Por Walson Sales
O agnosticismo, frequentemente defendido como uma posição neutra diante da questão da existência de Deus, apresenta-se como uma visão de mundo que, à primeira vista, parece racional e ponderada. No entanto, ao analisarmos seus pressupostos e implicações, percebemos que essa postura não é apenas auto-contraditória, mas também impraticável na vida cotidiana. Como veremos, o agnosticismo não é um refúgio intelectual legítimo, mas uma fuga das exigências do raciocínio lógico e da realidade objetiva.
Neste artigo, exploraremos a definição do agnosticismo, suas variantes e os problemas filosóficos e lógicos que o tornam uma posição insustentável.
1. Definição e Tipos de Agnosticismo
A palavra "agnosticismo" deriva do grego "a" (não) e gnosis (conhecimento), significando, literalmente, "não conhecimento". Trata-se de uma doutrina que afirma que não podemos saber se Deus existe ou não. Dentro dessa visão, há duas categorias principais, conforme apontado por Norman Geisler e Frank Turek em Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu:
A. Agnosticismo Comum – Alega que "não se pode saber nada".
B. Agnosticismo Decidido – Afirma que "não se pode saber nada com certeza".
Ambas as formas de agnosticismo apresentam sérios problemas lógicos e epistemológicos, que analisaremos nos próximos tópicos.
2. O Agnosticismo e sua Contradição Interna
O maior problema do agnosticismo é sua auto-contradição inerente. Se um agnóstico afirma que "não se pode saber nada", ele está fazendo uma afirmação de conhecimento absoluto. Ou seja, ao declarar que ninguém pode conhecer a verdade, ele assume que conhece essa verdade – o que anula sua própria posição.
Essa inconsistência é evidente nas duas variações do agnosticismo:
- Se o Agnóstico Comum está certo ao afirmar que "não se pode saber nada", então como ele sabe disso?
- Se o Agnóstico Decidido está certo ao afirmar que "não se pode saber nada com certeza", então como ele pode ter certeza disso?
Esse erro lógico é conhecido como a auto refutação*, onde uma afirmação se destrói ao ser aplicada a si mesma. Como William Lane Craig argumenta, "o agnosticismo absoluto é autodestrutivo porque, para fazer sua alegação, ele precisa saber algo sobre o que pode ou não pode ser conhecido".
3. O Agnosticismo e a História
Outro problema do agnosticismo está em sua relação com a história e o conhecimento empírico. Muitos agnósticos alegam que a história não pode ser conhecida com certeza e, ao mesmo tempo, fazem declarações categóricas sobre a origem da vida e a evolução das espécies.
Se a história é incerta, então:
- Como podem afirmar que Jesus não ressuscitou? Para negar a ressurreição, precisam apresentar uma alternativa histórica plausível.
- Como podem afirmar que a vida surgiu espontaneamente a partir de matéria inorgânica se não estavam lá para observar?
- Como podem confiar na ciência, que depende de registros históricos e experimentais, enquanto negam a possibilidade de conhecer o passado?
Phillip E. Johnson, em Darwin on Trial, faz uma observação certeira: "Aquele que afirma ser cético em relação a um conjunto específico de crenças é, na verdade, um verdadeiro crente em outro conjunto de crenças".
4. O Agnosticismo como Fuga do Debate
Muitos utilizam o agnosticismo como uma forma de evitar o debate sobre Deus. Ao dizer "não sei", assumem uma posição confortável, sem precisar apresentar evidências ou argumentos. No entanto, essa neutralidade é ilusória, pois toda negação implica uma afirmação.
Por exemplo:
- Se alguém diz "não sei se Deus existe", mas vive como se Ele não existisse, na prática está assumindo o ateísmo.
- Se alguém diz "não sei se a moral objetiva existe", mas condena assassinato e injustiça, está assumindo um padrão moral objetivo.
Ou seja, ninguém vive de fato como um agnóstico absoluto.
5. A Realidade Exige Escolhas
O mundo em que vivemos nos força a tomar decisões baseadas em conhecimento e crença. Mesmo na ciência, há conceitos que aceitamos sem observação direta, como a existência de buracos negros ou partículas subatômicas.
O argumento do agnosticismo falha porque ignora que toda pessoa age com base em crenças, mesmo quando não pode provar tudo com 100% de certeza.
Além disso, o Cristianismo não exige uma fé cega. Pelo contrário, apresenta evidências históricas e filosóficas que sustentam sua validade, como os registros da ressurreição de Cristo e os argumentos cosmológicos para a existência de Deus.
Conclusão
O agnosticismo se apresenta como uma posição "neutra" e intelectual, mas, ao ser analisado criticamente, mostra-se auto-refutável e impraticável. Ele se contradiz ao afirmar que nada pode ser conhecido, ao mesmo tempo em que se baseia em conhecimentos históricos e científicos para rejeitar o Cristianismo.
A verdade é que ninguém vive como um verdadeiro agnóstico. O ser humano precisa tomar decisões e agir no mundo com base em crenças. Assim, a melhor postura não é a evasão intelectual do agnosticismo, mas o exame sério das evidências disponíveis sobre Deus, a moral e a realidade.
A fé cristã não apenas resiste ao escrutínio lógico, mas se revela a única cosmovisão que responde coerentemente às questões fundamentais da vida. Como disse Jesus em João 8:32: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."
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