sábado, 4 de julho de 2020

SALVAÇÃO PELO CONHECIMENTO

Quando estudamos Inácio de Antioquia no capítulo 1, descobrimos que os gnósticos eram mestres ativos e competentes que propagavam suas ideias particulares sobre Jesus Cristo. Os pais ortodoxos da igreja frequentemente identificavam Simão, o mago, de Atos 8, como a origem dessa heresia. Embora não se possa atribuir todo o movimento gnóstico a esse único personagem, é provável que Simão representasse uma versão inicial da sabedoria pseudocristã que outros mestres gnósticos também adotaram. Em sua Epístola aos Colossenses, o apóstolo Paulo se opôs a essas primeiras crenças gnósticas típicas. Os falsos mestres em Colossos haviam adotado filosofias humanas (2.8), o legalismo judaico (2.16), a adoração de poderes angélicos (2.18) e o ascetismo sob a premissa de que o corpo é mau (2.21-23). Estes são alguns dos mesmos aspectos que descobrimos no gnosticismo posterior e mais desenvolvido. Em contraste, Paulo diz que os verdadeiros “tesouros da sabedoria e da ciência” (2.3) só podem ser encontrados em Cristo, que reconciliou todas as coisas pelo sangue da sua cruz (1.20). Os escritos do apóstolo João também revelam que ideias gnósticas conquistaram muitos seguidores no século primeiro. Em resposta João diz: “Se alguém vem vos visitar e não traz esse ensino [do próprio Cristo], não o recebais em casa, nem o cumprimenteis” (2Jo 1.10). Os autores bíblicos haviam identificado com bastante rapidez essas tendências gnósticas iniciais como uma ameaça à fé.

Conquanto seja possível identificar no Novo Testamento um movimento gnóstico incipiente, foi no século segundo que ocorreu uma explosão de seitas gnósticas formais. Elas se tornaram mais organizadas, e seus mestres, que com frequência eram intelectuais, tornaram-se mais sofisticados. Dessa forma, muitas pessoas, que inicialmente foram atraídas a Cristo, estavam sendo induzidas ao erro. Na época de Ireneu, o ajuntamento de crenças gnósticas dos mais variados matizes havia se tornado uma força poderosa que ameaçava afundar a igreja ortodoxa. Conforme já observamos, o legado de Jesus estava sendo contestado com veemência nessa época. Ireneu reconheceu imediatamente o perigo. Em um momento crítico na história da igreja, apresentou seu livro Contra as heresias como a resposta cristã.

Em que exatamente os gnósticos acreditavam? Seus mitos parecem tão ridículos para nós atualmente que quase não conseguimos acreditar que alguém chegaria a segui-los. Mas temos de reconhecer que, para muitas pessoas na Antiguidade, o gnosticismo oferecia uma alternativa atraente ao cristianismo ortodoxo. Pessoas em busca das verdades espirituais foram atraídas pela aparente intelectualidade do gnosticismo e pelas percepções misteriosas que tinha do cosmo. Ireneu registra as doutrinas de uma divisão específica do gnosticismo ensinadas por um mestre chamado Valentino (ou, mais precisamente, por seu discípulo Ptolomeu). Os gnósticos valentinianos acreditavam que existia uma “Plenitude” celeste que consistia em trinta seres angélicos chamados éons. Os éons sempre vinham em pares de macho e fêmea. (E uma característica comum do gnosticismo que a divindade seja formada de ambos os sexos, de modo que éons masculinos requerem consortes ou equivalentes femininas.) Esses pares conjugais emitiam éons inferiores, e a última dessas emissões foi Sofia (Sabedoria). Mas Sofia se apaixonou e desejou perversamente o Pai supremo à parte de seu consorte. Embora tenha sido finalmente curada de sua repugnante ação, o “Pensamento” mau dela, que dera origem a seu pecado, foi expulso da Plenitude como um feto abortado. Esse Pensamento informe assumiu uma forma personificada denominada mãe Achamoth. Ela estava em um estado sem esperança até que o “Cristo” veio a Achamoth e lhe deu condições de produzir substâncias de dentro de si. Um dos seres que ela deu à luz foi o Demiurgo. Ele foi o criador ignorante de todo o mundo físico em que vivemos. Em muitos relatos gnósticos, o Demiurgo foi identificado com Yahweh, o Deus judaico do Antigo Testamento, que tolamente achava que era o único Deus verdadeiro. Apenas os gnósticos iluminados “sabiam” que ele era, na verdade, um ser corrompido, muito inferior à deusa Sofia.

Para os gnósticos valentinianos, havia três tipos de pessoas, correspondentes à divisão de cada ser humano em corpo, alma e espírito. Todos os seres humanos são divididos em três classes: a física, a anímica e a espiritual. As pessoas “físicas” perdidas do mundo são os pagãos incrédulos. As “anímicas” são pessoas como Ireneu,que pertencem às igrejas ortodoxas. Embora não tenham plena gnosis ou conhecimento da verdade, podem alcançar a salvação por meio de boas obras. É claro que os seres humanos mais elevados são os próprios gnósticos, os únicos cristãos verdadeiros. Não precisam realizar boas obras, uma vez que sua salvação está assegurada por sua natureza “espiritual” inata. Por isso, podem se envolver em certas atividades (como assistir disputas de gladiadores ou seduzir mulheres casadas) que estão proibidas a outros. As regras dos crentes comuns não se aplicam a eles.

A fim de conceder sabedoria secreta aos gnósticos espirituais, afirma-se que o Demiurgo (Yahweh) deu à luz um filho que era cheio da semente espiritual da mãe Achamoth. Esse filho era o “Cristo”, que passou por Maria sem assumir um corpo gerado por ela. Assim, ele foi como a água que flui através de um cano. Os gnósticos diziam com frequência que o “Cristo” habitou o corpo do homem Jesus de Nazaré, mas seu corpo não era verdadeiramente de carne. Quando analisamos os adversários de Inácio de Antioquia, fizemos referência a esse ensino como “docetismo”. O Cristo dos docetas, que parecia possuir um corpo, veio ao mundo para ensinar preceitos espirituais que somente os gnósticos iluminados eram capazes de compreender. Por meio da ação purificadora desse conhecimento revelado, na condição de espíritos purificados, os gnósticos finalmente chegavam à Plenitude. Mas os cristãos comuns estavam fadados a permanecer em uma posição inferior.

Então, quais são os temas distintivos que descobrimos no gnosticismo? Permita-me mencionar três temas importantes. Em primeiro lugar, podemos facilmente ver como o gnosticismo enfatizava o elitismo espiritual. Era um sistema inerentemente concebido para fazer distinção entre os “mais espirituais” e os “menos dignos”. Temos de lembrar que os gnósticos não se viam de modo algum como pessoas de fora da igreja. Ao contrário, acreditavam que eram a expressão mais fiel do que o cristianismo supostamente devia ser. Ao afirmar que tinham acesso a verdades que ninguém mais tinha, seduziam cristãos frágeis a deixarem os círculos ortodoxos e adotarem suas doutrinas misteriosas. Também ensinavam que não tinham de se conformar aos padrões morais aos quais os crentes inferiores deviam obedecer. A certa altura, os gnósticos se afastaram para formar congregações rivais que alegavam ser superiores às de todos os outros cristãos. Apenas eles eram a elite espiritual.

Outra característica do gnosticismo foi a falta de ênfase histórica. Visto que a salvação vinha por meio do conhecimento místico, as ações históricas de Jesus Cristo — que nem sequer foram realizadas em um corpo real — não tinham importância alguma. Dessa forma, os gnósticos roubaram do cristianismo o que é na realidade seu ponto central: a obra salvadora de Cristo na cruz e sua ressurreição corpórea do túmulo. Isso é exatamente o que os apóstolos haviam enfatizado com tanta clareza. A pregação deles focalizava o Crucificado e o Ressurreto. Repetindo uma síntese muito antiga do evangelho, Paulo escreveu: “Porque primeiro vos entreguei o que também recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; e foi sepultado; e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Co 15.3,4). Ireneu percebeu que os gnósticos não estavam contando a mesma história que os apóstolos haviam anunciado, por isso, tornou a falta de apostolicidade dos gnósticos um ponto importante de sua “refutação e derrota”.

Em terceiro lugar, os gnósticos usavam um método de interpretação bíblica duvidoso para promover suas doutrinas. Encontravam significados secretos codificados nas páginas da Bíblia. Por exemplo, para alcançar o número sagrado de trinta éons, os valentinianos somaram as horas do dia em que os trabalhadores foram enviados ao campo na Parábola dos Trabalhadores (Mt 20.1-7). Ireneu cria que usar simbolismo enigmático e códigos ocultos não era evidentemente a maneira que a Bíblia devia ser interpretada. [18] Ele comparava esse método a alguém que retirou as pedras de um mosaico com a imagem de um rei, reorganizou-as de modo a formar a imagem de uma raposa e em seguida disse que a imagem originalmente pretendida era a da raposa! Somente um tolo seria seduzido por essa metodologia. Em vez disso, o crente deveria interpretar as Escrituras à luz do credo que havia recebido por ocasião do batismo, conhecido como a Regra de Fé. Essa Regra funcionava como um resumo preciso do verdadeiro cristianismo, conforme os apóstolos sempre o haviam proclamado.

Será que os conceitos religiosos do gnosticismo ainda estão presentes nos dias atuais? Com certeza. Aliás, uma forma contemporânea de gnosticismo pode ser encontrada em meu bairro em Wheaton, no estado de Illinois, um lugar normalmente conhecido por seu cristianismo evangélico! Em frente ao supermercado em que faço compras há um prédio imponente onde funciona a sede nacional da Sociedade Teosófica nos Estados Unidos. [19] Embora já tivesse passado muitas vezes em frente ao prédio e fizesse uma ideia geral do que se tratava, um dia decidi realizar uma visita para investigar mais. As pessoas do lugar foram muito simpáticas comigo, convidando-me para sua festa, que ocorreria em breve, e até me dando a oportunidade de caminhar em seu labirinto de meditação. Folheando os livros de sua biblioteca, descobri obras sobre praticamente todas as religiões do mundo, inclusive uma secção sobre os antigos gnósticos. Enquanto estava ali, apanhei vários livretes sobre a Sociedade Teosófica. Juntos, esses livretes descrevem um movimento que, em sua busca pela “Sabedoria Divina” (que é o que a palavra teosofia significa), é surpreendentemente parecido com o gnosticismo. Aliás, o livrete “Christianity and theosophy” [O cristianismo e a teosofia] estabeleceu uma ligação concreta entre o movimento contemporâneo e os “primeiros grupos gnósticos e herméticos do cristianismo, que mais tarde desapareceram ou foram para a clandestinidade”. O livrete expressa alguns pontos de vista que Valentino certamente teria endossado. [20]

A teosofia contemporânea não é, porém, a única manifestação de crença tipicamente gnóstica nos Estados Unidos atualmente. Outro exemplo é a Igreja de Cristo, Cientista. [21] Há até mesmo vários grupos que atualmente se intitulam “Igreja Gnóstica” ou algo semelhante. Basta procurar esse termo no Google e você descobrirá por si mesmo. Um desses grupos tem íntima ligação com a França, onde o culto gnóstico à deusa Sofia ainda floresce no século 21 da mesma maneira que acontecia no século segundo. [22] Outro grupo se denomina Igreja Apostólica Gnóstica dos Estados Unidos — com referências a Sofia, a consorte de Cristo, também aparecendo com destaque em suas páginas na web. [23] D a mesma maneira, muitos outros grupos ocultistas se enquadram nessa categoria religiosa geral. E, se você deseja encontrar uma expressão mais popular da espiritualidade esotérica contemporânea, está aí O código Da Vinci, romance de enorme sucesso e repleto de referências à teosofia e a crenças gnósticas sobre Jesus. O u você acha que é coincidência o nome da protagonista ser Sofia?

Extraído do Livro: Conhecendo os Pais da Igreja – Bryan M. Litfin, pp. 83-88.

Por Nivaldo Gomes.

Notas de Rodapé:

[18] Irenaeus, Against heresies 1.9.4, A N F, 1:330.
[19] No Brasil, o movimento tem o nome de Sociedade Teosófica no Brasil. (N. do T.)
[20] “Algumas das declarações notáveis do panfleto incluem:

• “Pode-se ver a história da vida de Cristo como uma representação do nascimento, da crucificação e da ressurreição do espírito em todos nós à medida que fazemos a viagem espiritual descrita na literatura teosófica.”
• “A teosofia, longe de ser incompatível com o caminho cristão, é, na realidade, seu outro lado. A teosofia merece a consideração de todos os que desejam fazer com que sua fé cristã seja mais compreensível à sua mente e mais viva em seu coração.”
• “Cada palavra da Bíblia não é infalivelmente verdadeira em seu sentido literal — a letra mata, mas o Espírito vivifica (2Co 3.6) —, porém, cada palavra diz algo com o que podemos aprender.”
• “O s que se posicionam firmemente nas verdades eternas, no aspecto interior ou oculto do cristianismo, são como o homem da parábola que ‘teve o bom senso de construir sua casa sobre a rocha’ [...] a casa fica firme porque seus ocupantes não estão mais escravizados à letra da lei. Permanecem fiéis ao alicerce espiritual oculto do qual os fatos exteriores são apenas sinal e símbolo. De posse da Sabedoria divina, conhecem a verdade que nos liberta.”

[21] Os preceitos da Igreja de Cristo, Cientista [também conhecida como Ciência Cristã], estão resumidos no livro Science and health iuith key to the Scriptures, da autoria de Mary Baker Eddy [edição em português: Ciência e saúde como a chave das Escrituras (Boston: lh e First Church of Christ, Scientist, 1973)]. Entre suas crenças estão: Deus como Pai-Mãe (p. 332, linha 4); Cristo como um ser incorpóreo, que é separado do homem Jesus nascido de Maria (p. 332, linhas 9ss.); rejeição do sangue expiatório de Cristo para salvação (p. 25, linha 6); e salvação por meio da revelação de conhecimento da parte de Jesus (p. 315, linhas 30ss.). Descobrimos uma concep¬ ção verdadeiramente gnóstica de salvação na declaração de M ary Baker Eddy de que “Jesus veio buscar e salvar os que creem na realidade do irreal; salvá-los desta crença falsa; para que possam obter a vida eterna...” (Miscellaneous writings, p. 63).

[22] Veja www.gnosis.org/eghome.htm e analise em particular o Catecismo Gnóstico. Informações sobre o grupo francês podem ser encontradas em  www.gnostique.org. Esses websites não deixarão você ficar com a sensação de que o gnosticismo foi extinto na época de Ireneu.

[23] Comece por www.gnostic-church.org. Esse grupo se considera uma autêntica expressão contemporânea do movimento gnóstico da época do cristianismo antigo. Seus textos básicos são os códices egípcios conhecidos como Biblioteca de Nag Hammadi, que atualmente são a principal fonte primária de informação acerca do gnosticismo. Um dos textos mais famosos dessa biblioteca é o Evangelho de Tomé.

Por
Nivaldo Gomes

O Arcanjo Miguel

"Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o Diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda" (Jd v 9). "Archangelos" (Arcanjos): a expressão é somente usada aqui e em 1 Tessalonicenses 4.16 em todo o Novo Testamento. Designa algum poder altíssimo angelical, dotado de autoridade sobre larga área, celestial ou terrena. O livro de Enoque (considerado apócrifo) dá os nomes de sete arcanjos, a saber: Uriel, Rafael, Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel e Remiel. Segundo é dito ali, a cada um deles Deus entregou uma província sobre a qual reina. 
A província de Miguel seria autoridade "sobre a melhor porção da humanidade e sobre os caos". Os escritos judaicos fazem assim dele o protetor de Israel como nação. 
O Arcanjo. Apesar daquilo que se depreende dos livros não- canônicos, isto é, que há sete arcanjos, as Escrituras Sagradas só designam um, Miguel, como Arcanjo (Jd v 9); talvez antes de sua queda, Lúcifer, (o resplandecente) fosse também um arcanjo, igual a Miguel (Ez 28.1 e ss). Mas por causa do seu pecado, teve seu título cassado por Deus, e agora apenas é tratado assim: "tu eras".
"O prefixo 'are' sugere um anjo-chefe, principal ou poderoso. Assim, Miguel é agora o anjo acima de todos os anjos, reconhecido como sendo o primeiro príncipe do Céu. É o primeiro-ministro da administração divina do Universo, sendo o 'administrador angélico' de Deus para o povo judeu, também o será para o juízo". O arcanjo em foco é sempre representado como um anjo-chefe, o capitão dos exércitos celestiais (Ap 12.7). 
No Antigo Testamento, Miguel aparece primordialmente identificado com Israel como nação. Deste modo, Deus fala dele como o príncipe do povo eleito: "Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levantará pelos filhos do teu povo..." (Dn 12.1a). Ele protege e defende em caráter especial o povo eleito de Deus. Seja como for, ele é sempre visto como o Arcanjo representado. 
Os "principados" (Cl 1.16) para os escritos pós-bíblicos são tipos de arcanjos. As explicações judaicas dadas sobre esse tema indicam que tais anjos têm, sob suas ordens, vasto número de seres espirituais. São quais "reis celestiais", com muitíssimos súditos; mas eles mesmos estão, naturalmente, sujeitos a Deus, o Grande Rei. 
Estes mesmos escritos defendiam que, talvez o trecho de Atos 7.38, se refira a Miguel como o anjo enviado na doação da Lei. Em qualquer conexão das Escrituras, Miguel é sempre pintado "como um anjo guerreiro". Miguel, em hebraico significa "Quem é semelhante a Deus". Não nos é revelado o porquê deste significado, mas pode ser, em oposição às disposições hostis de Satanás, que disse: "...subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo" (Is 14.14). Assim, nasce o nome "Miguel", acrescentado ao vocábulo "Arcanjo" (chefe), para defender que, nenhum ser criado pode ser "semelhante a Deus". Este deve ser o sentido do pensamento. 
Miguel entra em foco nas seguintes passagens (Dn 10.13,21; 12.1; 1 Ts 4.16; Jd v. 9; Ap 12.7). Na passagem de Daniel 10.13,21 e 12.1, ele é pintado como o anjo guardião de Israel. Seu nome: "O arcanjo" (Jd v. 9), deriva-se do vocábulo "arc", que quer dizer "chefe", complementado no sufixo "mensageiro" que quer dizer "anjo". Miguel, portanto, é chefe dos anjos, enquanto que Jesus é o Senhor de Todos (Hb 1.4-6). Ele é chamado em Daniel (10.13,21): "...um dos primeiros príncipes" e "vosso príncipe". Nessa capacidade lhe é peculiarmente apropriada que ele é o Arcanjo representado. Alguns teólogos o chamam de "O mensageiro da Lei e do juízo" ou do "julgamento" de Deus. Os teólogos medievais concebiam que a Bíblia apresenta a existência do príncipe do mal, a epítome de toda a maldade, uma pessoa real, e que Miguel, seria, segundo este pensamento, o Príncipe do bem, em oposição àquele. 
Comandando os exércitos que combateram a Satanás, o grande dragão, e todos os seus sequazes, Miguel, sempre se destaca isolado! De vez que a Bíblia nunca se refere a arcanjos, apenas ao "Arcanjo". Seu nome "Miklã'el", no hebraico é sinônimo de Micaías e Mica. É nome pessoal de onze personagens mencionados nas Escrituras, apenas uma delas recebe mais do que uma referência passageira. Essa exceção é o Arcanjo Miguel. Sobre o ministério, ou função por ele desempenhada, vejamos: 
Em Daniel 10.13,21 e 12.1, sua missão específica é guardar e proteger a nação israelita. Mas é óbvio que suas atividades são as mais variadas, envolvendo até mesmo uma vastíssima área. Isso nos fornece alguns pensamentos quanto à sua piedade, mesmo sendo guerreiro, e poderoso (Jd v 9), e, no tocante ao ministério dos anjos, destaca-se como comandante. 
Em 1 Tessalonicenses 4.16, Miguel, o arcanjo, virá aos brados, acompanhando Jesus na sua vinda para o arrebatamento. Não apenas proclamará a nova incomparável e emocionante de que Jesus retorna, como também pronunciará simultaneamente com Cristo a palavra de vida para todos os que "...dormem em Cristo e aguardam a ressurreição: "Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido e com voz de arcanjo... e os que morreram em Cristo ressuscitarão... Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens..." 
Em Judas (v 9), ele é visto a contender com o Diabo. A disputa diz respeito ao corpo de Moisés: "Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o Diabo, e disputava a res peito do corpo de Moisés..." Sobre isto, há muitas tradições tais como: "Esta disputa teve lugar com o Diabo re- clamando para si 'o corpo de Moisés"'. Ele alegara que Moisés pertencia à uma ordem material e que ele fora homicida no passado (Êx 2.11-15), por esse motivo não merecia um sepultamento decente. O segundo ponto desta tradição se prende à resposta de Miguel à Satanás. Vejamos, pois: "Miguel responde a essa primeira acusação, alegando que o Senhor é o Criador e Governador do mundo material, pelo que Satanás nada tinha a dizer acerca do que ocorresse com o corpo de Moisés". A segunda acusação de Satanás não se prendia tão somente à falha de Moisés, mas era apenas um embuste para poder adquirir seu corpo, para fazer do mesmo um "ídolo" monumental, para com ele corromper a nação israelita. 
Miguel, então, solicita a imediata ajuda de Deus, e este guardou o corpo de Moisés da "vista da serpente", e a seguir ordenou a Miguel triunfar sobre ele com um só golpe: "O Senhor te repreenda!" (cf. Zc 3.2; Jd v 9). Assim Miguel, pela razão e ajuda direta de Deus, saiu vencedor. (Citado por Adam and Chrales Black, Londres, 1897, The Assump of Moses, pp. 105-110). 
Em Apocalipse 12.7, Miguel é visto a combater o Diabo e seus anjos em defesa do Céu. A passagem em foco apresenta um segundo quadro da revolta original de Satanás quando se rebelou contra Deus no passado (Is 14.12-16; Ez 28.1 e ss). Mas em todas as passagens em que Miguel aparece no cenário da História angelical, é sempre em conexão com a guerra; mas sempre triunfante! Até o dia do arrebatamento, Miguel não terminará sua missão. Portanto, poderá nos socorrer quando for necessário! (SI 34.7).

Pedro, Severino. Os Anjos sua natureza e oficio, 1987, Ed. CPAD.

Compilado por 
Edson Moraes

SABIA QUE...?


• O Alcorão ordena aos muçulmanos empregar guerra contra judeus e cristãos. 

• Os versículos pacíficos do Alcorão, por vezes considerados tolerantes, na realidade têm sido revogados, de acordo com a teologia islâmica. 

• Na Bíblia não há nada comparável as exortações a violência do Alcorão.

• A lei islâmica afirma que judeus, cristãos e outros não-muçulmanos possuem um status de segunda categoria nas sociedades islâmicas. 

• Estas leis jamais deverão ser derrogadas ou revistas por nenhuma autoridade islâmica.

• A idéia de que os judeus viviam melhores nos territórios islâmicos que na Europa cristã é falsa. Porém, o problema com esta visão comum do islã se revela inverídica. Temos exposto consideravelmente a posição do islã como uma religião de guerra; além disso, é claramente uma religião intolerante.

• Se um muçulmano se converte a outra religião, o castigo é a morte!

• A tão estimada “Idade de Ouro” da cultura islâmica foi basicamente alimentada por não-muçulmanos; 

• Os principais elementos da crença islâmica conspiram contra o progresso científico e cultural; 

• Somente o judaísmo e o cristianismo, não o islã, proporcionaram bases viáveis para a investigação científica.

Por Rafael Félix.