sábado, 20 de dezembro de 2025

Os Inimigos da Bíblia


Parte 4 “Acuse‑os do que você faz, xingue‑os do que você é”

Por Walson Sales 

A frase que dá título a este artigo — “Acuse‑os do que você faz, xingue‑os do que você é” — resume com precisão a estratégia dos críticos contemporâneos da fé cristã. Militantes como Sam Harris, Richard Dawkins e Christopher Hitchens (este já falecido) aplicam-na reiteradamente ao acusar a Bíblia e suas instituições de crimes que, na verdade, são cometidos por regimes laicos, totalitários e ateus.

Enquanto projetam a imagem de que a religião promove o mal, ignoram ou negam o legado de violência e genocídio imposto pelos regimes seculares do século XX. Neste artigo, expomos essa acusação invertida com contundência, revelando as falsas acusações e evidenciando os verdadeiros responsáveis pelos maiores horrores da história moderna.

1. A Religião como Inimiga da Paz: Uma Alegação Repetida

Militantes antirreligiosos sustentam que a fé é a origem da violência humana: Inquisição, caça às bruxas, e guerras ditas sagradas são frequentemente citadas. No entanto, conforme Hutchinson destaca, tais exemplos são inerentemente distorcidos. A Inquisição Espanhola, por exemplo, que durou cerca de 350 anos, executou entre 3.000 e 5.000 pessoas¹, não dezenas de milhares afirmados por retórica acrítica (\[roberthutchinson.com]\[1]). Já as bruxas perseguidas — segundo estimativa de Davies — foram cerca de 50 000 ao longo de quatro séculos.

É preciso ressaltar que os cristãos que praticaram perseguições e execuções por questões de heresia ou dissidência não estavam agindo com base nos ensinamentos centrais do cristianismo bíblico, muito menos dos evangelhos, que ensinam a amar os inimigos e a bendizer os que nos maldizem (cf. Mt 5:44). Tais ações representam interpretações pessoais, equivocadas e politicamente motivadas da tradição cristã, e não sua essência doutrinária ou moral.

Esses números, embora lamentáveis, são ínfimos comparados aos regimes secularistas do século XX.

2. Regimes Ateístas e Genocídios em Escala Militar

A investigação do cientista político Rudolph Rummel, professor da Universidade do Havaí, revelou que governos ateus conduziram a forma mais extensa de assassinatos institucionalizados na história — o que ele define como democídio — atingindo cerca de 148 milhões de vítimas entre 1917 e 1987([en.wikipedia.org][2]). Segundo valores ajustados:

URSS: \~ 61 milhões

China comunista: \~ 35 milhões (ajustado até 77 milhões incluindo Fome)([en.wikipedia.org][2])

Alemanha nazista: \~ 21 milhões

Camboja de Pol Pot: \~ 2 milhões

Outros regimes: Vietnã, Iugoslávia, Polônia, Turquia, México, entre outros([roberthutchinson.com][1])

Total aproximado: 170 milhões apenas entre regimes comunistas, socialistas e fascistas.

Para Rummel, esses números indicam que “o governo foi o mal mais fatal do século XX”([roberthutchinson.com][1]). Esse genocídio institucionalizado não ocorreu em nome de Deus, mas do Estado; não para purificar a religião, mas para extinguir todas as crenças.

3. A Projeção Invertida do Ativismo Ateísta

Harris e Dawkins tentam isentar o ateísmo dessas violações. Dawkins admite que regimes comunistas foram “ateus dogmáticos” e autores de genocídios, mas insiste que não foi “em nome do ateísmo”([raymondibrahim.com][3], [roberthutchinson.com][1]). Esta afirmação é insustentável: milhares foram assassinados precisamente por professarem a fé religiosa — em prisões, gulags, execuções em massa. Isso não é desvio: é genocídio ateísta explícito.

Christopher Hitchens, em Deus não é grande, ainda tenta redirecionar a culpa aos cristãos, alegando que poderiam ter parado Hitler ou Stalin. Ignora, com isso, que foram cristãos — como Bonhoeffer e muitos padres — que resistiram e foram mortos por isso. Ignora também que igrejas não eram forças instituídas, mas vítimas desses regimes.

4. A Discrepância Estatística Clarificadora

D’Souza é enfático: mesmo ajustando-se pelas diferenças populacionais, apenas 1% das mortes atribuídas à religião (Cruzadas, Inquisição, bruxaria) se comparam aos números causados por regimes ateus em poucas décadas.

A discrepância estatística é tão gritante que desmonta completamente a narrativa popular segundo a qual a religião seria a maior causadora de guerras e mortes. Dinesh D'Souza argumenta com clareza e precisão histórica:

“A matança inspirada pela religião simplesmente não pode competir com os assassinatos cometidos por regimes ateístas. Reconheço que os níveis populacionais eram muito mais baixos no passado e que é muito mais fácil matar pessoas, hoje, com armas sofisticadas, do que era nos séculos passados, com espadas e flechas. Mesmo levando em conta os maiores níveis populacionais, a violência ateísta supera a violência religiosa em termos incríveis de proporção. Aqui está um cálculo aproximado. A população mundial, que era de aproximadamente quinhentos milhões em 1450 d.C., tornou-se cinco vezes maior em 1950, chegando a 2,5 bilhões. Somadas, as Cruzadas, a Inquisição e a queima de bruxas mataram aproximadamente duzentas mil pessoas. Ajustando esse número ao aumento da população, temos, hoje, o equivalente a um milhão de mortes. Mesmo assim, essas mortes causadas por governantes cristãos ao longo de um período de quinhentos anos correspondem apenas a 1% das mortes causadas por Stalin, Hitler e Mao no espaço de algumas décadas.”¹

Essa comparação não visa relativizar erros cometidos em nome da religião — que, em muitos casos, foram desvios conscientes dos princípios bíblicos —, mas sim estabelecer uma perspectiva honesta dos fatos históricos. Os regimes ateus do século XX não mataram apenas mais — mataram sistematicamente, com aparato estatal, com planejamento ideológico e com total desprezo pelo valor intrínseco da vida humana.

Enquanto os evangelhos pregam o amor ao próximo e a dignidade de cada ser humano como imagem de Deus, os regimes ateus institucionalizaram o desprezo à transcendência e substituíram o conceito de pecado por dissidência política, cuja punição era o fuzilamento ou o campo de trabalho forçado. A cosmovisão ateísta, ao rejeitar fundamentos morais objetivos e a prestação de contas a um Deus santo, abriu caminho para a barbárie planejada e justificada pelo Estado.

Geisler e Turek demonstram em Não tenho fé suficiente para ser ateu que o Cristianismo promoveu a dignidade, hospitalidade, hospitalidade e os direitos humanos — elementos fundamentais da civilização ocidental. Rodney Stark, em O Triunfo da Razão, expõe a fé cristã como raiz de universidades, hospitais, ciência e liberdade individual. Por contraste, o ateísmo estatal implantou tortura, fome, prisões e genocídio. Inclusive, desafio qualquer um a mostrar na história, o advento de um hospital ou orfanato ateu. Isso não existe!

5. O Legado Heroico da Resistência Cristã

Enquanto a máquina de governo exterminava aqueles que acreditavam, muitos homens e mulheres de fé ergueram-se contra isso. Desde padres que enterravam vítimas clandestinamente até comunidades inteiras que escondiam crentes, a resistência cristã viveu — e muitos foram mártires.

Esse legado evidencia que o Cristianismo não é um obstáculo moral ou social, mas a base que muitos buscaram quando Era preciso agir com amor, justiça e coragem contra o totalitarismo secular.

Conclusão

A frase “Acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é” nunca foi tão apropriada. Os críticos contemporâneos do Cristianismo projetam nele ações que foram executadas sistematicamente por regimes seculares.

Não apenas apelam ao revisionismo histórico, mas buscam turbinar o secularismo como utopia moral. No entanto, os números — seja da Inquisição, seja dos regimes comunistas — não mentem. O genocídio planejado e institucionalizado dos regimes ateus do século XX representa o ápice do horror humano — enquanto o Cristianismo, apesar de alguns líderes falhos, que se afastaram dos valores cristãos, foi a força motora da compaixão, progresso e liberdade.

Essa confrontação histórica não é apenas intelectual: é moral. Exigir que o Cristianismo pague pelos crimes do ateísmo institucional é invertê-los conscientemente. A apologética cristã permanece firme: a fé é testemunho de amor, liberdade e dignidade — não projeto de morte.

Bibliografia utilizada e sugerida

D’SOUZA, Dinesh. A verdade sobre o Cristianismo: Por que a religião criada por Jesus é moderna, fascinante e inquestionável. Tradução Valéria Lamim Delgado Fernandes. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2008.

GEISLER, Norman. Enciclopédia de apologética. São Paulo: Vida, 2002.

GEISLER, Norman; TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. São Paulo: Vida, 2008.

HITCHENS, Peter. The Rage Against God: how atheism led me to faith. Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 2010.

HUTCHINSON, Robert J. Uma história politicamente incorreta da Bíblia. Tradução Fabíola Moura. Rio de Janeiro: Agir, 2012.

KENNEDY, D. James; NEWCOMBE, Jerry. E se Jesus não tivesse nascido? Tradução James Monteiro dos Reis; Maura Nasseti. São Paulo: Editora Vida, 2003.

RUMMEL, R. J. “Power Kills” & Lethal Politics: Soviet Genocide and Mass Murder since 1917. Dados estatísticos sobre democídio e regimes totalitários.

STARK, Rodney. A Vitória da Razão: Como o Cristianismo Levou à Liberdade, ao Capitalismo e ao Sucesso do Ocidente. São Paulo: LVM Editora, 2004

[1]: https://roberthutchinson.com/atheist-crusaders-misrepresent-both-history-and-science-in-their-denunciations-of-the-bible/?utm_source=chatgpt.com "Atheist Crusaders Misrepresent Both History and Science in their Denunciations of the Bible - Robert J. Hutchinson"

[2]: https://en.wikipedia.org/wiki/Democide?utm_source=chatgpt.com "Democide"

[3]:https://www.raymondibrahim.com/2013/04/24/the-forgotten-genocide-why-it-matters-today/?utm_source=chatgpt.com "The Forgotten Genocide: Why It Matters Today"

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