sábado, 4 de julho de 2020

VISÃO DE MUNDO EM C. S. LEWIS E SIGMUND FREUD – Síntese.

*POR Dr. ARMAND M. NICHOLI JR. *– 

Trad. GABRIELE GREGGERSEN.

Todos nós possuímos uma visão de mundo, não importa se estamos consciente disso ou não. Alguns anos depois do nosso nascimento, todos começamos a gradualmente formular nossa filosofia de vida. A maioria de nós parte de um dos dois pressupostos básico: vemos o universo como o resultado de eventos aleatórios e a vida neste planeta  como o um produto do acaso; ou pressupomos  uma inteligência  além do universo que lhe confere  ordem e sentido vital. Nossa visão de mundo norteia a nossa vida pessoal, social e política. Ela influencia a forma como nos percebemos a nós mesmos, como nos relacionamos  com os outros; como nos adaptamos a situações adversas; e o que entendemos ser o propósito  da nossa existência. Nossa visão de mundo nos ajuda a determinar nossos valores, nossa ética, e nossa capacidade de ser felizes. Ela nos auxilia a entender de onde viemos , nossa herança: quem nós somos, nossa identidade; porque existimos neste planeta, nosso propósito; o que nos impulsiona, nossa motivação; e para onde estamos indo, nosso destino. Alguns historiadores da ciência, como Thomas Kuhn, destacam  que até a visão de mundo do cientista influencia não apenas o que ele investiga, mas também como ele interpreta o que ele investiga. Nossa visão de mundo nos diz mais sobre nós, quem sabe até, do que qualquer outro aspecto da nossa história pessoal.

Tanto a visão de Freud quanto a de Lewis já existiam desde as origens da história de que se tem registro – a visão de mundo espiritual que tem suas raízes originárias no Israel antigo, com sua ênfase na verdade moral e na conduta certa, e seu lema “Assim disse o Senhor”; e a visão de mundo materialista  ou “científica”, que tem suas raízes na Grécia antiga, com sua ênfase na razão e aquisição de conhecimento, e seu lema: “O que é que diz a natureza”?. Todos nós abraçamos alguma forma de visão de mundo : a de Freud ou a de Lewis. Se aceitarmos o materialismo  de Freud, podemos declarar-nos ateus, agnósticos ou céticos. Semelhantemente, há várias expressões da visão de mundo de Lewis. Consideraremos as formas específicas da visão de mundo espiritual que Lewis abraçava, e com ele, segundo o senso do Instituto Gallup, mais de 80% dos americanos.

Porque Freud e Lewis? Por diversas razões. Primeiro, ambos escrevem abundantemente  a respeito de suas visões de mundo específicas e o fazem com grande profundidade, clareza e consciência. Freud conquistou o prêmio Goethe  para literatura, e Lewis, uma cadeira de literatura, tornando-se um crítico literário respeitado, e autor prolífico, amplamente lido. Além disso, ambos escreveram autobiografias  e milhares de cartas que nos permitem obter uma perspectiva razoavelmente  boa d como eles viam suas vidas. Freud e Lewis fornecem lentes particularmente  claras, através das quais podemos analisar as dus visões.

Serão as duas visões de mundo meras especulações  sem respostas positiva ou negativa? Não. Uma começa com a premissa básica de que Deus não existe;  a outra, com a premissa  de que Ele existe. Portanto, eles são mutuamente exclusivos  - se um está certo, o outro necessariamente estar errado. E que diferença  faz saber  quem estar com a razão? Tanto Freud quanto Lewis achavam que fazia diferença, sim. Eles empenharam boa parte de suas vidas explorando esses tremas, perguntando-se repetidamente: “Será isso verdade”?

Freud preocupava-se com a questão, se Deus existia ou não. Em uma das coleções de cartas que escreveu a um colega, estudante da Universidade de Viena, a questão da existência de Deus surgia constantemente. Ela se estende de maneira contínua por todos os seus escritos  filosóficos, inclusive a sua última obra de monta, Moisés e o Monoteísmo. Em “The Questiono of a Weltanschauung” [A questão da Visão de Mundo], Freud argumenta contra a existência de Deus. Ele aponta para o problema do sofrimento  e desenvolve o argumento psicológico de que todo conceito não passa da projeção de um desejo infantil de proteção dos pais contra as vicissitudes e sofrimentos da existência humana. Ele também argumenta contra a objeção daqueles que sustentam  uma visão de mundo espiritual e afirmam que a fé  “é a origem divina que nos foi dada como uma revelação pelo  Espírito, que o espírito humano não pode compreender”. Freud diz que essa “é uma situação clara [que aponta para] a origem do problema”, e acrescenta o comentário: “A questão real levantada aqui é se existe um espírito divino e uma revelação por meio dele, e essa questão não deve ser levantada”.

Lewis concorda com Freud que essa é, de fato, a mais importante de todas as questões. Ele escreve que: “Aqui está a porta, por trás da qual, de acordo com certas pessoas, esconde-se o segredo do universo a seu aguardo. Não importa, se for verdade ou não. Se não for, então o que a porta está de fato ocultando não passa meramente de mais uma grande  fraude...das que já se conhecem”. Já que tantas pessoas abraçam a argumentação de Lewis – um censo recente do Instituto Gallup registra que a grande maioria dos americanos adultos acredita em Deus -, Lewis deve estar certo; se não for verdade, então a visão de mundo espiritual não é apenas uma fraude, mas também o mais cruel dos trotes já cometidos em toda a história da espécie humana. E a única alternativa que resta é seguir a recomendação de Freud, de crescer e encarar a dura realidade de que estamos sós no universo. Ele diz que poderemos encontrar  menos consolo, mas a verdade, dura como ela é, acabará nos libertando de esperanças  falsas e expectativas  pouco realistas. Mas se a visão espiritual for verdadeira, então todas as outras verdades  perdem seu significado. Nada terá mais e mais abrangentes implicações para as nossas vidas.

Se tanto Freud quanto Lewis consideravam a questão da existência de Deus a mais importante de vida, como chegaram a conclusões conflitantes? Nós vamos ver sobre isso. E vamos ver as suas biografias. A forma como eles realmente levaram suas vidas, reforçam ou enfraquecem seus argumentos, dizendo-nos mais do que as suas palavras podem nos transmitir. [...] como no caso de Freud, Lewis associava a visão de mundo espiritual com o pai, que o encorajava a ir á Igreja e se tornar  uma pessoa de fé. Depois de ter se tornado ateu no início da adolescência, ele não apenas evitava informar o seu  pai; em pelo menos uma ocasião, ele fez de conta que era crente. Em sua autobiografia, ele confessa que “minhas relações com meu pai  ajudam  a explicar um dos piores atos da minha vida”. Apesar de ateu, ele frequentou aulas de confirmação  e participou da sua primeira comunhão “na mais completa incredulidade”. Ele também afirma: “A covardia me levou á hipocrisia  e a hipocrisia a blasfêmia... eu estava vivendo uma mentira.... parecia impossível contar as minhas verdadeiras visões a meu pai.

Lewis parecia estar ciente de alguma relação entre o seu ateísmo e os sentimentos negativos que nutria contra o pai. Ele nã apenas associava a visão de mundo espiritual com o pai, mas sabia que o fato de abraçar o ateísmo representaria  um desafio ao pai, que certamente seria preocupante para ele. Quando o seu pai morreu, Lewis expressou remorso por ter se sentido tão alienado , tão enfurecido e tão impaciente com ele.

Tanto Freud quanto Lewis, quando adultos, experimentaram grande dificuldade com a autoridade, não apenas a Autoridade Última, mas com toda a autoridade. Na autobiografia de Freud, ele fala sobre como  ele lutava para se livrar do último fragmento da “fé inocente na autoridade de que eu não estava ainda livre”. Ele menciona, como trabalhava bem, tendo pessoas sob o seu comando, mas como tinha dificuldade com “aqueles que estavam acima de mim”, ou eram, em certo sentido, meus superiores”. Lewis também escreve de um “ódio profundamente assentado da autoridade” que ele sentia enquanto ateu. Assim, quem sabe esses sentimentos da infância intensamente negativos  de Freud e Lewis em relação á primeira autoridade nas suas vidas  causassem resistência em relação a qualquer noção de Autoridade Última. O argumento de Freud, entretanto, não pode explicar as mudanças de visão com facilidade. Como Lewis superou a sua resistência  em relação á fé? Ele conseguiu e Freud, não. Freud não pôde nos dizer por quê.

A vida pregressa de Lewis lembra muito a de Freud em sentidos bastante importante. Tanto Freud quanto Lewis receberam instrução religiosa na infância. Entretanto, ambos se tornaram ateus quando adolescentes. Algo aconteceu nas mentes de Freud e Lewis, como adolescentes altamente inteligentes que eram, que os levou a repudiar a sua formação religiosa e a abraçar uma visão de mundo ateísta....  Até que ponto eles examinaram com cuidado as evidências da sua fé, e as consideravam intelectualmente inconsistente? Ambos enfrentaram influências conscientes específicas  em seus meios acadêmicos e sentimentos ambíguos menos conscientes em relação a seus pais e á autoridade em geral.

Para entendermos melhor o que aconteceu, talvez fosse útil apelar para a classificação de fé religiosa elaborada por Gordon W. Allport [psicólogo americano e docente. Lecionou psicologia em Haward. Foi um dos pioneiros a estudar sobre a personalidade. Tem vários títulos publicados, dentre eles: Becoming, Pattern and Growth in Personality e The Individual and his Religion]. Ele usava duas categorias: religiosidade extrínseca e intrínseca: pessoas de religiosidade extrínseca são aquelas cuja expressão de fé são motivadas por uma necessidade de obter status ou de serem aceitas pelos outros. Usualmente segundo Allport a fé de uma criança, motivada pela necessidade de agradar aos pais, recai nessa categoria. Pessoas intrinsicamente religiosas são aquelas que internalizam a sua fé de modo que ela se torna a influência motivadora primária das suas vidas. Muitos integrantes desse grupo relatam experiências vividas em determinado momento das suas vidas. em que abraçaram a fé; alguns se referem a essas experiências como uma espécie de renascimento. A pesquisa médica moderna mostrou que a religiosidade extrínseca pode ter um efeito negativo sobre a saúde física e emocional, enquanto que a fé intrínseca muitas vezes tem resultados positivos  cientificamente demonstráveis.

Tanto no caso de Freud quanto de Lewis, a religiosidade da infância, motivada pelo desejo de agradar a seus pais, podia ser considerada extrínseca e facilmente desgastada por influências externas. Como vimos, a rejeição dessa fé nominal  ou extrínseca da infância também foi motivada por fatores externos: Ambos rejeitaram a sua fé nominal depois de terem deixado o lar, no caso de Lewis, para o internato, e de Freud para a faculdade. Eles já não estavam sob a autoridade dos pais. Na análise de seus pacientes (e talvez na sua própria análise), Freud notou que os jovens perdem as suas crenças religiosas “assim que a autoridade dos seus pais se rompe”.

As obras filosóficas de Freud não são caracterizadas pelo tom objetivo, livre de paixão, do médico clínico ou cientista. Ao contrário, eles exibem um tom intenso, emocional, argumentativo e por vezes, desesperado e apelativo. Obviamente Freud tem sentimentos intensos acerca desses assuntos. Ele parece estar determinado a destruir qualquer razão possível  para aceitar  a visão de mundo espiritual. Ás vezes os ataques de Freud tornam-se deterministas e contraditórios. Por exemplo, ele faz a afirmação categórica de que os crentes simplesmente não são muito inteligentes, sofrendo de um “intelecto fraco”. Com certeza, Freud tinha uma opinião bastante negativa das pessoas em geral, considerando-as preguiçosas, influenciadas, não pela razão, mas pelas paixões. Ele escreve: “Pois as massas são preguiçosas e pouco inteligentes... o ser humano não gosta espontaneamente de trabalho e... os argumentos não adiantam nada contra as suas paixões.

Lewis defende precisamente o contrário. Ele observa  que a visão de mundo Bíblica tem certas características que imitam nosso universo físico – é extremamente complexo e diferente  do que nós esperaríamos que fosse. Ele destaca, por exemplo, que uma mesa não é simplesmente uma mesa – ela é composta de átomos, elétrons, etc. logo, o universo não é simplesmente a soma de suas partes físicas . leis acredita que qualquer pessoa que se empenha em entender e viver de acordo com a suas visões  “terá a sua inteligência aguçada... Eis por que um crente de pouco estudo como Bunyan foi capaz de escrever  um livro que deixou o mundo pasmo”.

Criticar a retórica freudiana quanto a espiritualidade não significa subestimar as contribuições de Freud . Lewis nos lembra que “as teorias médicas e técnicas da psicanálise”  não entraram em conflito com “a visão de mundo espiritual. O conflito só ocorre com a visão filosófica geral do mundo  que Freud e alguns outros resolveram   levar ainda mais adiante  que esta”. Lewis acrescenta que “quando Freud está falando sobre como curar um neuróticos, ele está falando como um especialista no seu próprio campo, mas quando ele  passa a falar da filosofia geral, ele fala como um amador...Tive a impressão de que, quando ele saí do seu próprio campo e passa para um campo do qual eu entendo um pouco... ele se mostra bastante ignorante.

Em suma. Os argumentos de Freud e Lewis podem ser sujeitos a testes de evidências e plausibilidade. É preciso entender os seus argumentos e tentar descobrir até que ponto eles estão baseados em evidências, e até que ponto, em emoções que os levaram a distorcer associou a realidade. Freud associou o antissemitismo veementemente que ele viu crescendo ao seu redor com a visão de mundo espiritual, e isso indubitavelmente contribuiu para o seu desejo intenso de desacreditá-la e destruí-la. Além disso, Freud aparentemente tratava muitos pacientes cuja fé era baseada na necessidade neurótica ou cujos sintomas psicóticos eram de conteúdo religiosos, por exemplos, pacientes cuja fé refletia um quadro patológico. Oskar Pfister lembrou   Freud de  que ele só havia visto formas patológicas de fé religiosa. Pfister escreveu a Freud: “Nossa diferença vem essencialmente  do fato de você ter se desenvolvido de formas patológicas da religião e se refere a elas como “religião”. Paa darmos continuidade ao nosso exame dos argumentos proferidos por Freud e Lewis , precisamos nos perguntar quais correspondem melhor á realidade  da forma como nós a experimentamos. E precisamos continuar a observar em que medida as suas vidas reforçam ou enfraquecem  os seus argumentos.... Enfim, comparando sinteticamente as visões de mundo espiritual  entre Freud e C. S. Lewis, percebemos que os argumentos freudianos carregam em sí a visão materialista, cética e ateísta própria dos descrentes e dos cientistas quando se trata da  fé sobrenatural em Deus.

Concluindo, a resposta á questão de Deus e suas influências na visão de mundo espiritual derramada sobre a humanidade, tem implicações profundas sobre nossas vidas aqui na terra. Freud e Lewis concordam nisso. Então temos o dever diante de nós mesmos, de examinar as evidências, quem sabe começando pelo Antigo e Novo Testamento. Lewis também nos lembra por outro lado, das evidências que se encontram por toda parte ao nosso redor. “Podemos até ignorar, mas não temos como escapar para lugar algum da presença de Deus. O mundo está repleto dele. Ele anda incógnito por todo lugar. E o incógnito nem  sempre fácil de penetrar. Nossa luta real é contra nos esquecermos de nos preocupar  com isso. E por acordarmos de verdade[para isso]. Mais ainda, por continuarmos acordados.

FONTE.

1. JR. NICHOLI, Armand. Deus em questão. C. S. Lewis e Freud – Debatem Deus, Amor, Sexo e o Sentido da Vida. Trad. G. Greggersen. Minas Gerais/Varginha. 2005. Editora  Ultimato. 284 pg.

VIA LEONARDO MELO.

IGREJA NA SOMÁLIA CRESCE APESAR DE EXTREMISMO ISLÂMICO E DA PROPAGAÇÃO DA COVID-19


Nesta quarta-feira (01), país comemora 60 de independência; apesar da forte presença do extremismo islâmico, o número de cristãos na Somália está crescendo

Fonte: Portas Abertas em 01/07/2020  

Nesta quarta-feira (01), faz 60 anos da Independência da Somália, quando os protetorados britânico e italiano se tornaram um. A partir daí o país já passou por um regime militar até 1991, e logo em seguida foi palco dos conflitos entre clãs, que provocaram a morte de centenas de pessoas. Hoje, a nação é controlada por um governo fraco, extremistas radicais, como o Al-Shabaab, e milícias locais.

Ser um cristão na Somália é arriscado, já que são as principais vítimas de extremistas, que desejam a criação de um Estado governado pela sharia (conjunto de leis islâmicas). A perseguição aos cristãos no país continuou até mesmo durante a crise de COVID-19, quando os militantes do Al-Shabaab culparam os seguidores de Jesus pelo surgimento e propagação do coronavírus. Diante da rápida propagação da doença, os radicais criaram um centro de isolamento e tratamento para os doentes. “Exorto as pessoas com sintomas da doença a virem às instalações médicas e a evitarem infectar outros muçulmanos", disse o xeique Mohamed Bali durante um discurso na rádio oficial do grupo.

O risco de ser um cristão na Somália

A população de muçulmanos na Somália passa de 99%, isso indica que propagar o evangelho no território é algo arriscado e pode resultar em prisão, ostracismo e morte, por isso, a nação está na 3ª colocação da Lista Mundial da Perseguição 2020. Neste contexto, a Portas Abertas conheceu Muktar*, que atua como pastor há 20 anos e tem cinco de parceria com a organização. Ele contou que tem sido comum a conversão de muçulmanos a Cristo, e por isso o trabalho com discipulado dos novos cristãos resulta em discípulos de Jesus capazes de resistir à perseguição.

Outro trabalho feito com a igreja somali é a ministração de um curso teológico que dura dois anos. Os investimentos nos cristãos locais dão esperança ao pastor de que novos líderes cristãos levarão o evangelho adiante. O processo de plantação de igrejas começou, porque já existe um trabalho com outros cristãos ex-muçulmanos na cidade vizinha. “Digo a você que podemos ver, ouvir, rastrear e tocar o impacto disso. Nossa emoção é ilimitada. Deus realizou um milagre para minha família e nosso ministério. Somos muito abençoados! Todo mundo tem medo de ministrar entre os somalis. Ninguém quer alcançá-los. Mas vocês permaneceram ao nosso lado, seus líderes têm nos treinado e encorajado", agradece o pastor Muktar.

* Nome alterado por segurança.

Invista nos cristãos do Chifre da África

Os cristãos ex-muçulmanos precisam de discipulado e conhecimento bíblico para que possam compartilhar o evangelho com outras pessoas. Ore e contribua para que mais irmãos e irmãs sejam treinados e trabalhem no desenvolvimento de igrejas locais.

Pedidos de oração

- No dia da Independência da Somália, agradeça a Deus pela obra que ele já começou no país. Peça que os cristãos tenham ousadia e sabedoria para fazer o nome de Jesus conhecido.

- Ore para que os cristãos somalis sejam guardados e assistidos pelo Senhor durante a pandemia da COVID-19.

- Interceda para que o governo da Somália seja composto por pessoas que temam a Deus e se preocupam em cuidar da população. Que as ações delas promovam a paz e a justiça.

- Clame pelas vidas dos integrantes do Al-Shabaab, para que sejam frustrados nos planos deles e tenham um verdadeiro encontro com Jesus.

Por 
Nivaldo Gomes.

Os deuses do Hinduísmo


A religião Hindu é conhecida pela enorme quantidade de divindades que são reverenciadas, basicamente possui um conjunto de crenças politeístas e panteístas, que possuem grandes variações teológicas dentro de seu sistema religioso. Sua crença define que o divino não poderá ser um Ser que pessoal, que se relaciona, mas antes uma força que atravessa todas as coisas, tais como: Os homens, animais, plantas e ainda objetos inorgânicos ou inanimados. Embora aja grupos que defendem a idéia de um único Deus supremo, revelando uma das contradições do hinduísmo. De maneira correta, Renou se expressa: “O Hinduísmo é fundamentalmente politeísta, não só no nível exotérico, mas também na ordem especulativa, onde o papel do concreto e do deus figurativo jamais é abolido” (RENOU, 1964, p.25). Assim o hinduísmo demonstra-se como uma religião que, graças à pluralidade dos deuses, é contraditória, visto que sua crença à principio está voltada em um principio supremo, no entanto em momento de forma personificada como Senhor (Ishvara), em momentos como uma divindade neutra e em outros como um Absoluto impessoal (Brahman), que é composto pelos deuses: Brahma (O criador), Vishnu (O mantenedor) e Shiva (O destruidor), desta trindade ou tríade, conhecida como Trimurti falaremos mais à frente. 

Os deuses do hinduísmo possuem diferentes níveis de aceitação, por essa razão alguns apresentam muitos adeptos, enquanto outros detêm um grupo menor de seguidores, como por exemplo, os deuses citados acima, enquanto Vishnu e Shiva dispõem de um alto número de discípulos, o deus Brahma em contraste, retém poucos fieis que lhe adoram, em comparação com os demais. Existem ainda dentro desta religião divindades femininas, sendo a mais conhecida a deusa Kali, que também possui outros nomes, de acordo com os lugares e as características que lhe são atribuídas, nomes como: Uma, Durga Parvate, etc. É uma divindade negra, a qual são oferecidos sacrifícios de animais, sendo seu centro de adoração o leste da Índia. Seu conceito dentro da religião é alto, visto que há muitas imagens onde Kali está pisando no corpo de Shiva

As divindades menores da religião Hindu são consideradas como mais acessíveis ao povo, por esta razão são consultadas para tratar questão de menor importância, algo que não se faz necessário á busca de um deus superior, como por exemplo, problemas de cunho pessoal. Falando acerca dos deuses menores do Hinduísmo, se expressou Hellern: “Os deuses menores por vezes, exercem influencia em aéreas especiais [...] Muitos deles tem origem humana: podem ser heróis que morreram em batalhas [...] alguns deuses são espíritos malignos que foram deixados para trás por homens maus” (HELLERN, 2000, p.49). Com isso é possível concluir que o panteão hindu ainda pode receber mais alguma divindade a sua gama de deuses, visto que até mesmo homens que tiveram alguma morreram como mártires, podem ser inseridos no status de deus e dessa forma receber adoração dos fieis.

Vejamos de forma mais detalhada a apresentação dos deuses reverenciados no Hinduísmo, embora seja impossível citar nominalmente todas as divindades desta religião, falaremos dos mais conhecidos e considerados como mais poderosos por seus adeptos.

Vishnu

É considerado como a segunda divindade da tríade, apresentado como o responsável pela conservação do mundo, uma divindade com características solares, um deus bondoso que está disposto a responder as orações de seus seguidores. Tido como uma das primeiras forças do universo, sua imagem é representada pela figura de um bonito jovem que possui quatro braços, onde cada um deles representa as quatro principais direções do espaço: norte, sul, leste, oeste. Vishnu em cada braço segura um objeto diferente, a saber: uma flor que Lotus, que simboliza a pureza, em outra está segurando um disco de energia, denominado chacra que é a representação da mente com sua capacidade criativa, o terceiro objeto á uma concha que simboliza o OM, que é o som que deu origem a criação do universo – a vibração de onde a criação emergiu (essa concha é tocada nos templos de Vishnu, como uma indicação de sua presença), e o ultimo braço segura uma maça sagrada que é o símbolo do conhecimento e do poder da mente, que representa o controle autoridade e manutenção da ordem . Esta divindade é o responsável pela manutenção da harmonia ou ordem natural das coisas, conhecida como Dharma. De acordo com Schlesinger: “É invocado especialmente pelo povo para libertar de algum tirano. Os hindus fervorosos esperam a vinda de Vishnu.”(SCHLESINGER, 1982, p. 280).

Os Vaishnavitas é um dos mais populosos grupos do hinduísmo, são os seguidores de Vishnu, ou seja, o Senhor do universo. A importância de Vishnu dentro da religião hindu se dá por meio de suas revelações ou avatares, (a manifestação física/corporal da divindade, que é considerada imortal, podendo até ser o deus supremo) como Rama e Krishna. Funciona como uma encarnação do divino (imaterial) no físico (material). Esta encarnação ocorreria de forma periódica, cuja finalidade seria de salvar o mundo de algum perigo ou trazer ao homem alguma orientação. Uma curiosidade sobre estas descidas em que Vishnu encarna na matéria é de que os hindus acreditam que Jesus tenha sido uma dessas encarnações. 

De um modo geral, Vishnu se manifesta ao mundo, através de dez encarnações, cuja finalidade é de proteger a terra. Acredita-se que ao todo nove destas encarnações já desceram a terra, da seguinte maneira: três de forma não-humana, um em forma híbrida e cinco na forma humana. A teologia hindu aponta que o último avatar de Vishnu, no instante em que a terra encerrar seu ciclo atual, descerá para destruir a terra e logo após recriá-la. Vejamos as dez encarnações de Vishnu.

Matsya – o “peixe”, salvou a humanidade e os sagrados textos vedas do dilúvio.
Kurma – a “tartaruga”, ajudou a criar o mundo, sustentando-o em suas costas.
Varaba –  o “javali”, elevou a terra para fora da água com suas presas.
Narasimba – Metade homem, metade leão, destruiu um rei-demônio tirano.
Vamana – o “anão”, subjugou o rei Bali, um poderoso demônio.
Parashurama – o brâmane, destruiu a casta de guerreiros.
Rama – Que resgatou sua esposa Sita e matou o demônio Ravana.
Krishna – narrou o poema épico Bragavad Gita ao guerreiro arjuna.
Buda – O iluminado.
Kalki – o cavalo ainda por vir a terra.  

Podendo ser considerada como a encarnação mais conhecida e reverencia de Vishnu, a figura de Krishna, o qual é considerado como o senhor onipresente do mundo, é de um pastor de ovelhas que possui muitas aventuras eróticas com pastoras, que simbolicamente representam o amor de Deus para com o ser humano, de acordo com o Hinduísmo. Embora possua muitas aventuras, Shiva possui uma amada cujo nome é Rhada, onde neste relacionamento há momentos de separação e reconciliação, que de forma simbólica apontam para avidez que a alma sente por Deus e pelo momento em que finalmente estará unido definitivamente com ele.
Ao que tudo indica, a figura de Vishnu sofreu modificações com o passar do tempo: “Com Vishnu, o deus solar de antigamente, foi combinada a forma de Vasudeva, um tipo de herói, e de Narayana, um deus cósmico que se apóia na serpente shesha. Mais tarde aparece outro aspecto (avatares , forma encarnada) de Vishnu, no qual surge como Krishna, chefe de um clã e heróis de inúmeras proezas e uma das personificações mais conhecidas de Vishnu, que é adorado como o senhor onipresente do mundo” (RENOU, 1964, p.26).  
Uma das características de adoração à esta divindade é a Bhakti, que é um ato de devoção ou rendição à divindade, algo como o desprendimento das coisas do mundo e ao mesmo tempo a sujeição à dependência da providencia divina. Sua etimologia é de origem sânscrita, que possui o significado de devoção. É uma das três doutrinas ou caminhos ensinados no Hinduísmo, para a libertação espiritual. De acordo com Champlin: “Os Bhaktas são aqueles que seguem esse caminho do amor e da fé, e que desse modo buscam a salvação” (CHAMPLIN, 2013, p.675).  
Ainda de acordo com o hinduísmo, Vishnu possui como veículo de locomoção uma águia gigante, chamada Garuda, que á representada como uma grande ave, que possui membros semelhantes aos dos humanos. Garuda é a responsável por conduzir Vishnu ao céu, local de sua habitação.
Uma curiosidade sobre Vishnu, que  falando acerca de si próprio e dos demais deuses da tríade se expressou da seguinte forma: “Apenas os incultos julgam a mim (Vishnu) e a Shiva como distintos; ele, eu e Brahma somos um, assumindo nomes diferentes para a criação, preservação e destruição do universo. Nós, como o Eu triuno, penetramos em todas as criaturas; o sábio, portanto, vê todos os outros como eles próprios”. 


Por
Edson Moraes