Série Os mártires do Cristianismo
Parte IV
O impiedoso Galério com o seu grande prefeito Asclepíades invadiu a cidade
de Antioquia no intuito de, pela força das armas, fazer todos os cristãos
renunciar radicalmente à sua pura religião. Naquele dia os cristãos
encontravam-se reunidos, e um certo Romano foi correndo anunciar-lhes que os
lobos estavam por perto querendo devorar o rebanho cristão. — Mas não
tenham medo — disse ele — nem deixem que esse iminente perigo os perturbe,
meus irmãos. — Aconteceu então que, pela grande graça de Deus atuando em
Romano, velhos e matronas, pais e mães, mancebos e donzelas, mostraram
todos a mesma vontade e decisão, estando mais do que dispostos a derramar o
próprio sangue em defesa da fé que professavam.
Chegou ao prefeito a notícia de que um pelotão de soldados armados não
conseguiu arrancar o báculo da fé das mãos da congregação de cristãos, e tudo
porque Romano os instigou com tal veemência que eles não hesitaram em
oferecer a própria garganta, desejando morrer gloriosamente pelo nome de
Cristo. — Encontrem o rebelde — disse o prefeito — tragam-no à minha
presença para que ele responda por toda a seita. — Ele foi apreendido e,
amarrado como uma ovelha conduzida ao matadouro, foi apresentado ao
imperador, que, fixando-o com semblante irado, disse: — Como! És tu o autor
da revolta? És tu a causa de tantos perderem a própria vida? Juro pelos deuses que tu hás de pagar caro por isso. Primeiro, na tua carne sofrerás as dores para
as quais animaste o coração dos teus colegas.
Respondeu Romano: — A tua sentença, ó prefeito, eu a recebo com alegria.
Não me recuso a ser sacrificado pelos meus irmãos, por mais cruéis que sejam
os meios que tu possas inventar. No que se refere ao fato de que os teus
soldados foram repelidos pela congregação cristã, isso apenas aconteceu porque
era inadmissível que idólatras e adoradores de demônios entrassem na casa de
Deus e poluíssem o lugar da verdadeira oração.
Então Asclepíades, absolutamente furioso com essa intrépida resposta,
ordenou que Albano fosse amarrado com os braços presos ao corpo e depois
eviscerado. Os próprios carrascos, que tinham um coração mais piedoso que o
do prefeito, intercederam: — Não pode ser, senhor. Este homem é de uma
família nobre. É ilegal submeter um nobre a morte tão ignóbil. — Respondeu o
prefeito: — Que seja então flagelado com açoites com pontas de chumbo. —
Em vez de lágrimas, suspiros e gemidos, ouviu-se a voz de Albano cantando
salmos durante todo o tempo da flagelação, pedindo aos algozes que não o
poupassem pela sua nobreza. — Não é o sangue dos meus progenitores — dizia ele — mas sim a profissão de fé cristã que me faz nobre. — As salutares
palavras do mártir eram como óleo para o fogo da fúria do prefeito. Quanto
mais o mártir falava, mais enlouquecido ele ficava, a ponto de ordenar que as
ilhargas do mártir fossem perfuradas a faca até aparecer o branco dos ossos.
Quando Romano pela segunda vez pregou o Deus vivente, o Senhor Jesus
Cristo, Seu Filho bem-amado, e a vida eterna por meio da fé no Seu sangue,
Asclepíades ordenou aos carrascos que lhe esmurrassem a boca até que seus
dentes fossem arrancados e sua pronúncia acabasse também afetada. A ordem
foi cumprida: ele foi esmurrado, suas sobrancelhas foram rasgadas a unha e suas
faces perfuradas a faca; a pele da barba foi pouco a pouco arrancada;
finalmente, seu belo rosto estava todo deformado. Disse o dócil mártir: — Eu
lhe agradeço, ó prefeito, por ter aberto em mim muitas bocas, com as quais
posso pregar a Cristo, meu Senhor e Salvador. Veja, cada ferida que eu tenho é
uma boca louvando e cantando a Deus.
O prefeito, assombrado com essa singular constância, ordenou que
suspendessem as torturas. Ameaçou o nobre mártir com o fogo cruel, insultou-o
e blasfemou a Deus dizendo: — O teu Cristo crucificado não é mais que um
Deus de ontem. Os deuses dos gentios são de extrema antigüidade.
Nesse ponto Romano, aproveitando a ocasião, fez um longo discurso sobre a eternidade de Cristo, sua natureza humana, e sobre a sua morte e expiação pela humanidade. Em seguida , disse ele: — Dê-me, ó prefeito, uma criança de
apenas sete anos, idade isenta de malícia de outros vícios com os quais a idade
mais madura geralmente está infectada, e o senhor ouvirá o que ela tem a
dizer. — Seu pedido foi aceito.
Dentre a multidão chamou-se um menininho que foi colocado diante do
mártir. — Dize me, filhinho — disse ele — se tu achas que há razão para que
adoremos a um só Cristo, e em Cristo a um só Pai, ou então para que adoremos
a muitos deuses.
Ao que o menininho respondeu: — Certamente Aquele que os homens
afirmam ser Deus (seja o que for), deve ser um só; e o que lhe é próprio é único.
Porque Cristo é único, Cristo é necessariamente o verdadeiro Deus, pois nós
crianças não podemos acreditar que existam muitos deuses.
A essa altura o prefeito, tomado de puro espanto, disse: — Tu, jovem vilão e
traidor, onde e de quem aprendeste essa lição?
— De minha mãe — disse a criança. — Com seu leite suguei a lição de que
devo crer em Cristo. Chamou-se a mãe, e ela de bom grado se apresentou. O
prefeito ordenou que a criança fosse pendurada e açoitada. Os condoídos
espectadores desse ato impiedoso não conseguiam controlar as lágrimas. Apenas
a mãe, exultante e feliz, a tudo assistia com as faces secas. Na verdade, ela
repreendeu o seu doce filhinho por implorar um gole de água fria. Disse-lhe para
ter sede da taça da qual outrora beberam os infantes de Belém, deixando de
lado o leite e as papinhas de suas mães. Ela o encorajou a lembrar-se do pequeno
Isaque que, vendo a espada com a qual seria abatido e o altar sobre o qual seria
queimado em sacrifício, de boa mente apresentou o tenro pescoço ao golpe da
espada do seu pai. Enquanto era dado esse conselho, o sanguinário algoz arrancou o couro do alto da cabeça do menino, com cabelo e tudo. Gritou então a mãe — Agüenta, filhinho! Logo tu verás Aquele que te enfeitará a cabeça nua
com uma coroa de glória eterna. — A mãe consola, a criança sente-se
consolada; a mãe anima, o menininho sente-se animado e recebe os açoites com
um sorriso no rosto.
O prefeito, percebendo que a criança era invencível e sentindo-se derrotado,
mandou o abençoado menininho para a fétida masmorra e deu ordens para que
as torturas de Romano, principal autor destas maldades, fossem repetidas e
intensificadas.
Assim, Romano foi trazido outra vez para novos açoites, devendo os castigos
ser renovados e aplicados sobre as suas velhas feridas. O tirano já não agüentava
mais; era necessário apressar a sentença de morte. — É penoso para ti — disse
ele continuar vivo por tanto tempo? Não tenhas dúvida de que uma
flamejante fogueira será em breve preparada. Nela tu e aquele menino, teu
companheiro de rebelião, sereis consumidos e transformados em cinza. —
Romano e o menininho foram conduzidos para a execução. Ao chegarem ao
local escolhido, os carrascos arrancaram o filho da sua mãe, que o tomara nos
braços. A mãe, limitando-se a beijá-lo entregou a criancinha. — Adeus! — disse
ela — Adeus, meu doce filhinho. Quando tiveres entrado no reino de Cristo, lá
no teu abençoado estado lembra-te da tua mãe. — E enquanto o carrasco
aplicava a espada ao pescoço da criancinha, ela cantou assim:
Todo louvor do coração e da voz
Nós te rendemos Senhor.
Neste dia em que a morte deste santo
Recebes com muito amor.
Tendo sido cortada a cabeça do inocente, a mãe a envolveu em seu vestido
e a segurou no colo. Do lado oposto, uma grande fogueira foi acesa na qual
Romano foi atirado. No mesmo instante desabou uma grande tempestade.
Finalmente o prefeito, sentindo-se confuso diante da força e coragem do
mártir, deu ordens rigorosas para que ele fosse reconduzido à prisão, onde
deveria ser estrangulado.
Série: Os mártires do Cristianismo
Jonh Foxe
Compilação: Eziel Ferreira
domingo, 24 de maio de 2020
A singularidade de Jesus Cristo entre as principais religiões do mundo
Por Gary R. Habermas
As visões gerais dos estudos religiosos mundiais frequentemente revelam um aspecto esquecido desse cenário. Raros são os autores que realmente comparam os ensinamentos exclusivos de religiões específicas.
No entanto, listar aspectos realmente únicos de diferentes sistemas de crenças é ainda mais negligenciado,
especialmente se esses itens puderem ter uma base probatória. Por exemplo, quanto tempo após o fundador de uma grande religião mundial morrer seus principais ensinamentos são escritos e registrados, especialmente para que possam ser recuperados com precisão? De quando é a cópia existente mais antiga dos textos escritos? Muitas vezes, é muito difícil localizar esses tipos de dados. Por que isso acontece?
O Lugar da Comparação, Verdade e Evidência na Religião
Provavelmente, muitas razões diferentes contribuem para o fenômeno apenas mencionado. Muitas vezes, religião e verdade, ou religião e história, são consideradas categorias completamente diferentes. Eles são frequentemente tratados como companheiros estranhos. Talvez até se pense que também existem partições herméticas entre essas categorias. A religião simplesmente não é algo que deveria ser evidenciado ou comparado. Nossas crenças são muitas vezes dito ser exatamente isso - destinado a ser mantido pela fé ou nada. Além disso, acredita-se ser
Privada - a fé não é adequada para discussão, votação e certamente não deve ser debatida. Muitos que se dizem conservadores, liberais e moderados pensam assim.
Outros, é claro, têm opiniões contrárias e podem realmente aproveitar para ouvir bons debates religiosos. Mas e se os participantes estiverem simplesmente falando “de dentro da cabeça de seus líderes” ao invés de realmente serem autoridades? Quem quer ouvir alguém afirmar o que eles não sabem? Assim, antecedentes e pesquisas adequadas nessas áreas são alguns dos pré-requisitos para as melhores conversas.
Certamente, uma razão enorme para evitar lógicas, evidenciais ou outros tipos de comparações é o que muitos chamam de “politicamente correto”. É simplesmente considerado errado ensinar ou até sugerir que uma religião é de alguma forma superior a outra.
Entre outros problemas, tal atitude é mantida com muita intolerância e virtualmente nada é mais desprezado hoje em dia, especialmente entre os jovens. Alguém tendo um atitude de que suas crenças religiosas estão corretas, especialmente se acha que sua posição é a única visão verdadeira, pode ser considerado prejudicial, mesquinho ou mesmo considerado fanático.
Por uma série de razões principais e secundárias, então, muitas vezes passa diante do nosso caráter moderno tentar comparar, avaliar ou especialmente julgar uma religião em virtude de outra. E se apenas uma analogia pode ser usada para expressar essas posições, pode ser esta: para muitas pessoas hoje, a religião é apenas uma preferência subjetiva - como escolher as comidas favoritas. Por essa perspectiva, visões religiosas arrogantes são consideradas exatamente como alguém que fica furioso ou até bravo porque alguém ousa preferir torta de maçã a bife. É amplamente aceito que as opiniões religiosas são individuais! Ninguém tem o direito de dizer a alguém que o bife é o melhor, pois é apenas uma questão de preferência pessoal! O mesmo vale para a religião.
Tradução do livro "The Uniqueness of Jesus Christ among the Major World
Religions” [A Singularidade de Jesus Cristo Entre as Principais Religiões Mundiais].
Traduzido por Sandro Nascimento.
Cinco Mulheres na Bíblia que Influenciaram a Alteração da Lei que Prescrevia a Divisão das Terras em Herança
A Bíblia relata a história de cinco mulheres que posicionaram-se diante de Deus, cujo nome também é Tisidkenu ( justiça nossa), e por alcançarem o favor do Senhor, conseguiram que a lei que tratava sobre a possessão das terras na Lei de Moisés, fosse alterada.
O nome delas eram Maalá, Noa, Hogla, Milca e Tirza.
Poucas pessoas conhecem ou até mesmo não atentaram para este ocorrido descrito nas Escrituras. Porém , oito sucintos versículos falam de cinco moças hebreias que, após a morte do seu pai e diante da iminente possessão da terra que fora prometida pelo Senhor a Israel, encheram-se de coragem e com temor e sabedoria falaram com Moisés a porta da tenda da congregação.
Até então a lei hebraica só concedia o direito de herança aos filhos homens ( Nm 26.52-65). O relato bíblico nos diz que o pai delas, Zelofeade procedente da Tribo de Manassés , acabou morrendo sem deixar filho homem para validar o direito em relação a repartição da terra. Nesse contexto, Maalá, Noa, Hogla, Milca e Tirza dirigiran-se perante a Tenda da congregação, e certamente diante da crença na promessa de Deus a respeito de uma terra que ainda não havia sido encontra
da, tiveram a preocupação dupla: a terra do seu pai e o seu nome, pois sem isso não teriam esperança de ter uma propriedade ou herança sob as leis em vigor naquela ocasião.
E as solenes palavras do Senhor, em resposta ao pedido das cinco filhas de Zelofeade, foram admiravelmente receptivas.
Diz o texto bíblico:
Aproximaram-se as filhas de Zelofeade, filho de Héfer, neto de Gileade, bisneto de Maquir, trineto de Manassés; pertencia aos clãs de Manassés, filho de José. Os nomes das suas filhas eram Maalá, Noa, Hogla, Milca e Tirza.
Elas se prostraram à entrada da Tenda do Encontro diante de Moisés , do sacerdote Eleazar, dos líderes de toda comunidade , e disseram:
"Nosso pai morreu no deserto. Ele não estava entre os seguidores de Corá, que se ajuntaram contra o Senhor, mas morreu por causa do seu próprio pecado e não deixou filhos.
Por que o nome do nosso pai deveria desaparecer do seu clã por não ter tido um filho? Dê-nos propriedade entre os parentes de nosso pai".
Moisés levou o caso perante o Senhor, e o Senhor disse: " As filhas de Zelofeade tem razão.Você lhes dará propriedade como herança entre os parentes do pai delas e lhes passará a herança do pai. "Diga aos israelitas: Se um homem morrer e não deixar filho, transfiram a sua herança para a sua filha.( Nm 27.1-8)
Nos colocando no lugar daquelas cinco moças podemos vislumbrar a dor da desesperança, de se ver sem qualquer perspectiva de futuro, pois seu pai havia morrido sem deixar descendentes homens, e a lei era clara em relação a sucessão, a regra fundamental era que apenas os filhos homens teriam o direito. Após a consulta de Moisés ao Senhor e a resposta benéfica pela causa das cinco filhas de Zelofeade, a lei foi graciosamente reescrita e expandida para situações similares a delas.
Testemunhos de relatos como esses que revelam a formosura do Senhor, o seu caráter de equidade e sua solicitude forma de responder aos que o temem em verdade, diante da percepção de cada realidade vivida, devem ser cada vez mais conhecidos e anunciados, e assim fazer conhecido o caráter de um Deus justo que se autorevelou nas paginas da Bíblia Sagrada e que atenta para as necessidades humanas, em especial daqueles que nele se refugiam ( Dt 32.4; Sl 9.8; Jó 37.23).
Ainda, no Novo Testamento a declaração do Senhor Jesus para com aqueles que tem fome e sede de justiça, é que esses são bem- aventurados e serão fartos dela ( Mt 5.6). E o vislumbre dessa saciedade certamente foi vivenciado por Maalá, Noa, Hogla Milca e Tirza, as filhas corajosas e cheias de fé de Zelofeade (Js 17.4, Nm 36.1-13)
Por
Fabiana Ribeiro.
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