sábado, 4 de julho de 2020

O Movimento Hare Krishna

A Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna, ou simplesmente ISKCON(International Society for Krishna Consciousness) é uma associação religiosa, filosófica e cultural derivada do Hinduísmo vaishnava. Fundada em 1966 na cidade de Nova York pelo pensador indiano A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada (Srila Prabhupada), é conhecida popularmente como Movimento Hare Krishna e atualmente possui mais de 350 centros culturais, 60 comunidades alternativas, 50 escolas e 60 restaurantes no mundo todo.

A partir da década de 1970, sob a liderança de Hridayananda Goswami, o Movimento Hare Krishna chegou ao Brasil, onde estabeleceu diversos templos e comunidades nos anos que se seguiram.

Os propósitos da ISKCON

Ao fundar a ISKCON, Srila Prabhupada elaborou sete propósitos para a união no espírito de devoção, cultivando a pura consciência a serviço amoroso de Deus. São eles:

1. Propagar o conhecimento espiritual entre as sociedades a fim de educar todas as pessoas nas técnicas da vida espiritual, restabelecendo o equilíbrio dos valores na vida e, finalmente, alcançando a verdadeira união e paz mundiais;
2. Propagar a consciência de Krishna (Deus), assim como foi revelada nas grandes escrituras da Índia, o Bhagavad-gita e o Srimad Bhagavatam;
3. Unir os membros da sociedade e torná-los mais próximos de Krishna (a entidade primordial). Isto fará com que cada alma (tanto dos membros, como da sociedade) seja parte integrante de Krishna;
4. Ensinar e encorajar o movimento de sankirtana – o canto congregacional do santo nome de Deus – tal como foi revelado nos ensinamentos do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu;
5. Erguer, para os membros da sociedade e demais, um local sagrado de passatempos transcendentais dedicado à personalidade de Krishna;
6. Manter os membros unidos com a finalidade de ensinar um modo de vida mais simples e natural;
7. Publicar e distribuir periódicos, revistas e livros com os propósitos acima mencionados.

Ensinamentos básicos
A filosofia Hare Krishna é muito vasta, mas os ensinamentos básicos são:

1. Crença em um único Deus, mas que tem infinitos nomes e infinitas formas conforme Suas infinitas qualidades. O nome principal de Deus é Krishna, que significa “O Todo-Atrativo”, e, portanto, engloba todas as demais qualidades.
2. Krishna possui seis opulências principais: beleza, inteligência, força, fama, riqueza e renúncia. Tem o corpo azulado, rosto juvenil, e gosta de tocar flauta e brincar em companhia de Seus servos e servas em Sua morada espiritual.
3. Não somos o corpo, mas almas espirituais eternas, plenas de conhecimento e bem-aventurança.
4. A alma espiritual vem ao mundo material por ilusão. Todos os seres vivos (plantas, animais e seres humanos) são almas espirituais, presas a um ciclo de nascimentos e mortes na Terra e em outros planetas materiais. Conforme suas ações em vida, a alma recebe um corpo apropriado após a morte. Isso é denominado karma.
5. Na forma de vida humana a alma tem a oportunidade de voltar ao mundo espiritual. Para isso, deve desenvolver “consciência de Krishna” – reviver sua consciência espiritual original que está adormecida e, assim, servir a Deus com amor espontâneo. De acordo com os Vedas, se a pessoa não pratica algum tipo de espiritualidade, sua vida é idêntica à dos animais: resume-se em comer, dormir, defender-se e acasalar-se.

O sistema doutrinário dos seguidores de Prabhupada não está limitado à questão teológica: abrange todos os campos do comportamento humano, como alimentação, vestuário, organização familiar, etiqueta, organização social, economia, higiene, arquitetura, belas artes, música, dança, literatura, astrologia, concepções pedagógicas, técnicas agrícolas e pecuárias, etc. Enfim, é um sistema completo e com características bastante peculiares, que muitas vezes destoam daquilo que os ocidentais considerariam comum.

Maha-mantra

”Hare Krishna Hare Krishna
Krishna Krishna Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama Hare Hare”

Essa composição é denominada maha-mantra, ou seja, o “Grande Canto para a Liberação”. Durante muitos milênios, era conhecido somente na Índia, e apenas pelos brâmanes que estavam em graus muitíssimo avançados de austeridade e erudição. No século XVI, Caitanya Mahaprabhu divulgou o maha-mantra à população em geral, sem fazer distinção de idade, cor, sexo, casta ou religião. E no século XX, o mantra Hare Krishna disseminou-se por todos os continentes graças ao trabalho de Srila Prabhupada. Afinal, Caitanya Mahaprabhu profetizara que um dia até as menores vilas e aldeias ouviriam o cantar de Hare Krishna.

A palavra Hare é uma invocação à energia divina. A palavra Krishna significa a Suprema Personalidade de Deus, o Todo-Atrativo. E a palavra Rama é outro nome de de Deus que significa “o reservatório de prazer, a bem-aventurança, a felicidade eterna”. O maha-mantra não tem, por assim dizer, uma tradução literal, mas segundo Srila Prabhupada, enquanto canta a pessoa deve mentalizar a seguinte prece: “Ó Senhor Todo-Atrativo! Ó energia do Senhor! Por favor, ocupai-me no Vosso serviço!”.

Acredita-se que cantar Hare Krishna coloca a pessoa em um contato direto e perfeito com Deus. Em outras eras, usava-se outros processos para alcançar Deus, como meditação, sacrifícios, penitências, etc, mas na era atual (Kali Yuga, a era da hipocrisia e das desavenças) o cântico desse mantra é o processo mais simples, fácil, prático e agradável para unir-se a Deus e libertar a própria alma.

Não há regras rígidas para cantar o mantra Hare Krishna. Pode ser cantado mentalmente, murmurando ou em voz alta. Pode ser simplesmente recitado, ou então cantado com diferentes melodias. Pode ser cantado a qualquer hora do dia e da noite, e em qualquer lugar, inclusive enquanto se executa outras atividades.

Os membros oficiais da ISKCON, que passaram pela cerimônia de iniciação, usam um rosário denominado japa-mala, composto de 108 contas feitas da madeira tulasi. Eles comprometem-se a cantar um mínimo de 16 voltas do rosário diariamente, o que corresponde a cantar Hare Krishna 1728 vezes por dia.

A repetição do mantra pode levar a êxtases, estados alterados de consciência, e é comum que durante o canto os devotos manifestem o êxtase através de arrepios, alterações de voz, gritos, choros, gargalhadas, etc. Mas o primeiro sintoma do êxtase é o ímpeto de dançar à medida que se canta o mantra.

Princípios reguladores

Srila Prabhupada estabeleceu quatro regras morais indispensáveis para que se possa levar uma vida sadia, pura, civilizada e mais próxima de Deus. Essas regras são chamadas os Princípios Reguladores:

- não comer carne, peixe ou ovos. A ISKCON propõe o lacto-vegetarianismo como o regime alimentar ideal para o ser humano, visto que dispensa a violência desnecessária contra os animais.
- não praticar sexo ilícito. Relações sexuais só são autorizadas dentro do casamento. A luxúria, a busca de desfrute sexual, é apontada por Prabhupada como o maior inimigo da alma, pois faz com que a entidade viva se esqueça de Krishna e se apegue cada vez mais ao corpo.
- não participar de jogos de azar. Eles indiscutivelmente aumentam a ira, a inveja, a ansiedade e a cobiça.
- não usar intoxicantes: álcool, fumo, maconha, cocaína, drogas em geral e qualquer produto que contenha cafeína. Usar estas substâncias obscurece sem necessidade a mente, que já está obscurecida por toda a espécie de conceitos materiais de vida.

Princípios adicionais

Além de cantar Hare Krishna, não comer carne, não praticar sexo ilítico, não jogar e não se intoxicar, os membros e simpatizantes da ISKCON seguem outros padrões de conduta tais como:
- leitura dos livros de Prabhupada. Acredita-se que a leitura com espírito de devoção equivale a estar pessoalmente em contato com o mestre espiritual.
- oferecer o alimento a Krishna antes de consumi-lo. Os devotos não comem nem bebem nada sem primeiramente oferecê-lo a Krishna com mantras e orações específicos. Assim, a comida se torna prasadam, ou seja, alimento sagrado.
- adoração à deidade. A deidade é uma escultura ou pintura de Krishna presente nos templos e nos altares domésticos, e é tratada como um hóspede de honra. Os devotos adoram a deidade oferecendo alimentos, água, flores, incensos, velas e outros elementos; prostrando-se, cantando e dançando diante dela; recitando mantras e preces.
- associação com os devotos. Dá-se preferência à companhia de outras pessoas conscientes de Krishna e evita-se os relacionamentos com pessoas que possam ser obstáculo ao caminho do avanço espiritual.
- peregrinações aos lugares sagrados, tais como Vrindavan, onde Krishna passou a infância e a adolescência.

Alimentos para a Vida

Uma das mais belas iniciativas do Movimento Hare Krishna é o programa “Food for Life” (Alimentos para a Vida), que promove a distribuição gratuita de comida lacto-vegetariana entre as populações que vivem abaixo do limiar de pobreza.

O programa “Food for Life” foi criado por Srila Prabhupada em Mayapur no ano de 1972, depois de ter visto as crianças disputando comida com os cães, nas ruas da aldeia.

Srila Prabhupada então declarou: “Ninguém deve passar fome num raio de 10km de nossos templos”. O movimento Food for Life tem desempenhado um papel importante no combate à fome, afirmando-se como o maior serviço de auxílio alimentar vegetariano do mundo. Serviu mais de 58 milhões de refeições vegetarianas nas duas últimas décadas. Além da sua excelente missão de ajuda aos sem-abrigo, este programa permite dar a conhecer a comida vegetariana a um grande número de pessoas, promovendo assim o vegetarianismo enquanto estilo de vida mais saudável, ético e ecológico.

Festival de domingo

Aos domingos, os templos Hare Krishna abrem as portas para um Festival do qual todos podem participar. Devotos e visitantes cantam, dançam, assistem uma palestra sobre algum tópico espiritual, e por fim saboreiam prasadam, deliciosas preparações lacto-vegetarianas oferecidas à Deidade.

Ratha-Yatra

As principais cidades em que o Movimento está estabelecido realizam anualmente o festival denominado Ratha-Yatra (“Festa das Carruagens”). As deidades saem às ruas numa pomposa carruagem, acompanhadas por muitos carros alegóricos, cânticos e bailados sagrados.

A comemoração tem origem nos desfiles realizados em Puri, na Índia. O primeiro Ratha-Yatra do mundo ocidental foi realizado em 1968, na cidade de San Francisco, por iniciativa de Prabhupada e seus discípulos.
Relacionamento com outras religiões

Prabhupada nunca considerou sua instituição a única forma de elevar o ser humano a um contato com Deus. Assim, a ISKCON respeita todos os movimentos religiosos, apesar de considerar que algumas formas de religiosidade são mais avançadas e genuínas que outras.

Participam de encontros ecumênicos, evitam criticar outras religiões, não insistem para que ninguém abandone sua religião e afilie-se à ISKCON, e reconhecem a validade de escrituras como a Bíblia, a Torá e o Alcorão. Atribuindo também o reconhecimento espiritual de Grandes Mentes como Moisés, Jesus, Sidarta Gautama (o Buda) e até mesmo o grande profeta Islã Maomé

Por Rafael Félix.

Existe uma oposição leal no Ateísmo e no Novo Ateísmo?


Por Walson Sales

Norman Geisler vê um lado positivo no ateísmo e eu concordo com ele neste ponto. É o que ele chama de “A oposição leal”. Os ateus são a oposição leal dos teístas. É difícil ver as falhas do próprio pensamento. Os ateus servem de corretivo para raciocínios teístas inválidos. Seus argumentos contra o teísmo devem fazer cessar o dogmatismo e abrandar o zelo com que muitos crentes desprezam espontaneamente a incredulidade. Na verdade, os ateus desempenham um papel importante de corretivo para o pensamento teísta. Monólogos raramente produzem um raciocínio refinado. Sem ateus, os teístas não teriam uma oposição significativa com que dialogar e explicar seus conceitos de Deus (GEISLER, 2002, p. 85). Paul Copan destaca que os ateus estão certos em denunciar as manifestações de ignorância, imoralidade, hipocrisia e violência praticadas por crentes religiosos de todas as confissões (2016, p. 15).
O problema é: até que ponto essa oposição é leal? Ou seja, até que ponto os Novos Ateus se afastam da oposição leal dos ateus tradicionais e adentram um mundo sombrio de acusações descabidas, argumentos mal fundamentados, ignorância dos argumentos da teologia natural, generalizações grotestas e estereótipos intencionais? Por exemplo, dos dois debates que vi o ateu Antony Flew em ação, ele foi bastante respeitoso e expôs suas razões a favor do ateísmo de forma bem franca. Quando debateu com o Craig, os fundamentos que Flew utilizou para sustentar seu ateísmo na sua “palestra de abertura”, foram: 1. A limitação do conhecimento humano, restrito apenas as coisas dentro do universo; 2. A afirmação de que o universo é um fato bruto que não necessita de um começo e que caso tenha tido um começo, lá é onde devemos parar e não ir mais além; 3. Temos que acolher a possibilidade de que não é ridículo pensar que o universo surgiu do nada; 4. A afirmação de que um Deus Onipotente e Onisciente criaria pessoas que fariam exatamente o que Deus quereria que fizessem; 5. Ele compara a condenação a uma tortura eterna; 6. Acha incoerente existir um ser sem corpo; 7. Afirma que se o tempo teve um início, porque não devemos postular um inicio para Deus? 8. Que acha ser impossível existir algo “fora do universo”; entre outros (WALLACE, 2003, p. 24, 25). Quando debateu com o Professor H. D. Lewis, Flew assume que 1. O universo teve um início, mas nega ser um agente sobrenatural a causa; 2. Afirma que há outras possibilidades naturais para a origem do universo; 3. Afirma que se o universo teve um início, esse mesmo início deve ser aplicado a essa primeira causa; 4. Reitera a pergunta perene: “se Deus criou o universo, quem criou Deus?” (MARGENAU; VARGHESE, 1992, p. 236).
Respondendo aos pontos do primeiro debate citado:
1. Nós, os Cristãos, não afirmamos ter conhecimento fora dos limites do universo, apenas evocamos as implicações claras que apontam que se o tempo, espaço, matéria tiveram um início absoluto, logo essa causa do universo não está sujeito ao tempo (é eterno), criou o espaço (está fora do espaço), criou a matéria (é incorpóreo, é espírito). Todas essas características estão presentes no Deus do Teísmo;
2. Afirmar que o universo é um fato bruto significa que Flew defende uma dessas duas opções: a. o universo não teve um começo; b. o universo teve um começo, mas é autocausado, o que é um absurdo para as duas opções;
3. Apesar de Flew querer negar, é ridículo sim, pensar que o universo surgiu do nada, pois do nada, nada vem;
4. Existem coisas que um Deus onipotente não pode fazer, pois são impossíveis lógicos. Deus não pode fazer/determinar com que uma pessoa realize uma ação livre, pois uma ação livre não pode ser determinada;
Esse ponto 4 merece uma atenção maior e vou dedicar um espaço maior aqui e abordar esse desadio dos ateus de forma mais didática para mostrar que Deus não pode realizar impossibilidades lógicas. Vamos analisar o desafio chamado de O Paradoxo da Pedracom uma explicação dos filósofos Charles Taliaferro e Elsa Marty. Os quebra-cabeças surgem com relação à onipotência de duas maneiras: interna e externamente. Os quebra-cabeças internos dizem respeito apenas ao próprio atributo, enquanto os quebra-cabeças externos surgem quando o atributo é comparado com outros atributos divinos, como a bondade essencial. A mais famosa das dificuldades internas é concebida em termos de uma tarefa que um ser onipotente não pode realizar. Aqui está uma versão, às vezes chamada de "O Paradoxo da Pedra".
1. Um ser onipotente é capaz de realizar qualquer ato.
2. Se Deus é onipotente, Deus pode criar uma pedra tão pesada que ninguém pode levantá-la.
3. Se Deus é onipotente, Deus pode levantar qualquer pedra.
4. Mas se Deus pode levantar qualquer pedra, Deus não pode criar uma pedra tão pesada que ninguém possa levantá-la.
5. E se Deus pode criar uma pedra tão pesada que ninguém possa levantá-la, então pode haver uma pedra que nem mesmo Deus pode levantar.
6. Há pelo menos um ato que Deus não pode realizar.
7. Portanto, Deus não é onipotente. (Alguns argumentam de forma mais radical que, como Deus deve ser onipotente para ser Deus, isso prova que Deus não existe.)
A maneira mais comum de resolver esse quebra-cabeça é corrigir a premissa 1 assim: Um ser onipotente é um ser capaz de realizar qualquer ato possível. Não pode haver uma pedra tão pesada que um ser capaz de levantar qualquer pedra não possa levantá-la. Só parece possível se estivermos realmente imaginando um ser menos poderoso que Deus. Nós, como seres humanos, podemos construir objetos tão pesados que não podemos levantá-los, mas um ser como Deus que pode realizar qualquer coisa possível, não pode (por razões lógicas) criar um objeto que Deus não pode levantar.
Achamos que esta é uma resposta decisiva para "O Paradoxo da Pedra". Não há necessidade de realizar acrobacias filosóficas, como alguns filósofos fazem, argumentando que Deus pode fazer o que é logicamente incoerente ou pode optar por limitar os próprios poderes de Deus (criar uma pedra e optar por não conseguir levantá-la). Parte do problema com esse argumento, a propósito, é que, ao insistir que a onipotência inclua a capacidade de fazer o que é logicamente incoerente, ela remove nossa capacidade de pensar sobre esses assuntos (TALIAFERRO e MARTY, 2009). Tendo esse ponto bem explicado, podemos continuar abordando rapidamente cada ponto levantando por Flew.
5. A condenação é uma tragédia, o que não significa que os seres humanos não tiveram chance de fugir desse destino horrível. Aqui Flew faz um apelo emocional;
6. Deus é espírito, fora do tempo, o que por definição, não pode ter um corpo. Essa é uma das problemáticas abordadas no capítulo sobre o Teísmo, onde iremos discutir sobre A Coerência do Teísmo;
7. Liga o início do tempo ao possível início de Deus, o que é uma contradição lógica por se tratar de um ser eterno;
8. Acha impossível existir algo fora do universo por pensar no universo como “tudo o que existe”, ou seja, um argumento circular.
Sobre o segundo debate,
1. Defende um universo com um começo e sem uma causa, o que é um absurdo;
2. Afirma que há outras possibilades para o início do universo, mas não oferece nenhuma possibilidade;
3 e 4. Pergunta: se Deus criou o universo, quem criou Deus? Perceba que os argumentos são repetitivos, circulares e interdependentes. Eu estava apresentando um trabalho no curso de Filosofia da UFPE sobre as Cinco Vias em Tomáz de Aquino e quando estava falando, uma aluna me interrompeu e fez exatamente esta pergunta: “Se Deus criou o universo, quem criou Deus?” Respondi em duas partes: 1. Meu filho me fez essa pergunta aos 6 anos de idade; 2. Deus é eterno por definição, o que implica dizer que Deus é um ser incriado. Reformulando sua pergunta e colocando na sua pergunta o termo “ser incriado” no lugar de Deus, ficaria assim: se o ser incriado criou o universo, quem criou o ser incriado? Ela não respondeu mais nada.
Apesar de Flew defender pontos absurdos, ele o faz com respeito, pensamento crítico e inquirição sincera, diferente dos Novos Ateus, como veremos em escritos posteriores.
Aqui encerro este pequeno artigo alertando os amados sobre esses argumentos dos ateus que são recorrentes em quase todos os diálogos e precisamos estar alertas, pois os Novos Ateus usam estes mesmos argumentos de forma agressiva e desdenhosa para tentar desestabilizar o oponente. Deixe-o expressar seu ponto de vista compare com o seu: você estará aplicando a inferência da melhor explicação e verá que a resposta Cristã é mais bem fundamentada.

Referências:
COPAN, Paul. Deus é um Monstro Moral? Entendendo Deus no Contexto do Antigo Testamento (Tradução Walson Sales). Maceió: Editora Sal Cultural, 2016
GEISLER, Norman L. Enciclopédia de Apologética (tradução Lailah de Noronha). São Paulo: Editora Vida, 2002.
MARGENAU, Henry; VARGHESE, Roy Abraham. Cosmos, Bios, Theos: Scientists Reflect on Science, God, and the Origins of the Universe, Life, and Homo Sapiens.Chicago, Illinois: Open Court Publishing Company, 1992
TALIAFERRO, Charles; MARTY, Elsa J. The Coherence of Theism.In COPAN, Paul; CRAIG, William Lane (General Editors). Contending with Christianity’s Critics: Answering New Atheists & Other Objectors. Nashville, Tennessee: B&H ACADEMIC, 2009.
WALLACE, Stan W. (ed.). Does God Exist? The Craig-Flew Debate. Burlington, USA: Ashgate Publishing, 2003

Notas:
[1] Você pode assistir ao debate completo (legendado) neste link: https://deusamouomundo.com/apologetica/deus-existe-debate-completo-craig-x-flew/; e a palestra de abertura de Willian Lane Craig no mesmo debate, neste link: https://deusamouomundo.com/apologetica/deus-existe/


O altar de Incenso (Êx 30.1-9; 34-38)


O incenso é símbolo de nossas orações ( Sl 141.2; Ap 5.8; 8.3). Este altar ficava diante do véu (Êx 30.6), porque nossas orações são dirigidas à presença de Deus. O Incenso era feito por uma receita especial que não podia ser usada para fins humanos.
Nossa oração tem uma forma peculiar, diferente das petições dirigidas aos homens.
O crente foi redimido pelo sacrifício de Jesus, agora tem direito de ir ao lugar das orações: a oração é o contato com Deus, a comunhão e a adoração.
Para Deus, o Incenso queimado era considerado como "cheiro suave". As orações feitas segundo a sua vontade, são coisas agradáveis para Ele.
A oração expressa humildade, porque aquele que ora não confia em si mesmo. Deus dá graça aos humildes.
Ao mesmo tempo expressa fé. Apelando para Deus, o pecador salvo confia na solução de seus problemas e necessidades. 
Quem pede recebe alguma benção (Mt 7.7). Quem pede exatamente conforme a vontade de Deus, recebe exatamente o que pede (Jr 29.12; 1 Jo 3.22; 5.14).
 A harmonia entre Deus e o crente é referida em algumas frases bíblicas: "Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu coração" (Sl 37.4). "E buscar-me-eis, e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração" (Jr 29.13).
O Incenso para o crente é também adoração (1 Ts 5.18; Ef 5.20). Nossa oração tem de apresentar a Deus não somente súplica, mas adoração e louvor, que lembra agradecimento.
Além de ser aplicado a nós, o Altar de incenso é tipo de Jesus Cristo, nosso Mediador. Ele roga ao pai pelos que são deles (jo 17.9-21). Vivendo sempre para interceder por nós (Hb 7.25). "... O qual está a direita de Deus e intercede por nós" (Rm 8.34b).
Jesus certa vez disse a Pedro: "... Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça…" (Lc 22.31,32a).

O castiçal

Via
Eziel Ferreira