David Allen
Considerações Práticas
Nós agora estamos preparados para voltar as questões de natureza prática. Aderir a expiação limitada, se não tiver cuidado, pode impactar negativamente sete áreas da teologia prática.
1 – O Problema da Diminuição do Desejo Salvífico Universal de Deus
Calvinistas Rígidos tem problemas para defender a vontade salvífica universal de Deus a partir da plataforma da expiação limitada. A questão básica envolve a pergunta de que se Cristo não morreu pelo não eleito, como pode essa circunstancia ser reconciliada com passagens da Escritura tais como João 17.21,23; I Tm 2.4; e 2 Pe 3.9,[1] que afirmam que Deus deseja a salvação de todas as pessoas? Calvinistas moderados e não-calvinistas não tem problema aqui desde que eles afirmam, de fato, que Cristo morreu pelos pecados de todas as pessoas, e então Deus pode fazer “a oferta bem intencionada” a todos. Perceba cuidadosamente, o ponto aqui não é somente nosso serviço de oferta de salvação a todos por meio da nossa pregação, mas que o próprio Deus faz a oferta por meio de nós (2 Co 5.20). Como Ele poderia fazer isso com integridade se Cristo não morreu pelos pecados de todas as pessoas? Polhill escreveu sobre essa pergunta:
1. Eu argumento a partir da vontade de Deus. A vontade de Deus de salvação como a causa básica dela, e a morte de Cristo, como a causa meritória dela, são de igual dimensão. A vontade de salvação de Deus não se estende além da morte de Cristo, pois então Ele deve pretender salvar alguns extra Christum. Nem a morte de Cristo se estende além da vontade de salvação de Deus, pois então Ele deve morrer por alguns que Deus não salvaria sobre termo algum; mas esses dois são exatamente co-extensivos. Consequentemente, é observável que quando o apóstolo fala do amor de Cristo pela Igreja, ele fala também que Ele deu a si mesmo por ela (Efésios v. 25), e quando ele disse da vontade que Deus tem que todo homem seja salvo (I Tm ii. 4), ele disse que Cristo deu a si mesmo em resgate por todos (v. 6). Portanto, não se pode ter uma mais verdadeira medida da extensão da morte de Cristo do que a própria vontade de salvação de Deus, do qual o mesmo fez questão; assim, à medida em que a vontade de salvação se estende a todos os homens, a morte de Cristo se estende a todos os homens. Agora então, como pois Deus deseja a salvação de todos? Certamente assim que eles crerem eles serão salvos. Nenhum teólogo pode negar isso, especialmente vendo Cristo se colocar a si mesmo debaixo da ira de Deus tão positivamente, “Esta é a vontade daquele que me enviou, que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna” (João 6.40). Portanto, se Deus quer a salvação de todos os homens, se eles crerem eles serão salvos; então, Cristo morreu por todos de tal forma que se eles crerem eles serão salvos.[2]
Sem crer na vontade salvífica universal de Deus e numa extensão universal do pecado imputado em Cristo não pode haver nenhuma oferta bem intencionada de salvação de Deus para o não-eleito que ouvir a chamada do evangelho. A doutrina central do Hiper-Calvinismo é sua rejeição da doutrina que Deus deseja a salvação de todos os homens[3] e eles têm acusado seus irmãos Calvinistas Rígidos de inconsistência e/ou irracionalidade.[4] O surgimento do calvinismo no mundo evangélico tem historicamente carregado em suas abas um surgimento do Hiper-Calvinismo também.[5] É crucial notar que nenhum calvinista nunca se move do Calvinismo moderado para o Hiper-Calvinismo. Deve estar primeiro engajado com a expiação limitada, e de lá ter que fazer o salto lógico na rejeição da oferta bem intencionada do evangelho. O Hiper-Calvinismo não pode existir sem a crença em expiação limitada.
2 – Problemas para o evangelismo
Alguns calvinistas hoje estão engajados em evangelismo por uma simples razão que eles não sabem quem são os eleitos, em adição a ordem missionária de Cristo.[6] Enquanto nós não sabemos quem são os descrentes eleitos, esse motivo para evangelismo é insuficiente. O evangelismo deve ocorrer porque a vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos de acordo com a sua vontade revelada. Nós também temos que expressar e demonstrar o amor salvífico de Deus[7] pela humanidade de tal forma que nós devemos ordenar a todos os homens o arrependimento, em nossa pregação do evangelho, em nossos convites compassivos, e em nossa oferta indiscriminada do evangelho a todos. O próprio coração e ministério de Cristo, nesse respeito, são nossos padrões. Nós devemos mostrar ao perdido a suficiência de Cristo para salvá-los.[8] Em adição a ordem expressa evangelística de Cristo e a vontade de Deus que todos sejam salvos, a real suficiência de Cristo para salvar todos os homens deve também formar a base para nosso evangelismo. Conhecimento da vontade revelada de Deus deve guiar nosso evangelismo, não nossa ignorância de Sua vontade secreta. Nossa atividade missionária deve ser uma forma de adaptar a nós mesmos ao coração do próprio interesse missionário de Deus.
Em seu livro The Gospel and Personal Evangelism [O Evangelho e o Evangelismo Pessoal], Mark Dever sugeriu três motivos para evangelismo: obediência a Escritura, amor pelos perdidos e amor por Deus.[9] Eu concordo completamente, mas Dever falha em mencionar dois outros motivos críticos: a morte de Cristo por todos os homens e a vontade salvífica universal de Deus. A menos que eu tenha perdido, seu livro nunca menciona esses dois como motivos para evangelismo. Claro, Dever não pode afirmar a morte de Cristo pelos pecados de todos os homens porque ele defende a expiação limitada. Sua teologia proíbe. Eu presumo que ele concordaria com a vontade salvífica universal de Deus, embora ele em nenhum lugar explicitamente declare isso em seu livro, tanto quanto eu possa falar.
Calvinistas Owenicos inadvertidamente minam a oferta bem intencionada do evangelho. Os Cristãos devem evangelizar porque Deus deseja que todos os homens sejam salvos e ele fez expiação por todos os homens, assim removendo as barreiras legais que exigem a condenação deles. Possivelmente um Calvinista Rígido não pode olhar uma congregação em seus olhos ou até mesmo um simples pecador descrente nos olhos e dizer “Cristo morreu pelos seus pecados”. Além do mais, quando os Calvinistas Rígidos dizem, “Cristo morreu pelos por pecadores”, o termo “pecadores” torna-se uma palavra código para “somente o eleito”.[10] Para ser consistente com a sua própria teologia, eles tem que dizer propositalmente a vaga declaração “Cristo morreu pelos pecadores”. Desde que Cristo não morreu pelos pecados do não-eleito e desde que eles não sabem quem são os eleitos, é simplesmente impossível em uma pregação ou numa situação de testemunho dizer a todos diretamente “Cristo morreu por você”.[11] Eu não vejo como essa posição insustentável pode fazer alguma coisa, mas minar o entusiasmo evangelístico desde o atual “salvabilidade” dos ouvintes pode estar em questão secretamente.
Nathan Finn criticou Jerry Vines por dizer “Quando um calvinista é um ganhador de almas, isso ocorre a despeito de sua teologia”.[12] Curiosamente, Curt Daniel, um calvinista moderado, destacou que João Bunyan, um calvinista que abraçou a expiação universal, alegou que alguns serão salvos embora o Evangelho Particularista e que aqueles que desejarem, são salvos apesar do elemento distintivo, não por causa dele.[13]
3 – Problemas para a Pregação
Tudo que opera para minar a centralidade, universalidade e necessidade da pregação está errado. Tudo o que faz dos pregadores hesitantes para fazer a proclamação atrevida[14] do evangelho a todas as pessoas está errado. Pensar que Cristo sofreu apenas por alguns afetará profundamente a pregação. Pregadores não sabem quem são os eleitos então eles devem pregar a todos como se a morte de Cristo fosse aplicável a eles mesmo embora eles sabem e crêem que todos não são passíveis de salvação. Essa postura parece fazer pregadores operar em uma base de algo que eles sabem ser uma inverdade e cria um contexto problemático para a pregação no púlpito.
Antes, porque Cristo, de fato, morreu pelos pecados de todos, o próprio Deus está oferecendo salvação a todos, e o pregador pode pregar uma proclamação atrevida de salvação para todos, oferecendo os benefícios de Cristo a cada pessoa singular (2 Co 5.18-21). João Bunyan manteve que o evangelho é para ser pregado a todos porque o propósito para a morte de Cristo estende-se a todos.[15] Curt Daniel destacou como Calvino alertou “que se limite o ‘todos’ da expiação, então se limita a vontade salvífica revelada de Deus, que necessariamente infringe a pregação do evangelho e diminui a ‘esperança de salvação’ daqueles a quem o evangelho é pregado”.[16]
Escrevendo sobre expiação limitada, Waldron fez esse comentário: “A livre oferta do evangelho não requer de nós falar aos homens que Cristo morreu por eles”. Ele também explica que “essa forma de pregar é totalmente sem precedente bíblico”, que “se a livre oferta do evangelho significa dizer a pecadores inconversos, ‘Cristo morreu por você’, então a redenção particular seria inconsistente com a livre oferta”, e que “em lugar nenhum da Bíblia é o evangelho proclamado falando a pecadores inconversos que Cristo morreu por eles”.[17] Essa ultima afirmação é extraordinária. Tal afirmação ousada é contraditada diretamente em inúmeras passagens no Novo Testamento. Por exemplo, considere a declaração de Paulo do evangelho que ele pregou em I Co 15.3 (NKJV): “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras”. Note que Paulo está dizendo aos Coríntios que ele pregou para eles antes deles serem salvos! Ele pregou para eles: “Cristo morreu pelos seus pecados”. A declaração de Waldron é também contraditada por Atos 3.26 (NKJV): “Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, no apartar, a cada um de vós, das vossas iniqüidades”. Pedro está dizendo a sua audiência descrente que Deus enviou Jesus para abençoar cada um e todos entre eles e cada um deles e apartar cada um deles das suas iniqüidades. Esta mensagem é equivalente a Pedro dizendo que Cristo morreu por você. Como poderia Jesus salvar cada um deles (que é o que benção e apartar da iniqüidade envolve) se Ele na verdade não morreu pelos pecados de todos eles? Certamente “cada um” dos judeus que Pedro endereçou essas palavras devem estar incluídos alguns que foram não-eleitos! Como se esses versos não fossem suficientes, o que Waldron fará com Lucas 22.20-21? “Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: ‘este cálice é o Novo Testamento no Meu Sangue, que é derramado por vós. Mas eis que a mão do meu traidor está comigo na mesa’”. Aqui Jesus claramente declara que seu sangue foi derramado por Judas.[18] Dizer que Judas não estava na mesa na hora não oferece desculpa desde que o texto claramente declara que ele estava. O próprio Calvino diz explicitamente que Judas estava na mesa em inúmeros lugares em seus próprios escritos.[19] Se Jesus derramou seu sangue por Judas, então sua morte não foi restrita somente ao eleito, pois Judas não estava entre os eleitos. A livre e bem intencionada oferta do evangelho por todas as pessoas pressupõe necessariamente que Cristo morreu pelos pecados de todos os homens em algum sentido[20].
J.C. Ryle disse bem isso:
Eu não estarie em dívida com ninguém ao manter que Jesus ama toda a humanidade, veio ao mundo por todos, morreu por todos, proveu redenção suficiente por todos, chama a todos, convida a todos, ordena a todos ao arrependimento e crença; e deve ser oferecido a todos – livremente, completamente, sem reservas, diretamente, incondicionalmente – sem dinheiro e sem preço. Se eu não adoto isso, eu não me atrevo a ir ao púlpito, e eu não entendo como se deve pregar o evangelho.
Mas enquanto eu abraço tudo isso, eu mantenho firmemente que Jesus fez uma obra especial por aqueles que creem que Ele não faz por outros. Ele os vivifica pelo seu Espírito, os chama pela sua graça, os lava em seu sangue – os justifica, os santifica, mantém, os conduz e continuamente intercede por eles – que eles não possam cair. Se eu não creio em tudo isso, eu deveria ser um cristão muito miserável e infeliz.[21]
Essas palavras refletem exatamente meus sentimentos. Pessoas não são condenadas por falta de um sacrifício suficiente substitutivo, mas por seus pecados e falta de fé. Um homem não pode ser punido por rejeitar o que nunca foi oferecido por ele em primeiro lugar. Expiação limitada afeta negativamente a pregação porque proíbe o pregador de pregar, “Cristo morreu por seus pecados!” de modo que ouvintes desesperados podem estar certos que Deus não somente deseja, mas também está preparado para salvá-los.
4 – Problemas concernentes a fornecer chamadas do altar
Na conferência de pastores em Michigan em Novembro de 2008, um professor do seminário da convenção Batista do Sul falou sobre o assunto “A Cruz e a Confiança Evangelística”. O destaque de sua mensagem enfatizava que um pastor não precisa, de fato, não deve oferecer uma chamada evangelística do altar. Ele sustentou que uma chamada evangelística do altar não é bíblica e também argumentou que oferecer uma chamada evangelística do altar é equivalente a tentar manipular a soberania de Deus. Alan Street derrubou ambas dessas declarações em uma monografia.[22] Street que serve como o W.A. Criswell Professor de pregação no Criswell College em Dallas, Texas, e é um Batista do Sul, escreveu sua dissertação de doutorado nesse assunto. Ele demonstrou conclusivamente que uma chamada do altar é historicamente substanciada, biblicamente afirmada e teologicamente validada. Incidentalmente, Street é um calvinista moderado. O volume de Street tem um apêndice onde ele apela diretamente a seus irmãos reformados para não rejeitar o uso da chamada do altar.[23] Eu posso também adicionar que em conversa pessoal com o Dr. Louis Drummond antes de ele ir para casa [dormir no Senhor], Drummond me falou que durante suas pesquisas na Inglaterra para sua biografia definitiva sobre Charles Spurgeon, ele encontrou relatos de testemunhas oculares do uso ocasional de Spurgeon da chamada do altar após sua pregação em um cofre sem lacre recente contendo os arquivos da Controvérsia Downgrade. Esses relatos, claro, derrubaram um mito comum entre os Calvinistas que Spurgeon nunca fez chamadas do altar.
Muitos Calvinistas rejeitam a chamada do altar precisamente porque eles engajaram-se com a expiação limitada. Embora de caráter testemunhal em natureza, as observações confirmam que virtualmente todos os Calvinistas que falam ou escrevem contra a chamada do altar, acontecem de ser high-calvinistas.
5 – Problemas quando o Calvinismo é Igualado com o Evangelho
Apesar da famosa citação de Spurgeon,[24] o Calvinismo não é o evangelho. Como Greg Welt disse falando “francamente” (palavras dele) para seu companheiro Calvinista, tal afirmação é “tanto enganosa quanto inútil”, e se levado muito a sério, “faria o circulo de companheirismo pouco menor do que Cristo mesmo fez”.[25] Calvinismo não é o sine qua non [condição necessária do evangelho] do evangelho. Alguns calvinistas modernos postaram um link necessário entre a substituição penal e a expiação definitiva de tal forma que eles tendem a igualar o calvinismo com a mensagem do evangelho. Para eles substituição penal igual a expiação limitada, e, portanto, expiação limitada torna-se um componente necessário do evangelho. Que os reformadores que retomaram o aspecto da substituição penal da morte de Cristo que rejeitaram a expiação limitada é interessante. O argumento que a rejeição da expiação limitada implica a necessidade de negar a substituição penal ultimamente se apoia em uma confusão entre débito comercial e débito penal, como já tem sido destacado. Tais pensamentos podem reduzir a mensagem do evangelho a uma mensagem sobre como Deus quer juntar os eleitos em vez do desejo sincero de Deus de salvar a todos que ouvirem a mensagem. Quando o calvinismo é igualado ao evangelho, alguns calvinistas tornam-se militantes de tal forma que qualquer ataque ao sistema deles é equivalente a um ataque ao evangelho.
6 – Problemas quando Igrejas Não-Calvinistas entrevistam um Potencial Pastor Calvinista ou Membro do Quadro de Funcionários
Um dos problemas crescentes na Convenção Batista do Sul que parece ser correlato com o aumento do número de jovens graduados seminaristas que são Calvinistas em sua soteriologia, concernente ao processo de entrevista entre igrejas e candidatos a pastorais/membros do quadro de funcionários. A vasta maioria das igrejas Batistas do Sul não são calvinistas. Quando essas igrejas entrevistam potencias pastores e membros do quadro de funcionários que são calvinistas os problemas emergem a menos que ambas as partes sejam claras como o cristal sobre sua crença e a menos que ambas as partes perguntem e respondam questões contundentes e não de forma vaga. A maioria da evidência para esse problema é de caráter testemunhal por natureza, mas eu sou pessoalmente consciente de inúmeros exemplos. Não apenas algumas igrejas na Convenção Batista do Sul estão atualmente divididas sobre esse assunto.
Com certa frequência um pastor procura o comitê que não é teologicamente astuto o suficiente para perguntar o tipo de questão que determina o que um potencial pastor acredita sobre Calvinismo e particularmente sobre a extensão da expiação. Deixe-me ilustrar com um caso hipotético. Suponha que um candidato é perguntado sobre a seguinte questão: “Você acredita que Cristo morreu pelo mundo?”. O questionador entende a palavra “mundo” se refere a todas as pessoas sem exceção. O questionador também entende “morreu por” significar “morreu pelos pecados do” mundo. Calvinistas Rígidos acreditam que Cristo morreu pela humanidade em um sentido que a morte dele traz graça comum, mas não que Cristo morreu pelos pecados do mundo. Nenhum Calvinista Rígido pode dizer “Cristo morreu pelos pecados do mundo” a menos que eles entendam a palavra “mundo” significar o eleito. Mas essa visão é precisamente como a maioria dos Calvinistas Rígidos entendem a palavra “mundo” em passagens como João 3.16; eles interpretam isso significar somente o mundo do eleito e não cada pessoa individualmente. Então, em nosso caso hipotético, quando um candidato é questionado, “Você credita que Cristo morreu pelo mundo?”, ele pode responder “sim” para a pergunta por sua definição de “mundo” e “morreu por”. O problema aqui é duplo. Primeiro, a questão do comitê é perguntada sem eles terem consciência das nuances teológicas envolvidas no significado de “mundo” e “morreu por”. Embora isso seja lamentável, é compreensível. Segundo, se o candidato responde “sim” para a questão, então ele está respondendo a questão de acordo com sua definição da palavra “mundo” e “morreu por”, não de acordo com o entendimento pretendido na questão pelo comitê. Se o candidato responde a questão na afirmativa e ele sabe o entendimento do comitê para a questão deles para informar-se se Jesus na verdade morreu pelos pecados de todo homem, então ocorreu uma violação da integridade. O candidato tomou a decisão para tirar proveito da ambiguidade da questão. É incumbência do candidato Calvinista responder a questão de acordo com o significado do questionador e não de acordo com o que ele mesmo pode distinguir a palavra significar como se em uma discussão teológica com colegas calvinistas. Se o candidato é chamado para a igreja como um pastor ou membro do corpo de funcionários e depois começar a pregar ou a ensinar expiação limitada, resultará em problemas. Até mesmo quando a igreja procura o comitê e não pergunta questões sobre a visão dos candidatos sobre Calvinismo, a sabedoria pareceria ditar que o candidato deveria ser confrontado com o comitê sobre esses assuntos. É incumbência de ambos, comitê e candidato procurar ser franco com o outro sobre exatamente o que cada um acredita. O amor pela igreja e o desejo para não dividir a igreja deve impulsionar comitês e candidatos, seja calvinista ou não.
7 – Problemas quando ser verdadeiramente um Batista do Sul é igualado com ser um Calvinista
Enquanto esse problema não pertence a expiação em si, está sobre o Calvinismo em geral e ilustra um crescente problema na Convenção Batista do Sul. Quando Tom Ascol publicou o artigo de Tom Nettles no Founders Journal, intitulado “Why Your Next Pastor Should Be a Calvinist” [Porque seu próximo pastor deveria ser um calvinista], a publicação desse artigo, junto com a postagem de declaração de propósito do Founders Ministries Web Site, deixou óbvio que a agenda do movimento Founders na Convenção Batista do Sul é mover o SBC em direção ao Calvinismo Rígido.[26] Leia cuidadosamente o próprio Ascol comentar sobre o artigo do Nettles:
O tema do último Founders Journal (Inverno de 2008) é “o outro ressurgimento”. Contém artigos de Tom Nettles e Christian George, representando a “velha guarda” do esforço de reformulação dentro da SBC e o surgimento da geração que é similarmente engajada com esses esforços. Dr. Nettles não precisa de nenhuma apresentação para a maioria dos leitores do seu blog. Seu ministério de ensino e escrita tem sido abençoado por Deus para chamar muitos de volta para as suas raízes bíblicas e históricas como os Batistas do Sul. Seu livro, By His Grace and For His Glory [Por sua graça e para sua glória] (recentemente revisado, atualizado e republicado por Founders Press) nunca foi sequer seriamente contatado, muito menos refutado por aqueles que lamentam o ressurgimento das doutrinas da graça entre os Batistas nos últimos 25 anos. Essa é uma obra clássica. O artigo de Tom nessa questão do Founders Journal é intitulado, “Porque seu próximo pastor deve ser um calvinista”, eu recomendo altamente.[27]
Primeiro, perceba a frase “o outro ressurgimento”. Essa frase é, claro, uma referência ao ressurgimento do Calvinismo dentro da Convenção Batista do Sul. Segundo, Ascol fala do “ministério de ensino e escritos” de Nettles sendo “abençoado por Deus para chamar de volta as próprias raízes bíblicas e históricas com os Batistas do Sul” [ênfase adicionada]. A referência de Ascol para as nossas raízes “bíblicas” implica que aqueles que não afirmam o Calvinismo são “não bíblicos”. Quando ele fala das nossas raízes “históricas”, Ascol está distorcendo o registro histórico dos Batistas do Sul com respeito ao Calvinismo. Ele está prejudicando a homenagem Charleston contra a homenagem Sandy Creek. Richard Land disse comoventemente concernente a história Batista do Sul e Calvinismo: “desde o primeiro grande avivamento, a tradição separada Batista Sandy Creek tem sido nossa melodia, com Charleston e outras tradições providenciando harmonia”.[28] Founders Ministries tem errado principalmente em transferir a melodia para a tradição Charleston na vida dos Batistas do Sul. Terceiro, eu não posso imaginar usar tal título como “Porque o seu próximo pastor deve ser um calvinista”, muito menos argumentar o tópico impresso. O próximo pastor da igreja deve ser o homem que Deus leve a igreja a chamar, calvinista ou não. Imagine os protestos se algum grupo de não-calvinistas publicassem um artigo intitulado “Porque o seu próximo pastor não deve ser um calvinista”. Claro, Ascol está dentro de seu direito para direcionar o Founders Ministries e publicar tal artigo em seu jornal. Estes direitos não estão em questão. O que está em questão é se tal artigo constitui evidência que ele tem uma agenda para pressionar o ressurgimento do Calvinismo dentro da Convenção Batista do Sul e se tal agenda é um problema para a Convenção Batista do Sul. Em meu julgamento a evidência claramente indica que ambos são verdade.
Considere o comentário de Nettles em seu capítulo “A Historical View of the Doctrinal Importance of Calvinism Among Baptists” [A Visão Histórica da Importância Doutrinária do Calvinismo entre os Batistas] no livro Calvinism: A Southern Baptist Dialogue [Calvinismo: Um Diálogo Batista do Sul]. Ele concluiu com uma declaração que qualquer esforço para procurar a repressão ou eliminação do calvinismo dentro da SBC poderá ser “uma tragédia teológica e um suicídio histórico”.[29] Eu certamente concordo. Na próxima sentença Nettles introduziu uma longa citação de P.H. Mell com o seguinte comentário: “De fato, pode-se argumentar junto com P.H. Mell que exatamente o oposto poderá ser o caso”.[30] O que exatamente Mell disse para obter tal comentário de Nettles? A primeira parte da citação que Nettles fez de Mell lê-se como segue:
Em conclusão, se torna uma séria e prática questão – se nós não devemos fazer essas doutrinas [as doutrinas da graça] a base de todas as nossas ministrações do púlpito. Se é, de fato, o sistema do evangelho, sustentado por tais argumentos, e atestado por tais efeitos, cada ministro deve estar imbuído com tal espírito, e paramentado com seus arsenais; não é necessário, de fato, que nós devemos apresentar sua verdade, sempre numa forma de teologia dogmática ou polêmica – mesmo embora essas não devem ser inteiramente negligenciadas, se nosso povo não está, ainda, completamente indoutrinado.[31]
Nettles continua a citação de Mell que delineia “As Verdades Fundamentais” das “Doutrinas da Graça”. Curiosamente, Mell menciona a Depravação Total e a Perseverança dos Santos, mas ele não diz nada especificamente concernente a Eleição Incondicional, Expiação Limitada e Graça Irresistível. Mell está claramente advogando que essas doutrinas do calvinismo devem ser a “base de toda nossa ministração do púlpito”. Ele chama as doutrinas da graça de “O Sistema do Evangelho” e indica “nosso povo” deve estar “completamente indoutrinado” nelas. Deve-se de fato argumentar, como Nettles disse, o ponto de Mell, mas o ponto é que não se deve argumentar esse ponto. Existe um grande abismo entre “poderia” e “seria” e “deveria”. Eu pego a impressão distinta que Nettles gostaria, de fato, de argumentar isso e que ele tem semanticamente feito para querer dizer da citação de Mell.
Jeff Noblit concluiu “The Rise of Calvinism in the Southern Baptist Convention: Reason for Rejoicing” [O surgimento do Calvinismo na Convenção Batista do Sul: Razão para Regizijo] com essas palavras: “Eu estou convencido que o crescimento do espírito cheio, o Calvinismo evangelístico é um agente essencial para o reavivamento e reformulação necessária a fim de construir verdadeiras igrejas fortes e trazer a glória de Deus que Ele merece”.[32] Olhe a sentença cuidadosamente. Noblit está convencido que o Calvinismo é um agente essencial necessário para o avivamento e reformulação da igreja a fim de construir igrejas verdadeiras. O Calvinismo é essencial para o avivamento que nós precisamos? Podem nossas igrejas ser verdadeiras somente quando elas estão permeadas com teologia Calvinista? Tais declarações e suas implicações são problemáticas.
Concluindo, com respeito ao Calvinismo e a SBC, tentar espantar todos os Calvinistas não poderá nos juntar na SBC. Tentar retornar como uma convenção da chamada teologia do calvinismo “Founders” também não nos unirá. Se nós vamos nos unir, nós devemos fazer como Batistas, não como Calvinistas e não-Calvinistas. Nós devemos nos unir ao redor dos distintivos Batistas que é a única coisa que pode nos manter juntos: uma teologia Batista bíblica unida para um Ressurgimento da Grande Comissão de evangelismo e missões. É direito de cada e todo Batista estar persuadido que o Calvinismo reflete o ensino da Escritura. Ser um Calvinista não deve ser uma convenção criminosa. Os Calvinistas tem e sempre devem ser livres para ter um lugar na mesa da SBC. Qualquer igreja que sentir conduzida por Deus chamar um pastor Calvinista deve fazer sem hesitação. Por outro lado, o Calvinismo não deve ser uma causa nem uma convenção. Quando Calvinistas, individualmente ou como grupos organizados, procurar fazerem dele como uma causa com a intenção de mover a SBC em direção ao Calvinismo, então nós temos e vamos continuar a ter um problema. Deixe-nos debater a teologia do Calvinismo e deixe as fichas caírem onde elas podem, mas deixe-nos refrear de tentar Calvinizar ou Descalvinizar a SBC. A maioria dos Batistas tem sempre visto usar o termo do Dr. Léo Garrtet, “Calminianos”.
Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological Critique of five-point calvinism, pp. 94-107
Tradução: Walson Sales
Publicado anteriormente aqui:
Notas:
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[1] E. Hulse e R. Letham tem dealt com os erros da interpretação Owenica de 2 Pedro 3.9 em “John Owen e 2 Pedro 3.9”, Reforma Hoje 38 (Julho-Agosto., 1977): 37-38.
[2] E. Polhill, “The Divine Will Considered in Its Eternal Decrees” [A Vontade Divina Considerada em seus Decretos Eternos], em The Works of Edward Polhill [As Obras de Eduard Polhill], 163-64.
[3] Tanto Curt Daniel quanto Ian Murray associaram a negação do desejo salvífico universal de Deus com o Hyper-Calvinismo desde que isso é o ponto chave na disputa com respeito a livre oferta. C. Daniel, The History and Theology of Calvinism [A História e Teologia do Calvinismo], 90; I. Murray, Spurgeon v. Hyper-Calvinism:The Battle for Gospel Preaching [Spurgeon v. Hyper-Calvinismo: A Batalha Pela Pregação do Evangelho] (Carlisle, PA: Banner of Truth, 2000), 89. Murray sumariza seu livro como segue: “O Livro pretende mostrar a diferença momentânea entre a crença de evangelismo calvinista e essa forma de calvinismo que nega qualquer desejo da parte de Deus para a salvação de todos os homens” (I. Murray, “John Gill and C.H. Sproul”, Banner of Truth 386 [Nov. 1995], 16). Na correspondência de Murray com David Engelsma sobre o objeto da livre oferta, ele escreveu: “A questão crítica aqui, claro, não é o mero uso do termo ‘oferta’, mas se a oferta do evangelho é uma expressão do desejo de Deus de que isso deve ser recebido pelos pecadores”. Veja Banner of Truth 307 (Dezembro de 1995): 24-25. Em uma crítica do livro de David Silversides que defende a livre oferta, Murray diz: “Paralelo a questão do não desejo, não irá, nós achamos, agitar a declaração dos Hyper-Calvinistas, que a livre oferta, expressiva do amor por todos, atribui duas vontades a Deus – cumprida no caso do eleito e não-cumprida no caso de todos os outros…nós não achamos que a Escritura nos permite fazer a questão do desejo secundário de Deus” (“Books Reviews”, Banner of Truth 507 [Dezembro. 2005], 22.
[4] Em 7 de Dezembro de 2001 na Lista de Teologia [fórum de discussão], Phil Johnson disse o seguinte para um Hyper-Calvinista: “A raiz de seu problema é que você aparentemente imagina que existiria um conflito na vontade de Deus, se Deus, que não ordenou alguns homens para a salvação, contudo deseja que todos os homens se arrependam e busquem sua graça. Isso é, de fato, precisamente o falso dilema que praticamente todos Hyper-Calvinistas fazem para si mesmo. Eles não podem reconciliar a vontade preceptiva de Deus com sua vontade decretiva, então eles acabam (geralmente) negando a sinceridade da vontade preceptiva, ou senão negando que a súplica e chamadas a salvação se aplicam a todos que ouvirem o evangelho”. http://groups.yahoo.com/group/Theology_list. Também, em um livro tratando várias questões relacionadas com o Teísmo Aberto, Johnson tratou com a questão de se Deus em algum sentido “deseja” o que ele não faz acontecer. Ele diz que a Escritura “com frequência imputa desejos não cumpridos a Deus” e cita vários versos importantes. Ele então corretamente adverte contra tomar “expressões de desejos e ânsias do coração de Deus” em um “sentido simplisticamente literal” como se isso resultaria em comprometer a soberania de Deus. Portanto, “O Deus ansioso expresso nesses versos devem em algum grau ser antropopáticos”. Johnson diz que, contudo, nós “devemos também ver que essas expressões significam alguma coisa. Elas revelam um aspecto da mente divina que é totalmente impossível reconciliar com a visão daqueles que insistem que os decretos da soberania de Deus são iguais aos seus ‘desejos’ em cada sentido distinto. Não existe nenhum sentido em que Deus já desejou para ou prefere qualquer outra coisa do que o que realmente ocorre (incluindo a queda de Adão, a condenação do ímpio, e todo mal entre eles)? Minha própria opinião – e eu acho que Dabney teria concordado – é que aqueles que recusam ver qualquer expressão verdadeira do coração de Deus, tudo em suas exclamações optativas tem abraçado o erro do espírito do Hyper-Calvinismo”. (P. Johnson, “God Without Mood Swings,” [Deus sem estado variado], em Bound Only Once: The Failure of Open Theism [Provado somente uma vez: A Falha do Teísmo Aberto] [ed., D. Wilson; Moscow, ID: Canon Press, 2001], 118). Esse artigo também pode ser acessado aqui: htpp//www.spurgeon.org/~phil/articles/impassib.htm. Ambas as citações de Johnson (em adição a sua referencia a vontade de Deus em sua Primer on Hyper-Calvinism [Excelência sobre Hyper-Calvinismo]) pareceria implicar James White (Alpha & Omega Ministries) como um Hyper-Calvinista desde que White concorda com a visão de Reymond de que Deus não deseja a salvação do não-eleito em nenhum sentido. Ambos, White e Reymond acham que afirmando o contrário imputa irracionalidade a Deus, e Reymond apela explicitamente aos ensinos de John Gill a esse respeito. Veja R. L. Reymond, A New Systematic Theology [A Nova Teologia Sistemática], 692-93. White não somente está criando caso contra as expressões optativas, como Johnson parece pensar. Ambos, Reymond e White rejeitam o conceito que Deus deseja a salvação de todos os homens. Tudo o que pode ser, é contudo claro que White, um Batista Reformado, está meticulosamente fora de sincronia com as fortes declarações de Sam Waldron sobre a vontade de Deus e João 5.34 como ele expõe a “livre oferta” ensinada na Confissão Batista de Londres de 1689. Veja a Modern Exposition of the 1689 Baptist Confession of Faith [Exposição Moderna da Confissão de Fé Batista de 1689] de Waldron (Darlington, UK: Evangelical Press, 1989), 121-22. Em contraste com White, e como eu notei durante a conferencia João 3.16, Tom Ascol concorda com a visão da ortodoxia calvinista de Johnson que “Deus deseja que todas as pessoas sejam salvas” em Sua vontade revelada. É, portanto, problemático achar que Ascol (ou qualquer outro entre os Fundadores do Movimento Batista do Sul) se aliaria a White, um Batista Calvinista que não é do sul que rejeita a oferta bem intencionada do evangelho, quando planeja debater com outros Batistas do Sul sobre calvinismo. Esse foi meu ponto na conferencia 3.16.
[5] Johnson escreveu em um artigo online em 1998: “eu escrevi e postei este artigo porque eu estou preocupado sobre algumas tendências sutis que parecem um sinal de um surgimento do Hyper-Calvinismo, especialmente dentro do grupo de jovens calvinistas e os novos reformados. Eu tenho visto essas tendências em inúmeros fóruns de teologia Reformada na internet … A história nos ensina que o Hyper-Calvinismo é tanto uma ameaça para verdade do calvinismo como o Arminianismo é. Praticamente cada avivamento do verdadeiro calvinismo desde a era Puritana foi sendo sequestrado, aleijado ou por fim morto pela influencia do Hyper-Calvinismo. Calvinistas modernos fariam bem estar em guarda contra a influência dessas tendências mortais” (P. Johnson, “A Primer on Hyper-Calvinism”, http//www.spurgeon.org/~phil/articles/hypercal.htm online).
[6] Essa é a ideia central destacada por J.I. Parker em Evangelism and the Sovereignt of God [Evangelismo e Soberania de Deus] (Downer’s Growe, IL: InterVarsity, 1991).
[7] Alguns calvinistas distinguem entre amor salvifico universal de Deus e amor redentivo desde que eles acham o último pertence ao eleito somente, como Cristo morreu apenas pelos pecados dos eleitos. Embora até mesmo alguns calvinistas históricos tem pensado que Cristo redimiu somente o eleito [dai amor redentivo] na morte que ele morreu, eles ainda admitem que a vontade de Deus para salvar toda a humanidade fora do seu amor benevolente [como diferenciado de um amor complacente]. Esses termos benevolente e complacente são comuns em discussões calvinistas do amor de Deus, especialmente entre escritores antigos.
[8] Essa foi a prática frequente de David Brainard. Veja “Life and Diary of the Rev. D. Brainard” [Vida e Diário do Rev. D. Brainard] nas Works of Jonathan Edwards [Obras de Jonathan Edwards], 2:432.
[9] M. Dever, The Gospel and Personal Evangelism [O Evangelho e o Evangelismo Pessoal] (Wheaton, IL: Crossway, 2007), 96.
[10] Veja declaração doutrinária “Together for the Gospel” [Juntos pelo Evangelho]. Perceba o uso cuidadoso de frases como “Cristo morreu por pecadores” em inúmeros lugares ao invés de algo ao longo das linhas de “Cristo morreu pelo mundo” ou por “todos os homens”, etc. Os lideres de “Together for the Gospel” [Juntos pelo Evangelho] deliberadamente parecem evitar usar a amplamente óbvia ou linguagem escriturística toda abrangente, para descrever a extensão da expiação, tal como 2Co 5.14 (“um [Jesus] morreu por todos”), 2Co 5.19 (“Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo”), e Hb 2.9 (“Jesus experimentou a morte por todo homem”). Embora a linguagem deles é bíblica em um sentido conotativo que aqueles por quem Cristo morreu são “pecadores” (como Paulo diz em Rm 5.8: “Cristo morreu por nós sendo nós ainda pecadores”, e novamente em I Tm 1.15 “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar pecadores”), a linguagem deles não é bíblica em um sentido denotativo que não deixa explicita as palavras “Morreu por pecadores” que aparecem no NT. A linguagem confessional do “Juntos pelo Evangelho” com respeito a extensão da expiação parece ser uma esquiva calculada dos mais frequentes e mais explícitos termos bíblicos como “todos”, “mundo” e “todo homem”. Essa ambiguidade estudada parece deliberada e pode ser guiada pelo compromisso deles com a doutrina da expiação limitada. Em “Juntos pelo Evangelho”, o que une esses Batistas e Presbiterianos juntos confessionalmente é o High-Calvinismo, ou mais especificamente a crença deles em expiação limitada.
[11] Eu tenho ocasionalmente ouvido isso ser dito em sermões de High-Calvinistas, mas quando isso é feito, é uma inconsistência que mostra uma contradição direta com a teologia deles. A maioria dos High-Calvinistas não usarão a terminologia “Cristo morreu por você” em seus sermões. Às vezes a teoria deles não combina com a prática quando vem para a pregação. Considere essa citação de Spurgeon, um High-Calvinista, endereçado aos descrentes: “venha, eu o imploro, ao monte calvário, e ver a cruz. Diante do Filho de Deus, Ele que fez os céus e a terra, moribundo pelos seus pecados. Olhe para Ele, não existe poder nele para salvar? Olhe em sua face uma completa compaixão. Não existe amor em seu coração para provar que ele está disposto a salvar? Caro pecador, a vista de Cristo o ajudará a crer” (Charles Spurgeon, “Compel Them to Come” [Os Compelir a Vir] em New Park Street Pulpit, vol. 5, Sermão #227).
[12] N. Finn, “Southern Baptist Calvinism: Setting Record Straight”, 176.
[13] C. Daniel, “Hyper-Calvinism and John Gill”, 590.
[14] A “Proclamação atrevida” é dizer a cada homem que Cristo morreu pelos seus pecados segundo as Escrituras.
[15] J. Bunyan, Reprobation Asserted [Reprovação Afirmada], nas Works of John Bunyan [Obras de João Bunyan], ed. G. Offor (Avon, Great Britain: The Bath Press/Banner of Truth, 1991), 2:348.
[16] C. Daniel, “Hyper-Calvinismo and John Gill”, 603.
[17] S. Waldron, “The Biblical Confirmation of Particular Redemption [A Confirmação Bíblica da Redenção Particular], em Calvinism: A Southern Baptist Dialogue [Calvinismo: Um Diálogo Batista do Sul], 149.
[18] Ele não pode dizer biblicamente que o “você” não inclui Judas, fornecendo o que Marcos 14.18 diz.
[19] Veja J. Calvino, Tracts and Treatises on the Doctrine and Worship of the Church [Tratos e Tratados sobre a Doutrina e Adoração na Igreja], Vol. 2 (Trad. H. Beverididge; Grand Rapids: Eerdmans, 1958), 93, 234, 297, 370-71, 378, e também seu comentário sobre Mateus 26.21 e João 6.56.
[20] De acordo com De Jong, H. Hoeksema e outros na Igreja Reformada Protestante vêem “quatro elementos indispensáveis” que constituem a ideia de oferta: (1) um honesto e sincero desejo da parte do que oferece a dar alguma coisa, (2) que o que oferece possui isso que Ele oferece para algumas pessoas, (3) um desejo que isso será aceito, e (4) que os destinatários da oferta são capazes de cumprir a condição da oferta. Concernente ao seu segundo elemento, a possessão da parte de Deus deve ser um remédio extrinsecamente suficiente para os pecados de todos aqueles que ouvirem a chamada do evangelho, e essa é uma das razões chaves do Hyper-Calvinista Hoeksema rejeitar a visão que Deus é o fornecedor da oferta bem intencionada para todos por meio da proclamação do evangelho. Veja A. De Jong, The Well-Meant Gospel Offer: The Views of H. Hoeksema and K. Schilder [A Oferta Bem Intencionada do Evangelho: As Visões de H. Hoeksema e K. Schilder] (Franeker: T. Wever, 1954), 43.
[21] J.C Ryle, Expository Thoughts on the Gospel.
[22] R. A. Street, The Effective Invitation [O Convite Efetivo] (Grand Rapids: Kregel, 2004).
[23] Ibid., 238-45. Veja também o capítulo de Street sobre esse assunto nesse volume.
[24] C.H. Spurgeon, The Autobiography of Charles H. Spurgeon [A Autobiografia de Charles H. Spurgeon] (Cincinnati: Curts & Jennings, 1898), 1: 172.
[25] G. Welty, “Election and Calling: A Biblical Theological Study,” [Eleição e Chamada: Um Estudo Bíblico Teológico] em Calvinism: A Southern Baptist Dialogue [Calvinismo: Um Dialogo Batista do Sul], 243. Quando John MacArthur esteve no púlpito da Primeira Igreja Batista em Woodstock, Geórgia, durante uma conferência em 2007 e disse, “Jesus foi um calvinista”, tal declarada infortunada exacerbou a situação entre calvinistas e não calvinistas. Eu amo e aprecio John MacArthur. Eu tenho lido a maioria de tudo o que ele tem escrito, e eu tenho ouvido a sua pregação no rádio por 30 anos, mas tal declaração é um absurdo em inúmeros níveis. Para iniciar, isso é um anacronismo, desde que a vida de Jesus antecedeu a de Calvino em 1500 anos. Segundo, MacArthur, como um high-Calvinista, implicou por sua declaração que Jesus abraçou a expiação limitada, uma posição que nem Calvino abraçou. Terceiro, os protestos de Calvinistas se um não-calvinista proeminente dissesse, “Jesus foi um Não-calvinista” ou “Jesus foi um Arminiano”.
[26] T. Nettles, “Why Your Next Pastor Should Be a Calvinist” [Porque seu próximo pastor deve ser um calvinista] Founders Journal 71 (Inverno de 2008): 1-15.
[27] T. Ascol, “The Other Ressurgence” [O Outro Ressurgimento] – FJ 71, Founders Weblog, Quarta Feira, 2 de Abril de 2008, htpp://www.founders.org/blog/archive/2008_04_archive.html; acessado em 29 de Outubro de 2008.
[28] Veja a pagina 50 desse volume [deste livro].
[29] T. Nettles, “A Historical View of the Doctrinal Importance of Calvinism Among Baptists” [Uma Visão Histórica da Importância doutrinária do calvinismo entre os batistas], em Calvinism, 68.
[30] Ibid.
[31] Ibid., P.H. Mell, Calvinism: An Essay Read Before the Georgia Baptist Minister’s Institute [Calvinismo: Um ensaio lido antes do Instituto do Ministério Geórgia Batista] (Atlanta: G.C Conner, 1868: reimpresso Cape Coral: Christian Foundation, 1988), 19-20.
[32] J. Noblit, “The Rise of Calvinism in the Southern Baptist Convention: Reason for Rejoicing,” [O Surgimento do Calvinismo na Convenção Batista do Sul: Razão para Regozijo], Calvinism: A Southern Baptist Dialogue [Calvinismo: Um Dialógo Batista do Sul], 112.
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