domingo, 24 de maio de 2020

O Infanticídio cometido por Herodes e o final catastrófico de sua vida

Nascido Cristo em Belém de Judá, conforme as profecias no tempo mencionado, Herodes, ante a pergunta dos magos vindos do Oriente que queriam saber onde se achava o nascido rei dos judeus - porque tinham visto sua estrela, e o motivo de sua viagem tão longa era seu empenho em adorar como Deus ao recém-nascido -, bastante perturbado pelo assunto, como se estivesse em perigo sua soberania - ao menos era o que ele realmente pensava -, depois de informar-se com os doutores da lei dentre o povo onde esperavam que haveria de nascer o Cristo, assim que soube que a profecia de Miquéias indicava Belém, ordenou mediante um edito matar os meninos de peito de Belém e redondezas, de dois anos para baixo, segundo o tempo exato indicado pelos magos, pensando que também Jesus, como era natural, teria certamente a mesma sorte que os outros meninos de sua idade. Mas o menino, levado para o Egito, adiantou-se ao plano: um anjo apareceu a seus pais indicando- lhes de antemão o que iria acontecer. Isto é o que nos ensina a Sagrada Escritura do Evangelho. Mas, além disso, é conveniente dar uma olhada na resposta pelo atrevimento de Herodes contra Cristo e os meninos de sua idade. Imediatamente depois, sem a menor demora, a justiça divina o perseguiu quando ainda transbordava de vida e lhe mostrou o prelúdio do que o aguardava para depois de sua saída desta vida. Não é possível resumir agora as sucessivas calamidades domésticas com que se enevoou a suposta prosperidade de seu reino: os assassinatos de sua mulher, de seus filhos e de outras pessoas muito próximas a sua família por parentesco e por amizade. O que se pode supor a respeito disso deixa à sombra qualquer representação trágica. Josefo o explica extensamente em seus relatos históricos. Mas sobre como um flagelo divino o arrebatou e ele começou a morrer já desde o momento em que conspirou contra nosso Salvador e contra os demais meninos, será bom escutar as palavras do próprio escritor, que no livro XVII de suas Antigüidades judaicas descreveu o final catastrófico da vida de Herodes como segue: "A doença de Herodes fazia-se mais e mais virulenta. Deus vingava seus crimes. 

 Com efeito, era um fogo suave que não denunciava ao tato dos que o apalpavam um abrasamento como o que por dentro aumentava sua destruição; e logo uma vontade terrível de comer algo, sem que nada lhe servisse, ulcerações e dores atrozes nos intestinos, e sobretudo no ventre, com inchaço úmido e reluzente nos pés. Em torno do baixo-ventre tinha uma infecção parecida; mais ainda, suas partes pudendas estavam podres e criavam vermes. Sua respiração era de uma rigidez aguda e extremamente desagradável pela carga de supuração e por sua forte asma; em todos os membros sofria espasmos de uma força insuportável. O certo é que os adivinhos e os que têm sabedoria para predizer estas coisas, diziam que Deus estava fazendo-se pagar pelas muitas impiedades do rei. Isto é o que o autor citado anota na mencionada obra.  E no livro segundo de seus relatos históricos nos dá uma tradição parecida acerca do mesmo assunto, escrevendo assim: "Então a enfermidade se apoderou de todo o seu corpo e foi destroçando-o com variados sofrimentos. A febre na verdade era fraca, mas era insuportável a comichão em toda a superfície do corpo, as dores contínuas do ventre, os edemas dos pés, como de um hidrópico, a inflamação do baixo-ventre e a podridão verminosa de suas partes pudendas, ao que se deve acrescentar a asma, a dispnéia e espasmos em todos seus membros, ao ponto de os adivinhos dizerem que estes sofrimentos eram um castigo.

Mas ele, mesmo lutando com tais padecimentos, ainda se aferrava à vida, e esperando salvar-se imaginava curas. Atravessou o Jordão e utilizou as águas termais de Calirroe. Estas vão desaguar no mar do Asfalto, e como são doces são também potáveis.  Ali os médicos decidiram aquecer com azeite quente todo seu purulento corpo em uma banheira cheia de azeite; desmaiou e revirou os olhos, como se estivesse acabado. Armou-se grande alvoroço entre os criados, e com o ruído voltou a si. Renunciando desde então à cura, mandou distribuir à cada soldado 50 drácmas e muito dinheiro aos chefes e a seus amigos. Regressou então e chegou a Jericó, já vítima da melancolia e ameaçado pela morte. Pôs-se a tramar uma ação criminosa. De fato, fez reunir os notáveis de cada aldeia de toda a Judéia e mandou encerrá-los no chamado hipódromo. Chamando depois sua irmã Salomé e seu marido Alexandre, disse: Sei que os judeus festejarão minha morte, mas posso ainda ser pranteado por outros e ter uns funerais esplêndidos se vocês atenderem minhas ordens. “Assim que eu expirar, fazei com que cada um dos homens aqui detidos seja imediatamente cercado por soldados e fazei com que os matem, para que a Judéia inteira e cada casa, ainda que à força, chore por mim." 

 E um pouco mais adiante diz: "Depois, torturado também pela falta de alimento e por uma tosse espasmódica e abatido pelas dores, tramava antecipar a hora fatal. Pegou uma maçã e pediu uma faca, pois tinha o costume de cortá-la para comê-la. Depois, olhando em volta por medo de que houvesse alguém para impedi- lo, levantou sua mão direita com a intenção de ferir-se". Além destes detalhes, o mesmo escritor refere que, antes de morrer de todo, mandou que matasse outro de seus filhos legítimos, terceiro que somou aos outros dois já assassinados anteriormente, e no mesmo momento, de repente e entre enormes dores, expirou. Assim foi o final de Herodes, justo e merecido pelo infanticídio perpetrado em Belém por atentar contra nosso Salvador. Depois disto, um anjo se apresentou em sonhos a José, que vivia no Egito, e ordenou-lhe partir com o menino e sua mãe para a Judéia, explicando-lhe que estavam mortos os que buscavam a morte do menino, ao que acrescenta o evangelista: Porém, ouvindo que Arquelau reinava no lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá, mas avisado em sonhos, retirou- se para a região da Galiléia.

(História Eclesiástica. de Eusébio de Cesaréia)
Compilado por Edson Moraes

Evidências Pentecostais na História ( Parte 3 )

1896 

O leigo Willian Bryant começou reuniões de oração em sua casa em  Cheroke Contry, Carolina do Norte, onde ficou registrado que uma pessoa que orava começou a falar em línguas  movida pelo Espirito Santo. Em Camp Creek, Cherokee Contry, Carolina do Norte, um grupo  de batistas começou a realizar reuniões em casas e as pessoas caminhavam entre 15 e 30 milhas para estarem com o grupo que “ sentia grande exaltação, falavam em línguas e se movia no Espírito”.

 1901 

Charles Fox Parham em sua escola Topeka, Kansas, levou seus alunos à pesquisa sobre o Espirito Santo, época em que Agnes Ozman, pela fé, recebeu oração por imposição de mãos e foi cheia do Espirito Santo, Ocasião em que falou em línguas estranhas. Mary Arthur de Galena, no Missouri, recebeu oração de Parham e foi curada instantaneamente dos olhos. Ela o convidou para uma cruzada evangelística, onde 2,8 pessoas receberam Cristo e mil foram comprovadamente curadas. Ao abrir sua escola bíblica em Houston, W.J Seymour estava entre os alunos.
 
 1905* 

O avivamento no País de Gales foi provavelmente o mais significativo antecessor do movimento Pentecostal. As orações pelo avivamento começaram a ser atendidas no ministério de Evan Roberts que aos 26 anos de idade completava 13 anos de orações ininterruptas por uma visitação do Espirito Santo. Temos muito pouco registro de pregação evangelística. Entretanto, aproximadamente  cem mil pessoas foram a cristo num espaço de seis meses. O que aconteceu? Evan Roberts, que seria grandemente usado por Deus neste avivamento, ouviu Seth Joshua dizer que a igreja  galesa precisava acima de tudo ser “dobrada”( quebrantada, feita como argila mole nas mãos de Deus). Isso gerou o clamar de coração que viria a espalhar-se por todos naquele avivamento: “Senhor, dobra-me”! Dentro de pouco tempo, a igreja galesa estava acertando seus corações com Deus. Os líderes estavam clamando a Deus. E de repente, Deus chegou! No meio daqueles reuniões de adoração e louvor, nos períodos de oração e cânticos, pessoas do mundo entravam naquele ambiente onde Deus estava tão presente, e caíram nos seus rostos, clamando a Deus por misericórdia.

 1905 

De Chicago, Willis Hoover, missionário metodista e superintendente do distrito Chileno, ouviu sobre um avivamento pouco usual na Índia um dos membros da igreja teve um sonho, foi ao pastor e contou-lhe a necessidade de realizar reuniões de oração, o que resultou num avivamento que alcançou todo país. “Encontros espontâneos tiveram inicio nas minas, fábricas, escolas e shoppings. Aqueles que recebiam o batismo com Espirito Santo  se alistavam como evangelizadores. Homens que entravam na taberna para beber saiam dela sem cumprir o objetivo e ainda com uma convicção profunda de temor de Deus sobre eles.

 1906 

Em 9 de abril, encontros de oração na residência de batistas que ficava na Rua Bonnie Brae deu inicio ao movimento que viria popularizar a manifestação dos dons espirituais. Centenas de pessoas foram batizadas no Espirito Santo. A recém-criada Igreja mudou-se para o número 312 da Rua Azusa. O avivamento continuou pujante por três anos e W.J. Seymon foi líder da congregação que enviava cartas e o jornal Apostolic Faith para todas as partes do mundo. Os que tomavam conhecimento do que ocorria na Rua Azusa fluíam para Los Angeles a fim de testemunhar as maravilhas do      Espirito Santo.

 1910 
                                                                                                                                                                    O movimento pentecostal chegou ao Brasil com missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren, que vieram de South Bend, Indiana (EUA). Eles participavam de encontros de oração, quando uma profecia lhe motivou a ir para o Pará como missionários. Na Biblioteca de Chicago, eles descobriram a exata localização do Pará, no Brasil. Obedientes à mensagem, juntaram recursos e viajaram para o Brasil, onde ficaram participando da Igreja Batista em Belém do Pará. Rapidamente, o Espirito Santo concedeu os dons de cura e línguas e o santuário ficou lotado. Excluídos daquela congregação, iniciaram as atividades que deram origem à Assembleia de Deus.
                                                                                                                                                                                                     Via Ruanna Pereira

Deus Escolheu a Quem? A Eleição e o Indivíduo

[Para compreendermos o que o Apóstolo Paulo quis dizer com eleitos é necessário antes sabermos o que o Apóstolo queria dizer, ou no mínimo o que os cristãos da época entendiam como eleição, por isso A. Chadwick Thornhill escreveu um livro chamado “O Povo Escolhido: Eleição, Paulo e o Judaísmo do Segundo Templo” traduzido pelo professor, escritor e filósofo Walson Sales. Livro que recomendo todo cristão que queira entender sobre esse assunto que é tão atual e debatido sem um entendimento do que realmente o Apóstolo Paulo e os primeiros cristãos entendiam como Eleição e Predestinação]

Ao começarmos a examinar o pensamento de Paulo à luz do Judaísmo, meu objetivo e apresentar a estrutura Judaica para pensar sobre “eleição” e explorar suas implicações para nossa compreensão de Paulo. Desde o início admito que são, em certo sentido, artificiais, uma vez que os próprios textos não falam nesses termos. No entanto, há temas que surgem quando os indivíduos estão em foco, mas variam quando o coletivo está em foco e, portanto, mantenho a importância, se não a necessidade, da distinção. Esses temas às vezes, é claro, se sobrepõe, mas as singularidades são suficientes para merecer seu exame separado.

O Caráter do Eleito

Uma das características que a literatura do Segundo Templo às vezes enfatiza é o caráter do eleito. A piedade geral, ou a fidelidade específica à aliança de certos indivíduos, ou às vezes até mesmo dos eleitos em geral, é frequentemente exposta. Ser eleito, como será discutido abaixo, é mais comumente associado a um status “soteriológico” (os judeus não necessariamente pensam nessas categorias), mas sim com a qualidade do indivíduo (ou às vezes do grupo) em vista.

Sabedoria de Ben Sira

O livro de Ben Sira (também conhecido como Sirach ou Ecclesiasticus) é talvez o mais conhecido dos textos de sabedoria Judaica extrabíblica. A maior parte do conteúdo do livro apresenta a aplicação da sabedoria em cenários sociais, principalmente na família, comunidade e mercado. O livro contribuiu para o gênero da sabedoria com sua personificação da Sabedoria, que se conecta profundamente à Torá, e seu “hino” dirigido aos antepassados de Israel. Como outros textos da tradição da sabedoria, o foco de Ben Sira não é “sobrenatural”, e há escassa evidência de que ele imagina qualquer tipo de vida após morte. Assim, seu tratamento da eleição deve ser definido em tal contexto. A questão de Ben Sira é ainda mais complicada por sua oscilação frequente entre o geral e o particular, às vezes falando diretamente de Israel e às vezes da humanidade em geral.

Encontramos a discussão mais completa sobre a eleição em Ben Sira (talvez fora do capítulo 24) no hino de Sirach 44:1-50:29. Os estudiosos debateram o “gênero” desse hino. O hino abre com um resumo do legado deixado por esses “homens famosos” (Sira 44:1-15) e traça a história de Israel através de ancestrais selecionados desde Adão até o contemporâneo Simão, filho de Onias. Segundo Burton Mack, o hino segue certo padrão de descrição. Mack reconhece o ofício do indivíduo, a eleição, o relacionamento com o pacto, o caráter, o trabalho, a situação histórica e as recompensas como temas recorrentes no hino. Para Marck, o ofício desses homens determina o padrão na medida em que a “grandeza desses heróis está diretamente relacionada ao grande significado desses ofícios”. Embora possa ser verdade até certo ponto, o que é mencionado de quase todos os indivíduos, mesmo daqueles que não tiveram nenhum ofício normal, é sua obra ou caráter. A medida que ele relata os homens famosos de Israel, Ben Sira apresenta seus comportamentos corretos antes de reconhecer a resposta graciosa de Deus ou as bençãos. A escolha de Deus é mencionada explicitamente apenas nos casos de Moisés (Sira 45:4), Aarão (Sira 45:16) e Davi (Sira 47:2). A eleição de Moisés é descrita em conexão com sua fidelidade e mansidão, enquanto a escolha de Deus é simplesmente afirmada por Aarão e Davi, sem ênfase na sequencia ou causação. A ênfase neste capítulo sobre os feitos e a piedade desses personagens torna plausível entender, como sugeriu Sigurd Grindheim, “a eleição divina como baseada na qualidade ética e religiosa dos eleitos”.

O clímax do hino está no elogio de Bem Sira a Simão, filho de Onias, o sumo sacerdote (Sira 50:1-29). Embora o autor elogie os descendentes de Davi em vários lugares do hino, parece que Bem Sira, como afirma Greg Goering, “indica que o sumo sacerdote havia assumido algumas funções anteriormente desempenhadas pelo rei”. Don Garlingto afirma essa interpretação ao sugerir que “para Bem Sira, Simão é o Messias... O sacerdote é descrito como possuidor dos traços messiânicos; seu sacerdócio é a garantia da continuidade da experiência e paz de Israel... Ele está na linhagem de Davi e Ezequias... [e] a salvação está presente” nele, embora de um modo “terreno”. A sabedoria e a eleição culminaram na história de Israel, para Ben Sira, a atual paz desfrutada sob Simão, que ora, é sustentada no futuro de Israel (Sira 50:23). A escolha de Deus, nestes exemplos, está fundamentalmente ligada ao caráter, papel e ações piedosas de Israel.

Continua...

(O Povo Escolhido: Eleição, Paulo e o Judaísmo do Segundo Templo. A. Chadwick Thornhill)

Compilado por Rafael Félix.