Apenas Acusações Infundadas, Desinformações e Fake News
Por Walson Sales
A religião cristã, especialmente em sua expressão bíblica, tem sido alvo de um ataque sistemático promovido por intelectuais, jornalistas, acadêmicos e ativistas que militam no campo do chamado “secularismo fundamentalista”. O que se vê hoje não é apenas um ceticismo saudável ou um questionamento construtivo, mas uma cruzada ideológica — com requintes de intolerância — contra a fé cristã, sua moral e sua influência cultural.
Neste artigo, analisaremos os argumentos de figuras como Robert Reich, Richard Dawkins, Sam Harris, Timothy Shortell, entre outros, desnudando a fragilidade lógica de suas acusações contra o Cristianismo. Em resposta, apresentaremos uma defesa apologética robusta baseada em autores como Norman Geisler, Frank Turek, Dinesh D'Souza, D. James Kennedy e Rodney Stark. Mostraremos que os ataques ao Cristianismo são carregados de preconceitos ideológicos, desinformação histórica e uma negação das evidências que sustentam a contribuição civilizacional da fé cristã.
1. O Fundamentalismo Secular: Uma Nova Intolerância Religiosa
O termo “fundamentalismo secular” designa a atitude de grupos que, em nome da razão, ciência e progresso, atacam com violência retórica (e às vezes institucional) toda e qualquer expressão de fé religiosa, especialmente o Cristianismo. A ironia é que essa postura não difere em nada daquilo que eles acusam nos crentes: dogmatismo, intolerância, irracionalidade e autoritarismo.
Robert Reich, ex-secretário do trabalho dos EUA, declara que a fé religiosa constitui o maior perigo do século XXI. Sua crítica, todavia, revela um preconceito sociológico mais do que um argumento racional. A crença religiosa, segundo ele, seria uma forma de obediência cega e obstáculo à modernidade. No entanto, como Dinesh D’Souza responde em A Verdade sobre o Cristianismo, a religião não é inimiga da modernidade; ela, na verdade, moldou as bases que tornaram a modernidade possível — o conceito de pessoa, os direitos humanos, a dignidade intrínseca do ser humano, a ciência moderna e a liberdade.
Reich ignora que a esmagadora maioria da população mundial declara alguma fé religiosa — mais de 5,8 bilhões de pessoas. Assim, quem sustenta que a religião é um “mal” a ser eliminado assume, logicamente, que mais de 80% da humanidade é uma ameaça, o que é, por si só, um delírio autoritário.
2. O Argumento da Religião como Fonte de Violência: Uma Falsa Correlação
Timothy Shortell, professor do Brooklyn College, vincula diretamente fé religiosa a comportamentos violentos. Segundo ele, "toda fé é obsessiva", “todas as religiões fomentam guerra santa” e seus adeptos são "retardados morais".
Trata-se de um espantalho filosófico: atacar uma caricatura da religião como se fosse o próprio Cristianismo. Em resposta, a *Enciclopédia de Apologética* de Norman Geisler nos ensina que grande parte das guerras que marcaram a história da humanidade, inclusive os genocídios do século XX (como o nazismo, o comunismo soviético e o maoísmo), foram causados por regimes antirreligiosos ou abertamente ateus. A tese de que a religião causa guerras falha estatisticamente: menos de 7% dos conflitos têm motivação religiosa.
Além disso, o Cristianismo bíblico ensina o amor ao próximo, o perdão e a reconciliação (Mateus 5:44; Romanos 12:18). Acusar os cristãos de promoverem a violência como princípio religioso é um erro histórico e teológico. A Bíblia condena a violência motivada por ódio ou interesse político, inclusive dentro de sua própria história narrativa.
3. A Farsa da Equivalência Moral: Madre Teresa = Bin Laden?
Outra estratégia retórica dos inimigos da fé é a generalização indevida. A crítica que iguala Madre Teresa de Calcutá a Osama Bin Laden — como fazem Andrew Sullivan e Sam Harris — é intelectualmente desonesta e eticamente ofensiva.
Essa equivalência moral é um tipo de non sequitur: a conclusão não decorre logicamente das premissas. O fato de alguém cometer atos violentos em nome da religião não significa que toda religião leva à violência. Sam Harris, em Carta a uma Nação Cristã, propõe que o simples fato de alguém se opor a pesquisas com embriões humanos já o torna eticamente comparável a um extremista terrorista. Ora, isso não é ciência, nem filosofia — é propaganda.
Kennedy e Newcombe, em E se Jesus não tivesse nascido?, mostram que as maiores contribuições à caridade, aos hospitais, universidades, abolição da escravidão e proteção à dignidade humana vieram do Cristianismo. A equivalência entre cristãos e terroristas islâmicos ignora essas contribuições fundamentais.
4. A Redução da Religião à Moral Sexual: Um Ataque Previsível
Segundo os fundamentalistas seculares, o problema real da religião não é a irracionalidade, mas sua moral sexual restritiva. O libertino Marquês de Sade, citado por Hutchinson, defendia a abolição de qualquer limitação moral sobre o sexo. Dawkins e Harris seguem essa linha ao classificar os cristãos como “atrasados” por sustentarem valores morais tradicionais.
Mas o argumento contra a moral cristã parte de uma base hedonista: o prazer como bem supremo. O problema é que o hedonismo não fornece base objetiva para qualquer moralidade. Se não há Deus, qualquer comportamento é justificável desde que desejado. Como disse Dostoiévski: “Se Deus não existe, tudo é permitido”.
A moral cristã não é repressiva: é protetiva. Ela resguarda a dignidade humana, a fidelidade, o cuidado com o corpo e o respeito mútuo. A banalização do sexo, incentivada pelo secularismo, está ligada ao aumento da promiscuidade, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez precoce e degradação da família — dados confirmados por estudos sociológicos de Rodney Stark em A Vitória da Razão.
5. Ciência Versus Fé? Um Falso Dilema
Dawkins e Harris opõem ciência e fé como se fossem mutuamente excludentes. Esse é um dos maiores mitos do novo ateísmo. Em I Don't Have Enough Faith to Be an Atheist, Geisler e Turek demonstram que os fundadores da ciência moderna — Newton, Kepler, Boyle, Pascal — eram cristãos convictos. Eles não viam a fé como obstáculo à ciência, mas como sua base.
O argumento de que “a fé é inimiga da razão” é, ele mesmo, irracional. A fé cristã é uma resposta racional a evidências históricas, filosóficas e científicas. A própria Bíblia diz: “Sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1 Pedro 3:15). O Cristianismo é racional porque corresponde à realidade — e não porque evita o debate.
6. O Projeto Totalitário do Ateísmo Militante
A proposta de Sam Harris de banir a religião da esfera pública e eliminar a tolerância é, paradoxalmente, o ápice da intolerância. O discurso do “mundo livre de religião” ressoa como os regimes totalitários do século XX. Como Peter Hitchens afirma em The Rage Against God, foi justamente o ateísmo institucionalizado que produziu os maiores horrores da história (tema do próximo artigo da série).
Os apologistas cristãos estão certos em afirmar que o Cristianismo verdadeiro promove liberdade e responsabilidade moral. É ele que garante o valor da consciência individual, o direito de crer e o dever de amar. O Estado laico moderno só é possível porque foi criado por uma cultura que absorveu profundamente os princípios judaico-cristãos.
Conclusão: A Vitória da Verdade Sobre a Ideologia
As acusações contra o Cristianismo, conforme apresentadas pelos “fundamentalistas seculares”, carecem de coerência lógica, base factual e honestidade intelectual. São ataques ideológicos disfarçados de crítica racional. O que está em jogo não é apenas uma discordância, mas uma tentativa explícita de apagar o Cristianismo da memória e da cultura ocidental.
Contudo, como já provado por estudiosos e confirmado pela história, a fé cristã continua sendo a maior força civilizatória, moral e intelectual do mundo. Ela não deve ser escondida, mas proclamada com coragem, razão e mansidão.
A Bíblia é, sim, alvo de muitos ataques. Mas ela permanece. Como disse Jesus: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mateus 24:35).
Bibliografia utilizada e sugerida:
D’SOUZA, Dinesh. A verdade sobre o Cristianismo: Por que a religião criada por Jesus é moderna, fascinante e inquestionável. Tradução Valéria Lamim Delgado Fernandes. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2008.
GEISLER, Norman L. Enciclopédia de Apologética. São Paulo: Hagnos, 2002.
GEISLER, Norman; TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. São Paulo: Vida, 2008.
HITCHENS, Peter. The Rage Against God: how atheism led me to faith. Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 2010.
HUTCHINSON, Robert J. Uma história politicamente incorreta da Bíblia. Tradução Fabíola Moura. Rio de Janeiro: Agir, 2012.
KENNEDY, D. James; NEWCOMBE, Jerry. E se Jesus não tivesse nascido?. Tradução James Monteiro dos Reis; Maura Nasseti. São Paulo: Editora Vida, 2003.
STARK, Rodney. A Vitória da Razão: Como o Cristianismo Criou a Liberdade, o Capitalismo e o Sucesso do Ocidente. São Paulo: Record, 2007.

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