segunda-feira, 23 de junho de 2025

O Épico de Enuma Elish e o Relato Bíblico da Criação: Uma Análise Comparativa - Parte 2 - Diferenças Fundamentais

Por Walson Sales

A descoberta do Épico de Enuma Elish levantou debates acadêmicos sobre a relação entre esse mito babilônico e o relato bíblico da criação. Muitos críticos sustentam que Gênesis teria se inspirado ou mesmo plagiado elementos do Enuma Elish. Contudo, uma análise detalhada das duas narrativas revela diferenças estruturais, teológicas e filosóficas profundas.

Neste artigo, examinaremos as principais distinções entre os dois relatos, demonstrando que a cosmovisão bíblica não apenas se distancia dos mitos mesopotâmicos, mas apresenta uma concepção única e elevada da criação. 

1. Monoteísmo vs. Politeísmo

A distinção mais evidente entre os dois relatos é a visão sobre a divindade.

- Enuma Elish: O mundo surge a partir da interação de várias divindades que personificam elementos da natureza, como Apsu (água doce) e Tiamate (água salgada). Esses deuses são finitos, limitados e sujeitos a conflitos internos.

- Gênesis: Apresenta um Deus único, eterno, transcendente e soberano, que cria o mundo por sua palavra e vontade, sem depender de processos caóticos ou batalhas divinas.

A Bíblia, portanto, não apenas rejeita o politeísmo babilônico, mas também propõe uma visão completamente diferente da origem do universo.

2. Ordem vs. Caos

Outra diferença fundamental é a maneira como a criação é descrita:

- Enuma Elish: A criação resulta de um conflito entre os deuses, especialmente entre Marduque e Tiamate. O cosmos nasce do cadáver de Tiamate, dividida ao meio por Marduque.

- Gênesis: Deus cria o universo de forma ordenada e intencional, organizando cada aspecto da criação em dias específicos, culminando com a criação do homem.

O relato bíblico se distingue por sua clareza e ausência de caos. Deus não precisa lutar contra outras forças divinas para criar; Ele simplesmente ordena, e tudo passa a existir. 

3. A Criação do Homem

Os dois relatos também apresentam contrastes marcantes na criação da humanidade:

- Enuma Elish: O homem é criado do sangue do deus derrotado Kingu, como um ser destinado ao trabalho pesado para aliviar os deuses. 

- Gênesis: O homem é criado à imagem e semelhança de Deus, recebendo autoridade sobre a criação e chamado a um relacionamento com o Criador.

Na visão babilônica, a humanidade é um subproduto dos conflitos divinos, sem valor intrínseco. Já na Bíblia, o homem tem dignidade e propósito, sendo o ápice da criação.

4. O Propósito da Criação

- Enuma Elish: O mundo e a humanidade são criados para servir aos deuses e justificar a supremacia de Marduque sobre o panteão babilônico.

- Gênesis: A criação é um ato de bondade de Deus, refletindo Sua glória e estabelecendo um ambiente para a comunhão entre Deus e o homem.

A cosmovisão bíblica não apenas difere da babilônica, mas a supera em sofisticação e significado.

Conclusão

A tese de que Gênesis teria sido inspirado no Enuma Elish ignora as profundas diferenças entre os dois relatos. Enquanto o mito babilônico reflete um panteão caótico e antropomórfico, o relato bíblico apresenta um Deus transcendente, pessoal e moralmente perfeito.  

As distinções teológicas, filosóficas e narrativas mostram que Gênesis não poderia ser uma mera adaptação do Enuma Elish, mas sim um relato independente e teologicamente superior.  

Para um estudo mais aprofundado sobre a relação entre arqueologia e a Bíblia, recomendo a leitura de Arqueologia do Antigo Testamento, de Merrill F. Unger, um excelente recurso para entender como as descobertas arqueológicas reforçam a confiabilidade das Escrituras.

sábado, 14 de junho de 2025

O Dilúvio na Tradição Babilônica: Análise e Comparação com o Relato Bíblico - Parte 3

Por Walson Sales

A história do dilúvio, conforme relatada no Épico de Gilgamesh, é uma das versões mais antigas de uma catástrofe global na literatura humana. Encontrada na 11ª tabuinha da famosa Epopeia assírio-babilônica, ela é uma das narrativas mais impressionantes, revelando detalhes que se assemelham de maneira notável ao relato bíblico. O poema, que originalmente pertence à tradição suméria, foi ampliado na Babilônia e é amplamente reconhecido como um dos maiores exemplos da literatura mesopotâmica.

Este artigo busca explorar a narrativa babilônica do dilúvio, destacando suas semelhanças e diferenças com o relato bíblico, além de apresentar uma análise crítica e apologética sobre a relação entre essas histórias, com ênfase na defesa da autenticidade e veracidade do relato bíblico.

2. O Contexto do Épico de Gilgamesh e a Figura de Utnapishtim

O Épico de Gilgamesh é um poema épico da Mesopotâmia que descreve as aventuras do semi-divino rei Gilgamesh, de Uruk. O ponto culminante da narrativa ocorre na 11ª tabuinha, onde o herói Gilgamesh busca a imortalidade e encontra Utnapishtim, um homem que sobreviveu ao dilúvio enviado pelos deuses. Utnapishtim, uma figura que tem paralelos com Noé da Bíblia, revela a Gilgamesh como obteve a imortalidade, contando-lhe a história do dilúvio e sua própria salvação.

A narrativa de Utnapishtim é rica em detalhes e exibe uma série de semelhanças com o relato bíblico de Noé, incluindo o aviso divino, a construção de um grande barco, a coleta de animais e a salvação de um pequeno grupo de pessoas. Contudo, há significativas diferenças no enredo e nas razões para o dilúvio, assim como nas atitudes dos deuses.

3. As Semelhanças Entre o Relato Babilônico e o Bíblico

Apesar das diferenças, a história de Utnapishtim apresenta elementos notavelmente semelhantes aos encontrados na narrativa bíblica do dilúvio. Algumas dessas semelhanças incluem:

- Aviso Divino e Construção do Barco: Assim como Noé recebe um aviso de Deus para construir uma arca, Utnapishtim é informado do dilúvio iminente e recebe instruções divinas para construir um grande barco, com detalhes precisos sobre sua construção (120 cúbitos em cada direção, seis andares, e calafetamento com betume). Ambos os heróis são instruídos a salvar sua família, animais e "sementes de todas as coisas vivas". 

- A Tempestade e a Arca: Ambos os relatos descrevem uma tempestade cataclísmica que destrói a humanidade. No *Épico de Gilgamesh*, os deuses enviam um dilúvio arrasador, assim como o Deus da Bíblia envia as águas para purificar a Terra.

- A Pomba, a Andorinha e o Corvo: Semelhante ao relato bíblico, onde Noé envia uma pomba para verificar a redução das águas, Utnapishtim também solta uma pomba, uma andorinha e um corvo, que retornam com diferentes resultados, indicando a recuo das águas.

- O Sacrifício Pós-Dilúvio: Após o fim do dilúvio, Utnapishtim oferece um sacrifício aos deuses, um evento que também é registrado na Bíblia, onde Noé oferece sacrifícios a Deus como sinal de gratidão pela salvação.

4. As Diferenças Entre o Relato Babilônico e o Bíblico

Embora a narrativa de Gilgamesh compartilhe várias semelhanças com a história bíblica, existem diferenças cruciais que não podem ser ignoradas:

- Motivação para o Dilúvio: No relato babilônico, o dilúvio é enviado pelos deuses como uma punição pela superpopulação humana, que está perturbando a paz e a ordem divina. Em contraste, a Bíblia apresenta o dilúvio como uma resposta à corrupção moral e ao pecado da humanidade (Gênesis 6:5-7).

- A Natureza dos Deuses: No Épico de Gilgamesh, os deuses são retratados como caprichosos, com sentimentos humanos e muitas vezes em desacordo entre si. Eles não têm um plano divino claro e, no final, as decisões de punição e misericórdia são tomadas com base em disputas entre eles. No entanto, o Deus bíblico é mostrado como soberano e justo, com um propósito claro e eterno para a humanidade, incluindo a promessa de preservação por meio de Noé.

- Imortalidade e a Visão do Fim:Utnapishtim recebe a imortalidade como uma recompensa por sua sobrevivência ao dilúvio, sendo transformado em um ser divino. Por outro lado, o relato bíblico não sugere que Noé ou seus descendentes sejam imortalizados, mas que, por sua fé, receberam a promessa de preservação e um novo começo para a humanidade.

5. Análise Apologética e Crítica

A alegação de que o relato bíblico do dilúvio é um "plágio" do Épico de Gilgamesh ignora várias questões importantes:

- Datação e Origem das Narrativas: Embora o Épico de Gilgamesh seja mais antigo em termos de registro escrito, o dilúvio bíblico, conforme apresentado na tradição hebraica, é considerado por muitos estudiosos como uma versão mais antiga da história. A tradição oral que precedeu os registros escritos pode ser muito mais antiga e compartilhar origens comuns com a tradição babilônica, sem que a Bíblia tenha "plagiado" a história. A explicação mais plausível é que ambas as culturas preservaram uma história ancestral comum, que foi transmitida e adaptada ao longo do tempo.

-A Perspectiva Teológica Diferente: A grande diferença na teologia das duas histórias – a natureza moral e a justiça de Deus no relato bíblico, versus os caprichos dos deuses no Épico de Gilgamesh – sugere que, embora ambas as narrativas compartilhem uma base comum, elas têm intenções e propósitos muito diferentes. A Bíblia transmite uma mensagem de redenção e justiça divina, enquanto o Épico de Gilgamesh oferece uma visão mais fatalista e desorganizada da divindade.

-Relevância Histórica e Literária: Não podemos subestimar a importância do relato bíblico do dilúvio. O fato de existirem várias versões dessa história ao redor do mundo, incluindo as civilizações mesopotâmicas, não diminui a veracidade da narrativa bíblica, mas a coloca dentro de um contexto mais amplo de relatos antigos, que compartilhavam uma memória coletiva de um evento catastrófico global.

6. Conclusão

O Épico de Gilgamesh e a narrativa bíblica do dilúvio compartilham semelhanças impressionantes, mas também apresentam diferenças significativas que refletem as distintas perspectivas teológicas de cada tradição. A acusação de que a Bíblia plagiou a história babilônica ignora o fato de que tanto o relato bíblico quanto o babilônico podem ter raízes comuns em uma tradição mais antiga, com a versão bíblica preservando uma interpretação teológica única e mais coesa.

Através de uma análise cuidadosa, é possível defender a autenticidade do relato bíblico, não como uma adaptação ou cópia de mitos antigos, mas como um testemunho fiel de um evento histórico de importância cósmica. A versão bíblica do dilúvio não é meramente um mito, mas uma narrativa teológica que reflete a justiça e misericórdia divinas, com a promessa de um novo começo para a humanidade.

Referências:

- Dalley, S. (2008). Myths from Mesopotamia: Creation, the Flood, Gilgamesh, and Others. Oxford University Press.

- Finkel, I. L. (1998). The Ark Before Noah: Decoding the Story of the Flood. Hodder & Stoughton.

- Geisler, N. (2002). Enciclopédia de Apologética, Editora Vida.

- George, A. (2003). The Epic of Gilgamesh. Penguin Classics.

- Unger, Merril F. (1980). A arqueologia do Velho Testamento, Imprensa Batista Regular.

- Tigay, J. H. (1996). The Evolution of the Gilgamesh Epic. The University of Pennsylvania Press.

O Dilúvio na Tradição Suméria: Análise e Comparação com o Relato Bíblico

Parte 2 da Série sobre o Épico de Gilgamesh

Por Walson Sales

O relato do dilúvio é uma das narrativas mais antigas da humanidade e aparece em diversas culturas ao redor do mundo. Dentre essas tradições, a versão suméria é considerada a mais antiga encontrada em registros escritos, precedendo os relatos babilônicos e o próprio texto bíblico. Críticos da Bíblia frequentemente argumentam que a semelhança entre a narrativa suméria e o relato bíblico do dilúvio sugere que o livro de Gênesis teria tomado emprestado ou plagiado essa tradição.

Neste artigo, analisaremos a narrativa suméria do dilúvio, explorando seu conteúdo, as semelhanças e diferenças com o relato bíblico e as respostas apologéticas a essa crítica.

1. A Narrativa Suméria do Dilúvio

A mais antiga versão do Dilúvio conhecida foi encontrada em fragmentos de uma placa na antiga cidade de Nipur, localizada na Babilônia norte-central. Essa placa, escrita em sumério, remonta a *cerca de 2000 a.C. ou antes*, sendo uma das mais antigas evidências escritas da história do dilúvio (Kramer, 1981, p. 148).

Principais Elementos da Narrativa Suméria

I. Destruição e Criação

A placa começa relatando uma destruição anterior da humanidade e a subsequente criação dos seres humanos e animais.   

II. Fundação das Cidades pela Divindade  

Um dos deuses principais estabelece cinco cidades, como Eridu, Sipar e Churupaque, designando deuses tutelares para cada uma.

III. A Deusa Istar (Ninhursague) e o Rei Ziusudra

A deusa Istar lamenta a destruição iminente da humanidade.

Ziusudra, um rei-sacerdote, recebe uma revelação sobre o desastre iminente (Tigay, Jeffrey H. - The Evolution of the Gilgamesh Epic, 2002, p. 75).

Ele constrói um ídolo de madeira e o adora diariamente. 

IV. A Comunicação Divina e a Chegada do Dilúvio 

Ziusudra recebe uma ordem divina para se posicionar perto de uma parede e escutar a revelação do propósito dos deuses de destruir a humanidade.  

O dilúvio começa, trazendo chuvas tempestuosas e ventos fortes* que duram sete dias e sete noites (Lambert, W. G. & Millard, A. R. - Atra-Hasis: The Babylonian Story of the Flood, 1969, p. 23).  

A embarcação de Ziusudra é levada pelas águas, e quando o sol reaparece, ele faz um sacrifício aos deuses.

V. O Dom da Imortalidade

Como recompensa, Ziusudra recebe *vida eterna* e é levado à “Montanha de Dilmum”, um local paradisíaco (Heidel, Alexander - The Gilgamesh Epic and Old Testament Parallels, 1946, p. 102).

2. Comparação com o Relato Bíblico

Embora existam semelhanças superficiais entre a narrativa suméria e o relato bíblico do dilúvio em Gênesis 6–9, as diferenças são significativas e sugerem que as duas tradições possuem origens e propósitos distintos.

2.1 Semelhanças

I. Tema do Dilúvio– Ambas as narrativas descrevem um grande dilúvio que destrói a humanidade.

II. Personagem Central – Tanto Noé (Bíblia) quanto Ziusudra (Sumério) são personagens que sobrevivem ao dilúvio.

III. Arca/Navio– Nos dois relatos, o protagonista constrói um grande barco para sobreviver.  

IV. Sacrifício após o Dilúvio – Ambos realizam sacrifícios aos deuses ou a Deus depois da tempestade.  

2.2 Diferenças Fundamentais

No trecho 2.2, intitulado Diferenças Fundamentais, podemos observar um contraste claro entre a narrativa suméria do dilúvio e o relato bíblico. A tabela a seguir resume essas diferenças:

A narrativa suméria do dilúvio não apresenta um motivo moral claro para a destruição. O dilúvio é apresentado como um capricho dos deuses, sem uma explicação ética por trás do evento. Já o relato bíblico de Gênesis destaca que o dilúvio ocorreu como uma resposta ao pecado e à corrupção da humanidade, sendo um ato divino justificado por razões morais, conforme descrito em Gênesis 6:5-7.

Outra diferença relevante é a natureza dos deuses envolvidos. Na narrativa suméria, os deuses são politeístas e frequentemente estão em conflito entre si, o que reflete uma visão de mundo mais fragmentada. Em contraste, o relato bíblico é monoteísta, com Deus descrito como soberano e justo, tendo um controle absoluto sobre os eventos da criação e da destruição.

A maneira como a revelação ocorre também diverge. No épico Sumério, Ziusudra, o sobrevivente do dilúvio, recebe a ordem divina de forma indireta, por meio de um sonho ou mensagem de um deus. No relato bíblico, Noé recebe instruções diretas de Deus, o que estabelece uma relação mais clara e imediata entre o homem e o Criador.

A moralidade também se distingue: na narrativa suméria, não há uma razão ética clara para a destruição ou a salvação. A salvação de Ziusudra parece ser arbitrária, enquanto na Bíblia, Noé é descrito como um homem justo e íntegro, o que justifica sua preservação (Gênesis 6:9).

Por fim, o destino dos sobreviventes também apresenta contrastes significativos. Após o dilúvio, Ziusudra recebe a imortalidade e é levado a um paraíso, um prêmio pela sua sobrevivência. Noé, por outro lado, continua sua vida na Terra, sendo responsável por gerar novas gerações e civilizações, refletindo o plano contínuo de Deus para a humanidade.

Essas diferenças fundamentais entre as duas narrativas ajudam a estabelecer a originalidade e a profundidade teológica do relato bíblico em comparação com a versão suméria do dilúvio.

Essas diferenças demonstram que a cosmovisão teológica e moral do relato bíblico é muito mais elaborada e estruturada do que a tradição suméria, que apresenta um caráter mítico e antropomórfico dos deuses.

3. O Relato Bíblico é um Plágio da Tradição Suméria?

Os críticos alegam que, pelo fato de a narrativa suméria ser mais antiga, o relato bíblico seria um plágio ou adaptação posterior. No entanto, essa tese apresenta sérios problemas:

3.1 Idade do Registro Não Define a Origem da Tradição

Apenas porque a versão escrita suméria é mais antiga, isso não significa que a história do dilúvio tenha se originado com os sumérios. Se o dilúvio foi um evento real, é natural que diferentes povos o registrassem em suas tradições, cada um com sua própria interpretação cultural (Sarfati, Jonathan - The Genesis Account, 2015, p. 211).

3.2 Diferenças Estruturais e Teológicas

Se Moisés tivesse plagiado os sumérios, esperava-se que o relato bíblico contivesse os mesmos elementos míticos e politeístas. Mas o texto de Gênesis apresenta um Deus único, moralmente justo e soberano, algo totalmente distinto da tradição suméria e babilônica (Walton, John H. - Ancient Near Eastern Thought and the Old Testament, 2009, p. 83).

3.3 Origem Oral e a Tradição de Transmissão 

Muitos estudiosos cristãos sugerem que a tradição do dilúvio era preservada oralmente por gerações desde Noé, sendo posteriormente registrada por diferentes culturas com variações. O relato bíblico, portanto, não depende da versão suméria, mas preserva a tradição original de forma mais precisa (Finkel, Irving - The Ark Before Noah: Decoding the Story of the Flood, 2014, p. 67). 

Conclusão

A análise da narrativa suméria do dilúvio mostra que embora existam semelhanças com o relato bíblico, as diferenças são profundas e essenciais. O relato bíblico do dilúvio *não depende* da tradição mesopotâmica, mas se encaixa na cosmovisão judaico-cristã de um Deus justo e soberano.

No próximo artigo (Parte 3), analisaremos a narrativa babilônica do dilúvio, encontrada na Epopeia de Gilgamesh, e veremos como suas diferenças com o relato bíblico reforçam a singularidade e autenticidade da história registrada em Gênesis.