassem a converter-se ao catolicismo. O Édito de Expulsão, ou Decreto de Alhambra, concedia um prazo de apenas quatro meses para que cerca de 100 mil judeus deixassem o país.

Aqueles que permaneceram, contrariando a ordem real, enfrentariam a morte ou a conversão forçada. Esse evento desestruturou comunidades judaicas que haviam vivido na Península Ibérica desde o período romano, muito antes do surgimento do cristianismo. Famílias inteiras tiveram que vender suas propriedades a preços insignificantes, trocando casas por burros e terras por pedaços de tecido, conforme relatos históricos.  

A fuga não garantia segurança: muitos buscaram abrigo em Portugal, onde foram inicialmente aceitos mediante pagamento, mas logo enfrentaram novas perseguições. Outros tentaram alcançar o norte da África, correndo o risco de serem capturados por piratas e vendidos como escravizados. Para os que conseguiram chegar a regiões como a Itália e o Império Otomano, o sentimento era de alívio e sobrevivência.

2. Tishá Be-Av: Um Dia de Tragédias na História Judaica

O que torna esse episódio ainda mais marcante é que o prazo final para a saída dos judeus da Espanha se encerrou precisamente no nono dia do mês de Av (Tishá Be-Av). No calendário judaico, essa data é guardada como um dia de luto, jejum e oração, pois nela ocorreram algumas das maiores calamidades da história do povo judeu.

586 a.C.: O Primeiro Templo de Jerusalém, construído por Salomão, foi destruído pelos babilônios liderados por Nabucodonosor.

70 d.C.: O Segundo Templo foi destruído pelo general romano Tito, marcando o início da diáspora judaica pelo mundo.  

1290: Os judeus foram expulsos da Inglaterra pelo rei Eduardo I, obrigados a abandonar seus lares e pertences.  

1492: Os judeus foram expulsos da Espanha, encerrando séculos de presença judaica na Península Ibérica.

Essa sucessão de tragédias ocorrendo no mesmo dia do calendário hebraico levanta questões profundas sobre o sofrimento cíclico do povo judeu. A coincidência histórica impressiona e reforça a relevância de Tishá Be-Av como um marco de destruição e exílio.  

3. As Implicações Históricas e Culturais da Expulsão

A expulsão dos judeus da Espanha teve impactos duradouros, tanto para os judeus quanto para o próprio reino espanhol. Enquanto comunidades judaicas floresceram em outras partes do mundo, a Espanha perdeu uma população altamente qualificada, composta por comerciantes, médicos, cientistas e intelectuais.

Para os judeus sefarditas (nome derivado de "Sefarad", termo hebraico para Espanha), a expulsão significou um novo período de diáspora, que os levou a regiões como o Império Otomano, Marrocos, Holanda e, posteriormente, ao Brasil. Muitos desses refugiados ajudaram a fundar comunidades judaicas em diversos países, incluindo Pernambuco, como menciona Jacques Ribemboim em sua pesquisa sobre os judeus no Brasil.  

Além disso, a perseguição religiosa da Inquisição, que se intensificou após a expulsão, mostrou que a conversão forçada não era garantia de segurança. Cristãos-novos continuaram sendo perseguidos, acusados de praticar o judaísmo em segredo.  

Conclusão: O Destino Marcado de um Povo Resiliente

A história dos judeus da Espanha é um testemunho da resistência e perseverança de um povo que, mesmo diante de perseguições, manteve sua identidade e fé. O fato de a expulsão de 1492 coincidir com outras grandes tragédias do povo judeu em Tishá Be-Av reforça a carga simbólica dessa data e a profundidade das cicatrizes deixadas pelo exílio e pela intolerância.  

A narrativa histórica dos judeus, marcada por perseguições, expulsões e reconstruções, serve como um lembrete da necessidade de respeito à diversidade cultural e religiosa. E, paradoxalmente, mostra que mesmo nos momentos mais sombrios, a identidade e a cultura judaicas conseguiram não apenas sobreviver, mas florescer em novas terras.  

A história da expulsão dos judeus da Espanha, assim como tantas outras tragédias associadas a Tishá Be-Av, nos convida à reflexão sobre o passado e à busca por um futuro em que o respeito e a tolerância possam prevalecer sobre a intolerância e a perseguição.

Diante da tragédia de 7 de outubro e do crescente antissemitismo mundial, que pode culminar em uma coalizão contra Israel (Zacarias 14), devemos intensificar nossas orações por essa nação e nos preparar para os eventos escatológicos finais.