segunda-feira, 22 de julho de 2019

Quem está certo: R. C. Sproul, os Hypercalvinistas ou João Calvino? Uma comparação.

Sproul refutando todos os Hyper-Calvinistas falando sobre a doutrina da Dupla Predestinação. Ele é muito engenhoso para criar termos. (O livro é Eleitos de Deus) Veja:
A destinação simultânea é baseada no conceito da simetria. Procura um equilíbrio completo entre eleição e reprovação. A idéia-chave é esta: Assim como Deus intervém nas vidas dos eleitos para criar fé em seus corações, também assim igualmente intervém nas vidas dos reprovados para criar ou operar incredulidade em seus corações. A idéia de Deus ativamente operando incredulidade nos corações dos reprovados é extraída das declarações bíblicas sobre Deus endurecendo os corações das pessoas. (p. 104).
Aqui claramente ele apresenta a visão hyper da dupla predestinação. Mas continua nestes termos:
A destinação simultânea não é a visão reformada ou calvinista da predestinação. Alguns a têm chamado de "hipercalvinismo." Eu prefiro chamá-la de "subcalvinismo", ou, melhor ainda, de "anticalvinismo." Embora o Calvinismo certamente tenha uma visão de dupla predestinação, a dupla predestinação que ele abraça não é a da destinação simultânea.
Para entender a visão reformada sobre o assunto, precisamos prestar muita atenção à crucial distinção entre os decretos positivos e negativos de Deus. Positivo tem a ver com a intervenção ativa de Deus nos corações dos eleitos. Negativo tem a ver com Deus deixando de lado os não-eleitos. (p. 104).

Mas Calvino havia escrito:
Aqui recorre-se à distinção de vontade e permissão, segundo a qual querem manter que os ímpios perecem pela mera permissão divina, não porque Deus assim o queira. Mas, por que diremos que o permite, senão porque assim o quer? Pois não é provável que o homem tenha buscado sua perdição pela mera permissão de Deus, e não por sua ordenação. Como se realmente Deus não haja estabelecido em qual condição quisesse estar a principal de suas criaturas. Portanto, não hesitarei, com Agostinho, em simplesmente confessar que “a vontade de Deus é a necessidade das coisas”, e que haverá necessariamente de ocorrer aquilo que ele quis, da mesma forma que aquelas coisas que previu verdadeiramente haverão de vir à existência. 
(João Calvino, Institutas da Religião Cristã, Vol III, p. 417 – Versão Clássica).

Ele (Sproul) faz esta distinção esquecendo ou ignorando as doutrinas dos decretos eternos, etc, etc e etc. E continua:
A visão reformada ensina que Deus positivamente e ativamente intervém nas vidas dos eleitos para garantir sua salvação. O restante da humanidade Deus deixa por si mesmos. Ele não cria incredulidade em seus corações. Essa incredulidade já está lá. Ele não os coage a pecar. Eles pecam por suas próprias escolhas. No calvinismo, o decreto de eleição é positivo. O decreto de reprovação é negativo. (p. 104).
Mas Calvino escreveu:
Portanto, quem quiser guardar-se desta infidelidade, tenha sempre em lembrança que não há nas criaturas nem poder, nem ação, nem movimento aleatórios; ao contrário, são de tal modo governados pelo conselho secreto de Deus, que nada acontece senão o que ele, consciente e deliberadamente, o tenha decretado. 
(João Calvino, Institutas da Religião Cristã, Vol I, p. 202 – Versão Clássica).

Esse "nada" deve também conter a "incredulidade" dos réprobos. Como Calvino descreve:
ao contrário, de tudo constituímos a Deus árbitro e moderador, o qual, por sua sabedoria, decretou desde a extrema eternidade o que haveria de fazer, e agora, por seu poder, executa o que decretou. Daí, afirmamos que não só o céu e a terra, e as criaturas inanimadas, são de tal modo governados por sua providência, mas até os desígnios e intenções dos homens, são por ela retilineamente conduzidos à meta destinada. 
(João Calvino, Institutas da Religião Cristã, Vol I, p. 207 – Versão Clássica).

Tudo bem, mas o pecado já está lá...agora, quem fez essas pessoas assim? Quem fez essas pessoas incrédulas? A doutrina dos decretos diz que foi Deus. Calvino diz que foi Deus. Então ele (Sproul) faz uma distinção entre hypercalvinismo e calvinismo ortodoxo:
A visão hipercalvinista da dupla predestinação pode ser chamada de predestinação positiva. A visão do Calvinismo ortodoxo pode ser chamada predestinação positiva-negativa. (p. 104).
Depois de chamar os colegas de heterodoxos, apresenta um gráfico entre os dois:
CALVINISMO
* positivo-negativo
* visão assimétrica
* destinação não simultânea
* Deus deixa de lado o reprovado

HIPERCALVINISMO
* positivo-positivo
* visão simétrica
* destinação simultânea
* Deus opera incredulidade nos corações reprovados (p. 105).

E arremata:
O terrível erro do hipercalvinismo é que envolve Deus na coação do pecado. Isto faz violência radical à integridade do caráter de Deus (p. 105).
Mas Calvino havia escrito:
Uma vez que esteja na mão de Deus a disposição de todas as coisas, quando reside em seu poder o arbítrio da salvação e da
morte, em seu conselho e arbítrio assim ordena que entre os homens nasçam aqueles devotados à morte certa desde a madre, para que, por meio de sua condenação, lhe glorifiquem o nome. Caso alguém alegue que da providência de Deus não se lhes
impõe nenhuma necessidade, antes, porque sua depravação futura foi prevista, foram por ele criados nesta condição, este tal diria algo, porém não tudo. De fato os antigos costumam às vezes fazer uso desta solução, porém de forma duvidosa. Os escolastas, porém, descansam nela como se nada pudesse opor-se contra. 
(João Calvino, Institutas da Religião Cristã, Vol III, p. 415 – Versão Clássica).

o qual mostrou ser supérflua tal contenda, uma vez que tanto a vida, como também a morte, são atos mais da vontade divina do que da presciência divina. Se Deus apenas antevisse os eventos dos homens, contudo de seu Arbítrio também não os dispusesse e ordenasse, então, não sem causa, se agitaria a questão de se por acaso sua presciência tenha influência sobre sua necessidade. Quando, porém, não por outra razão haja de antemão visto as coisas que hão de acorrer, senão porque assim decretou que acontecessem, em vão se move litígio acerca da presciência, uma vez ser evidente que todas as coisas sucedem antes por sua ordenação e arbítrio. 
(João Calvino, Institutas da Religião Cristã, Vol III, p. 415, 416 – Versão Clássica).

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Compilado por Walson Sales.

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