Por Walson Sales
Durante o feriado, aproveitei para mergulhar em algumas leituras e revisitar obras que me marcaram. Uma delas foi _The Surprising Rebirth of Belief in God: Why New Atheism Grew Old and Secular Thinkers are Considering Christianity Again, de Justin Brierley. No capítulo 4, deparei-me com um trecho fascinante sobre a importância e a atualidade da Bíblia, um tema que continua relevante mesmo diante do secularismo crescente.
Por muitos anos, o Novo Ateísmo tentou desacreditar a Bíblia, classificando-a como um livro antiquado, repleto de mitos e irrelevante para o mundo moderno. No entanto, o que estamos testemunhando é um movimento contrário: pensadores seculares estão reconsiderando o Cristianismo, e a Bíblia continua a demonstrar sua força e influência cultural.
Ao longo da história, poucos livros tiveram um impacto tão profundo e abrangente quanto a Bíblia. Mesmo entre os mais ferrenhos críticos do cristianismo, há um reconhecimento inegável de sua influência moral e cultural. Desde a formação das línguas e literaturas até os fundamentos de leis e princípios de justiça, as Escrituras serviram como alicerce para o desenvolvimento de sociedades. Longe de ser um documento ultrapassado, a Bíblia continua a moldar o pensamento, inspirar movimentos sociais e influenciar o debate sobre os grandes dilemas da humanidade.
Este artigo explora como a Bíblia influenciou a cultura, a linguagem, a literatura e a sociedade, desafiando aqueles que negam sua importância a refletirem sobre sua relevância inquestionável.
1. A Bíblia e a Construção da Cultura Ocidental
Mesmo os chamados "Novos Ateus", como Christopher Hitchens e Richard Dawkins, reconhecem a influência cultural da Bíblia. Hitchens admitiu que a versão do Rei Tiago (King James Version) forneceu "um estoque comum de referências e alusões" comparável apenas a Shakespeare. Da mesma forma, Dawkins financiou um projeto para disponibilizar essa versão em todas as escolas do Reino Unido, não por motivos religiosos, mas porque a via como uma grande obra literária.
A Bíblia influenciou profundamente a literatura ocidental, dando origem a expressões que fazem parte do vocabulário cotidiano, como "sal da terra", "bom samaritano" e "andar a segunda milha". Até mesmo o termo "os quatro cavaleiros", adotado por Hitchens, Dawkins, Sam Harris e Daniel Dennett para descrever sua cruzada ateísta, vem diretamente do livro de Apocalipse.
2. A Influência na Literatura e na Educação
Grandes escritores, como Dante, Milton e Shakespeare, foram fortemente influenciados pela Bíblia. Shakespeare, por exemplo, baseou-se fortemente na tradução de William Tyndale do Novo Testamento. Além disso, a cadência e a beleza dos textos bíblicos moldaram a poesia e a literatura subsequente.
A escritora Marilynne Robinson descreveu a Bíblia como "O Livro dos Livros", argumentando que mesmo quando as referências bíblicas na literatura moderna são usadas de forma decorativa ou inconsciente, elas ainda são um reflexo da persistência dessa tradição literária poderosa.
A exclusão da Bíblia dos currículos educacionais modernos tem sido motivo de indignação para muitos intelectuais. O comunicador Melvyn Bragg lamenta que a Bíblia tenha sido relegada ao estudo religioso, enquanto Shakespeare continua a ser um pilar da educação. Segundo ele, ao removermos a Bíblia do ensino, estamos destruindo "catedrais da linguagem que são únicas no mundo".
3. O Impacto Social e Moral da Bíblia
O impacto da Bíblia não se limita ao mundo ocidental. O reformador social Vishal Mangalwadi argumenta que a influência bíblica trouxe progresso e libertação para diversas culturas. Na Índia, por exemplo, os missionários cristãos que traduziram a Bíblia para línguas locais acabaram por estabelecer as bases para a alfabetização e o desenvolvimento cultural.
Além disso, a cosmovisão bíblica ajudou a abolir práticas desumanas, como a queima de viúvas e o infanticídio de meninas. Mangalwadi vai além, afirmando que a independência da Índia foi, em grande parte, um fruto dos valores cristãos introduzidos pelos missionários.
4. A Beleza Intrínseca da Mensagem Bíblica
A influência da Bíblia não se deve apenas à sua grandiosidade literária, mas também à verdade e à beleza das ideias que ela expressa. A força do texto bíblico reside no fato de que ele não apenas moldou a cultura, mas continua a oferecer respostas e orientações para questões universais sobre moralidade, justiça e propósito de vida.
O Novo Ateísmo Está Perdendo Força?
O que torna essa discussão ainda mais interessante é que o próprio Novo Ateísmo, tão influente nas últimas décadas, está em declínio. Muitos de seus principais expoentes já não exercem o mesmo impacto, e novos pensadores estão reconsiderando a relevância do cristianismo. Filósofos e cientistas seculares começaram a admitir que o materialismo puro não fornece respostas satisfatórias para questões fundamentais da existência, como a origem da moralidade, da consciência e do próprio universo.
A redescoberta da importância da Bíblia faz parte desse movimento. Não se trata apenas de um livro antigo, mas de um texto que continua a desafiar e moldar a humanidade.
Conclusão
Ao revisitar The Surprising Rebirth of Belief in God, tornou-se ainda mais evidente que a Bíblia não é um vestígio ultrapassado do passado, mas um livro vivo, com implicações para o presente e o futuro. A tentativa de relegá-la à irrelevância fracassou e, ironicamente, até mesmo aqueles que a criticaram no passado começam a reconhecer sua importância cultural e filosófica.
Talvez a questão não seja se a Bíblia ainda é relevante, mas por que tantas pessoas continuam voltando a ela, mesmo após tentativas incansáveis de desacreditá-la. O que há nesse livro que resiste ao tempo e transforma vidas geração após geração? Essa é uma pergunta que nenhum cético pode ignorar.
Mais do que um texto religioso, a Bíblia é um pilar da civilização. Seu impacto na cultura, na moralidade, na literatura e na formação de nações é inquestionável. Mesmo aqueles que rejeitam sua mensagem espiritual não podem negar sua influência na construção do mundo em que vivemos.
Se a Bíblia for completamente removida da sociedade moderna, o que restará? Como preencher o vazio deixado pela ausência de seus princípios de justiça, compaixão e verdade? A história já demonstrou que sociedades que tentam eliminar sua influência acabam substituindo-a por sistemas autoritários e desumanos.
A Bíblia moldou o mundo — e continua a transformar aqueles que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir.
Questionário
1. Se a Bíblia fosse apenas um livro comum, por que teria sido um dos textos mais perseguidos e banidos ao longo da história?
2. Se a Bíblia não tivesse influência, por que até mesmo críticos do cristianismo, como Hitchens e Dawkins, a reconhecem como um dos pilares culturais do Ocidente?
3. Como você explica o fato de que a moralidade e os direitos humanos modernos são fundamentados em princípios que a Bíblia estabeleceu há milênios?
4. Se a Bíblia não tem importância, por que sua exclusão dos currículos escolares causa tanto impacto e indignação entre estudiosos e intelectuais?
5. Se a Bíblia fosse irrelevante, por que tantas pessoas ao longo da história arriscaram suas vidas para preservá-la e compartilhá-la?
Esse questionário desafia aqueles que negam a importância da Bíblia a refletirem com mais profundidade sobre seu impacto no mundo. Afinal, negar a influência das Escrituras é negar um dos pilares fundamentais da civilização.
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