sábado, 4 de julho de 2020

O Tabernáculo parte lll

História da Arca
Feita no tempo de Moisés, era conduzida durante a viagem do deserto. Atravessou o Jordão (Js 3.3-17). Rodeou a cidade de jericó em sua tomada (Js 6.4,9). Permaneceu em Siló cerca de 300 anos. Foi tomada pelos filisteus e devolvida (1 Sm 4.6). Esteve em Bete-Sermes e em Quiriate-Jearim. Davi a trouxe para Jerusalém e colocou-a numa tenda preparada por ele(2 Sm 1-17). Depois Salomão colocou-a no templo (1 Rs 8.4-9). Aí deve ter permanecido até o fim do reino de Judá. Quando Israel foi para o cativeiro, o Templo deixou de funcionar, e nada mais a Bíblia diz sobre a Arca.

Tradições sobre a História da Arca
Quando Nabucodonosor tomou Jerusalém, queimou a casa do Senhor, destruiu os vasos preciosos(2 Cr 36.19) e levou para Babilônia muita coisa que pertencia ao Templo. Entre estas coisas são mencionadas: vasos de cobre, de bronze, bacias, pás, colheres e muitos objetos de ouro e de prata (2 Rs 25.13-17). 
Na volta do cativeiro, o rei Ciro deu ordem para serem devolvidos aos israelitas aqueles vasos que eram de uso sagrado.
Esdras, estando á frente do povo, recebeu e levou para Jerusalém aquelas coisas que o rei mandou entregar (Ed 1.7-11). Não há qualquer referência à Arca na lista de coisas destruídas ou levadas por Nabucodonosor, nem entre as coisas devolvidas a Esdras. Para onde foi a Arca?
A Bíblia não diz nada sobre isto, mas entre os judeus e cristãos existem várias tradições e opiniões sobre o fim da Arca.
Os judeus têm notícia da Arca até o tempo do rei Josias, depois daquele tempo nada mais sabem. No Talmude há esta: " a Arca Sagrada existiu até o tempo do rei Yoshiahu (Josias), que a escondeu num dos departamentos do Templo" - Talmude Shek 6,1 apud Meir Maslian Melamed", A Lei de Moisés, pág 142, rodapé.
Há um pensamento de que ela despareceu para sempre, baseado na profecia de Jeremias:"...A Arca do concerto do Senhor, nem lhes virá ao coração, nem dela se lembrarão, nem a visitarão…" (Jr. 3.16b).
Esta passagem se refere à restauração de Israel, quando Jerusalém será o trono do Senhor e Deus criar novos Céus e nova terra (ver Isaías 65. 17,18). Se a profecia de Jeremias tem sentido literal, tem razão está ideia.
Uma tradição judaica afirma que "desde o cativeiro babilônico a Arca está sepultada e um dia será descoberta". Outra também judaica, diz que "um bloco de pedra foi colocado sobre o lugar onde estava a Arca".
No livro apócrifo de Macabeus, há uma história que dá ligar a estas duas explicações dos judeus. Diz ali que "o profeta Jeremias levou a Arca, a Tenda e o Altar de incenso para o monte onde Moisés subiu para ver a herança de Deus, colocou numa caverna e fechou a entrada, de modo que ninguém pôde achar. Disse ainda o profeta que aquele lugar ficaria desconhecido, até quando Deus congregar o seu povo" (2 Macabeus 2.4-7). Esta história não tem valor espiritual, mas pode ter significação. Era tradição judaica do tempo dos Macabeus. Jeremias era sacerdote, assim tinha autoridade para lidar com a Arca. Sabendo ele que Jerusalém seria tomada, poderia ter escondido a Arca.

O altar de Incenso…

Via Eziel Ferreira

Trecho do livro "Não Tenho Fé Suficiente Pra Ser Ateu" de Norman Geisler (p. 189 a 190)

Colin Hemer, estudioso clássico e historiador, faz uma crônica versículo por
 versículo da precisão de Lucas no livro de Atos. Com esmerado detalhamento,
Hemer identifica 84 fatos nos últimos 16 capítulos de Atos que foram confirmados por pesquisa histórica e arqueológica. Ao ler a lista a seguir, tenha em mente que Lucas não tinha acesso aos mapas ou às cartas náuticas modernos. Lucas registra com precisão:

1.A travessia natural entre portos citados corretamente (At 13.4,5);
2.O porto correto (Perge) juntamente com o destino correto de um navio que vinha de Chipre (13.13);
3.A localização correta da Licaônia (14.6);
4.A declinação incomum mas correta do nome Listra (14.6);
5.O registro correto da linguagem falada em Listra — a língua licaônica (14.11);
6.Dois deuses conhecidos por serem muito próximos — Zeus e Hermes (14.12);
7.O porto correto, Atália, que os viajantes usavam na volta (14.25);
8.A ordem correta de chegada, a Derbe e depois a Listra, para quem vem da
 Cilícia (16.1; cf. 15.41);
9.A grafia correta do nome Trôade (16.8);
10.O lugar de um famoso marco para os marinheiros, a Samotrácia (16.11);
11.A correta descrição de Filipos como colônia romana (16.12);
12.A correta localização de um rio (Gangites) próximo a Filipos (16.13);
13.A correta associação de Tiatira a um centro de tingimento (16.14);
14.A designação correta dos magistrados da colônia (16.22);
15.A correta localização (Anfípolis e Apolônia) onde os viajantes costumavam
 passar diversas noites seguidas em sua jornada (17.1);
16.A presença de uma sinagoga em Tessalônica (17.1);
17.O termo correto ("politarches") usado em referência aos magistrados do lugar (17.6);
18.A correta implicação de que a viagem marítima é a maneira mais conveniente de chegar a Atenas, favorecida pelos ventos do leste na navegação de verão (17.14,15);
19.A presença abundante de imagens em Atenas (17.16);
20.A referência a uma sinagoga em Atenas (17.17);
21.A descrição da vida ateniense com debates filosóficos na Agora (17.17);
22.O uso da palavra correta na linguagem ateniense para Paulo (spermagos,
 17.18), assim como para a corte (Areios pagos, 17.19);
23.A correta representação do costume ateniense (17.21);
24.Um altar ao "deus desconhecido" (17.23);
25.A correta reação dos filósofos gregos, que negavam a ressurreição do corpo
(17.32);
26.Areopagíta (RA e RC) como o título correto para um membro da corte (17.34);
27.Uma sinagoga em Corinto (18.4);
28.A correta designação de Gálio como procônsul, residente em Corinto (18.12);
29.O termo bema (tribunal), superior ao forum de Corinto (18.16s);
30.O nome Tirano, conforme atestado em inscrições do século I em Éfeso (19.9);
31.Conhecidos relicários e imagens de Ártemis (19.24);
32.A muito confirmada "grande deusa Ártemis" (19.27);
33.Que o teatro de Éfeso era um local de grandes encontros da cidade (19.29);
34.O título correto grammateus para o principal magistrado (escrivão) de Éfeso
(19.35);
35.O correto título de honta neokoros, autorizado pelos romanos (19.35);
36.O nome correto para designar a deusa (19.37);
37.O termo correto para aquele tribunal (19.38);
38.O uso do plural anthupatoí (procônsules), talvez uma notável referência ao
 fato de que dois homens estavam exercendo em conjunto a função de procônsul naquela época (19.38);
39.A assembléia "regular", cuja frase precisa é atestada em outros lugares
 (19.39);
40.O uso de designação étnica precisa, beroíaios (20.4);
41.O uso do termo étnico asíanos (20.4);
42.O reconhecimento implícito da importância estratégica atribuída à cidade de
Trôade (20.7s);
43.O período da viagem costeira naquela região (20.13);
44.A seqüência correta de lugares (20.14,15);
45.O nome correto da cidade como um plural neutro (Patara) (21.1);
46.O caminho correto passando pelo mar aberto, ao sul de Chipre, favorecido
 pelos fortes ventos noroeste (21.3);
47.A correta distância entre essas cidades (21.8);
48.Um ato de piedade caracteristicamente judeu (21.24);
49.A lei judaica considerando o uso que os gentios faziam da área do templo
 (21.28. Descobertas arqueológicas e citações de Josefo confirmam que os
 gentios poderiam ser executados por entrarem na área do templo. Em uma
 dessas descrições, pode-se ler: "Que nenhum gentio passe para dentro da
balaustrada e do muro que cerca o santuário. Todo aquele que for pego será
pessoalmente responsável por sua conseqüente execução".);
50.A presença permanente de uma coorte romana (chiliarch) em Antônia para
 reprimir qualquer perturbação na época das festas (21.31);
51.O lance de escadas usado pelos soldados (21.31,35);
52.A maneira comum de obter-se a cidadania romana naquela época (22.28);
53.O tribunal ficando impressionado com a cidadania romana, em vez da
 tarsiana (22.29);
54.Ananias como sumo sacerdote daquela época (23.2);
55.Félix como governador daquela época (23.34);
56.O ponto de parada natural no caminho para Cesaréia (23.31);
57.Em qual jurisdição estava a Cilícia naquela época (23.34);
58.O procedimento penal da província naquela época (24.1-9);
59.O nome Pórcio Festo, que concorda perfeitamente com o nome dado por Josefo (24.27);
60.O direito de apelação dos cidadãos romanos (25.11);
61.A fórmula legal correta (25.18);
62.A forma característica de referência ao imperador daquela época (25.26);
63.A melhor rota marítima da época (27.5);
64.A ligação entre Cilícia e Panfília (27.5);
65.O principal porto para se encontrar um navio em viagem para a Itália
(27.5,6);
66.A lenta passagem para Cnido, diante dos típicos ventos noroeste (27.7);
67.A rota correta para navegar, em função dos ventos (27.7);
68.A localização de Bons Portos, perto da cidade de Laséia (27.8);
69.Bons Portos não era um bom lugar para permanecer (27.12);
70.Uma clara tendência de um vento sul daquela região transformar-se
repentinamente num violento nordeste, muito conhecido e chamado gregale
(27.13);
71.A natureza de um antigo navio de velas redondas que não tinha opção,
senão ser conduzido a favor da tempestade (27.15);
72.A localização precisa e o nome desta ilha (27.16);
73.As manobras adequadas para a segurança do navio nesta situação em
particular (27.16);
74.A 14ª noite — um cálculo notável, baseado inevitavelmente numa
composição de estimativas e probabilidades, confirmada pela avaliação de
 navegantes experientes do Mediterrâneo (27.27);
75.O termo correto de tempo no Adriático (27.27);
76.O termo preciso (bosílantes) para captar sons e calcular a profundidade
correta do mar perto de Malta (27.28);
77.Uma posição que se encaixa na provável linha de abordagem de um navio
liberado para ser levado pelo vento do leste (27.39);
78.A severa responsabilidade dos guardas em impedir que um preso fugisse
(27.42);
79.O povo local e as superstições da época (28.4-6);
80.O título correto protos tes nesou (28.7);
81.Régio como um refúgio para aguardar um vento sul para que pudessem
 passar pelo estreito (28.13);
82.Praça de Ápio e Três Vendas corretamente definidos como locais de parada
 da Via Ápia (28.15);
83.Forma correta de custódia por parte dos soldados romanos (28.16);
84.Condições de aprisionamento, vivendo "na casa que havia alugado" (28.30,31).

Via
Sandro Nascimento

O ARGUMENTO COSMOLÓGICO SOBRE A EXISTÊNCIA DE DEUS EM TOMÁS DE AQUINO - Síntese.

BY WILLIAM LANE CRAIG.

Desde Platão, filósofos e teólogos  sempre tentaram  encontrar uma base racional para a fé em Deus. [...] Só há esperança de solução para o predicamento humano se houver Deus. Portanto, a questão da existência de Deus é vital para  nós hoje. A maior parte das pessoas talvez concorde que essa questão é de grande importância existencial, mas, ao mesmo tempo, nega que seja suficientemente importante para que mereça  alguma argumentação. Para o senso comum, é impossível provar a existência de Deus e, por isso, se queremos crer em Deus, devemos aceitar pela fé que ele existe.

Os últimos 50 anos, porém, testemunharam um ressurgimento notável do interesse pela Teologia natural, ramo do conhecimento teológico que procura fundamentar a crença na existência de Deus servindo-se de recursos que não os da revelação proposicional de caráter inquestionável. Atualmente, ao contrário do que ocorria há apenas uma geração, a Teologia natural é um campo de estudos pulsantes.

No dia 08 de abril de 1966, a revista Time estampou em sua capa três palavras  apenas impressa na cor vermelho sobre um fundo preto: “Deus estar morto”. O artigo debruçava-se sobre o movimento vigente  entre teólogos americanos que proclamavam a morte de Deus. Ao mesmo tempo, porém, que os teólogos escreviam  o obituário de Deus, uma nova geração de filósofos redescobria sua vitalidade. Poucos anos depois da edição em que a Time  dedicara sua capa á morte de Deus, a revista saía com uma capa nos mesmos tons vermelho e preto em que fazia agora a seguinte pergunta: “Será a Ressurreição de Deus”? deve ter sido essa a impressão daqueles teólogos com vocação para agente funerário da década de 1960! Durante a década de 1970, o interesse pela filosofia da religião continuou a crescer até que, em 1980, a Time achou que era hora de publicar mais uma reportagem especial: “Defesa de Deus se moderniza”, em que descrevia o movimento entre os filósofos contemporâneos empenhados em renovar os argumentos tradicionais a favor da existência de Deus. A revista constatava  admirada: Numa revolução silenciosa do pensamento e da argumentação que seria praticamente impensável há vinte anos atrás. Deus está de volta. O mais interessante é que esse retorno não está ocorrendo entre teólogos ou crentes comuns, e sim nos círculos intelectuais arejados da filosofia acadêmica, em que o consenso banira há tempos o Todo-Poderoso do discurso frutífero.

De acordo com o artigo, o falecido Roderick Chisholm atribuía a grande influência do ateísmo sobre a geração passada aos filósofos mais renomados são teístas e recorrem a um aparato intelectual rigoroso até então ausente para a defesa da fé nesse embate.

“Os naturalistas assistiam passivamente enquanto versões realistas do teísmo, influenciados, sobretudo, pelos escritos de Plantinga, iam varrendo a comunidade filosófica de tal forma que, hoje, talvez um quarto ou um terço dos professores de filosofia sejam teístas, a maioria deles cristãos ortodoxos [...] Os teístas de outros campos geralmente isolam suas crenças teístas do seu trabalho acadêmico. Eles raramente assumem seu teísmo e jamais procuram defendê-lo em suas atividades profissionais. Se o fizessem estariam cometendo suicídio acadêmico ou, para ser mais exato, seus artigos seriam sumariamente rejeitados [...] Na filosofia porém, tornou-se “academicamente respeitável” quase que da noite para o dia defender o Teísmo, fazendo da filosofia em nossos dias um campo favorável penetração, no meio universitário, dos teístas mais inteligentes e talentosos”.

O autor concluí que ‘Deus não está morto’ no mundo acadêmico; ele ressuscitou dos mortos em fins da década de 1960 e agora está vivo e ativo em sua fortaleza acadêmica derradeira: “os departamentos de filosofia”. Esse é o  testemunho de um filósofo ateu destacado sobre a mudança ocorrida na filosofia anglo-americana diante dos seus olhos. Acho que ele talvez esteja exagerando quando diz que um quarto ou talvez um terço dos filósofos cristãos nesse campo. Hoje, todos os argumentos tradicionais  a favor da existência de Deus contam com defensores renomados e inteligentes que defendem seus argumentos em livros publicados pelas mais prestigiosas  editoras acadêmicas, em artigos veiculados em publicações profissionais de filosofia e em papers apresentados em reuniões de sociedades filosóficas profissionais.

Agora, os ateus estão no contra-ataque. Depois dos atentados terroristas de 11 de setembro pela jihad islâmica, os secularistas se tornaram muito mais agressivos, tanto nos EUA quanto na Europa, denunciando as diversas crenças religiosas  com fervor quase evangélico. Misturando cristãos evangélicos com terroristas islâmicos, autores bem sucedidos como Richard Dawkins, Daniel Danett e Sam Harris fazem a defesa do ateísmo em best-sellers e chamam a atenção para o efeito desastroso da fé religiosa para a sociedade. Por trás das obras desses autores, muito apreciados pelo público, há críticas bem mais substanciais aos argumentos teístas feitas por gente como J. Howard Sobel em Logic and theism [Lógica e Teísmo] e Michel Martin em Companion to atheism [Manual de Ateísmo]. Assistimos atualmente a uma batalha formidável pela mente e pela alma do nosso país, e os cristãos não podem ficar indiferentes a ela.

TOMÁS DE AQUINO E O ARGUMENTO COSMOLÒGICO - A EXISTÊNCIA DE DEUS.

Em contraste com o argumento ontológico, o argumento cosmológico parte do pressuposto de que algo existe e, com base nesse algo existente, chega-se á existência de uma causa primeira ou razão suficiente do cosmo. Esse argumento tem suas raízes em Platão e Aristóteles e foi desenvolvido na Idade Média  por pensadores islâmicos, judeus e cristãos. Tem em sua defesa as mentes mais formidáveis de Platão, Aristóteles, Ibn Sina [Avicena], Al-Ghazali [Algazel], Ibn Rushd [Averróis], Maimônides, Anselmo, Tomás de Aquino, Scotus Erígena, Descartes, Espinoza, Berkeley, Locke e Leibniz. Na verdade o argumento cosmológico consiste em uma família de diferentes argumentos que, para maior conveniência, podem ser agrupados em três tipos principais.

O argumento cosmológico tomista baseia-se na impossibilidade de um regresso  infinito de causas que operem simultaneamente. Ele busca uma causa que seja primeira, não no sentido temporal, mas no sentido hierárquico ou de origem . embora Tomás de Aquino (1225-1274) não seja o autor dessa linha de pensamento, ficou célebre por tê-lo resumido em suas cinco vias em ​que prova a existência de Deus. Analisaremos as três primeiras , que são versões diferentes do argumento em defesa de uma causa primeira.

A primeira via apresenta a prova da existência de um motor imóvel tomando por base  o movimento. Vemos no mundo que as coisas estão em movimento. Contudo, tudo o que se move é movido por outra coisa qualquer. Isso porque uma coisa que tenha o potencial de se mover não pode transformar em ato  seu próprio potencial. É preciso que alguma outra coisa  faça com que ela se mova. Essa outra coisa, porém, também é movida por alguma outra coisa que, por sua vez, também é movida  por outra e assim por diante. Ora, essa série de coisas movidas por outras não pode prosseguir assim indefinidamente, e isso porque em tal série, as causas intermediárias não tem poder próprio, já que são meros instrumentos de uma causa primeira.

É importante não esquecer que Tomás de Aquino pensa aqui em causas que agem todas simultaneamente, como as engrenagens de uma máquina, e não sucessivamente, como as peças de um dominó que caem uma depois da outra. Portanto, se eliminarmos  a causa primeira, o que restará serão apenas causas instrumentais destituídas de poder. Não importa o número dessas causas  é infinito, mesmo assim elas não poderiam causar coisa alguma. Um relógio não pode funcionar senão tiver uma mola, mesmo que tivesse  um número infinito de engrenagens; um trem não poderia se mover se não tivesse motor, mesmo que tivesse um número infinito de vagões. Tomás de Aquino  conclui que deve haver uma causa primeira  de movimento  em toda a série causal. Para todas as coisas semoventes – entre elas, os seres humanos, os animais e as plantas  - isso seria a alma individual, que é o motor imóvel. As almas, porém, surgem e se vão, e por isso não podem ser a causa do movimento,  das esferas celestes. Para dar conta do movimento cósmico, temos de postular  a existência de um motor imóvel absoluto, a primeira causa de todo movimento que é Deus.

A segunda via  procura provar a existência da causa primeira da existência com base na causação existente no mundo. Observamos que as causas estão organizadas em séries. Nada pode causar a si mesmo, caso contrário teria de conferir existência a sí mesmo, o que é impossível. Tudo o que é causado, portanto, é causado por alguma outra coisa. Tomás de Aquino tem em mente aqui o mesmo tipo de série causal  simultânea que tinha na primeira via, exceto que agora as causas são causas da existência , e não do movimento. A existência  de qualquer objeto depende de todo um conjunto de causas contemporâneas, cada uma das quais depende, por sua vez, de outras causas e assim por diante. Contudo, tal série causal não pode prosseguir  infinitamente pela mesma razão explicada acima. Portanto, deve haver uma causa primeira da existência de tudo o mais, e que simplesmente não foi causada. A esta causa todos chamam “Deus”.

A terceira via é a prova da existência de um ente necessário, absoluto com base na existência de entes contingentes. Deparamos no mundo com entes cuja existência não é necessária, mas apenas possível. Em outras palavras, esses entes não tem de existir, porque os vemos surgir e desaparecer. Se fossem necessários, existiriam sempre. Nem, todos os entes, porém, podem ser contingentes, porque se tudo fosse mera contingência, segue-se que, em algum momento no tempo, tudo deixaria de existir. Tomás de Aquino pressupõe aqui a eternidade passada do mundo e parece raciocinar assim: no tempo infinito, todas as possibilidades se concretizariam. Portanto  se todo ente, inclusive a própria matéria, fosse um ente contingente  apenas seria possível que nada existisse. Por conseguinte, em face do tempo passado infinito, essa possibilidade seria concretizada  e não existiria coisa alguma. Todavia, nada existiria hoje, uma vez que do nada, nada surge. Visto que isso é obviamente absurdo, nem todos os entes podem ser contingentes. Um ente, ou alguns entes, devem ser necessários. De fato, Tomás de Aquino acreditava  que muitos entes eram necessários: os corpos celestes, os anjos e  a própria matéria.

Ele prossegue indagando onde esses entes necessários vão buscar sua necessidade de ser em sí mesmo ou em outro? Tomás de Aquino faz distinção aqui entre a essência  e a existência de uma coisa. A essência  de uma coisa é sua natureza, aquele conjunto de propriedades que ela deve possuir para ser o que é. Por exemplo, a essência do homem e a “animalidade racional”. Se faltasse a uma coisa qualquer uma dessas,  propriedades, não seria um homem. A existência de uma coisa por outro lado, é seu ser. Portanto, se um ente não é necessário em sí mesmo, isso significa que sua essência difere da sua existência. Não faz parte da  sua natureza existir. Posso, por exemplo,  pensar na natureza de um anjo sem jamais saber se um anjo existe de fato ou não. Sua essência difere da sua existência. Portanto, para que tal ente exista, algo mais deve associar á sua essência um ato de existência. Desse modo, ele passaria a existir. Contudo, não pode haver uma regressão infinita de entes necessários que derivem de outros sua existência (o raciocínio é o mesmo já observado na primeira via em relação á regressão infinita). Portanto, deve haver um ente primeiro que absolutamente é necessário em sí mesmo. Nesse ente, essência e existência não são coisas distintas. De algum modo misterioso, sua natureza é sua existência. Portanto, de acordo com Tomás de Aquino, Deus é o Ente que subsiste em sí mesmo (ipsum esse subsistens). Deus é o Ente puro e é fonte do ser para tudo o mais, cujas essências não coincidem com sua existência.
Enfim, concluímos, segundo cita McGRATH aludindo a Tomás de Aquino: “que Deus, Ele é, ao mesmo tempo, o arquiteto desse mundo, e sua causa primeira. Deus criou o mundo e imprimiu sua imagem e semelhança divina em sua criação”, (McGRATH. 2005. pg 95).

FONTE.

1. CRAIG, William Lane. Apologética Contemporânea – A Veracidade da Fé Cristã. Trad. A. G. Mendes, Hans Udo Fuchs e Waldemar Kroker. S. Paulo. 2012. Edições Vida Nova. pg 90-94.

2. McGRATH, Alister E. Teologia sistemática, histórica e filosófica - Uma introdução à Teologia Cristã. S. Paulo. 2005. Sheed. 
859 pg.

VIA LEONARDO MELO